Aconteceu, nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2024, o 16° campeonato mundial JKA , na linda cidade de Takasaki, Japão.
Após longos 7 anos de espera, o tão aguardado campeonato mundial finalmente foi realizado.Foram 3 dias de disputas intensas entre cerca de 1.500 atletas de quase 60 países.
Na sexta-feira, as categorias infanto-juvenis.
Foi incrível ver o nível altíssimo das futuras estrelas do karate mundial em ação na belíssima arena Takasaki. Aconteciam disputas eletrizantes de forma simultânea nas 8 áreas de luta (kotos)
E foi justamente na sexta-feira que, pela primeira vez na história, o Brasil conquistou a medalha de ouro!
O atleta Arthur Nogueira, karateca da academia Machida, aluno dos professores André Sampaio e Victor Rocha, foi campeão mundial na categoria de kumite 16 a 18 anos. Ele teve que superar 6 adversários na sua longa caminhada rumo ao sonhado título. Eram 91 atletas do mundo inteiro em busca do título, que ficou com o Brasil pela primeira vez na história!!
Outro aluno da academia Machida (APAM - PA), Leonardo Brito, foi vice-campeão mundial de kumite individual no kumite 14 anos fechando o dia de forma espetacular!
Todos os atletas do Brasil deram seu máximo e vários perderam uma rodada antes da.zona de medalhas. Foi a melhor participação infanto-juvenil de todos os tempos.
Eles foram a inspiração para o sábado, dia das disputas do máster (categoria que estreava nos mundiais JKA) e do adulto.
No máster, Hermes Carvalho representou o Brasil e a Bahia de forma incrível, levando a medalha de bronze no kata, categoria 60 a 64 anos.
Foi a primeira medalha de kata da história do Brasil em mundiais!
O carioca Roberto Pestana, sensei do Pestana Karate Clube (PKC), marcou seu nome na história ao ser o primeiro (e único) atleta brasileiro a conquistar medalhas em kata e kumite, consagrando-se vice-campeão mundial nas duas categorias, na divisão 55 a 59 anos.
Seu sochin, na final de kata, fez o ginásio explodir em aplausos e deixou a impressão que ele merecia mais do que a prata.
Seu kumite impressionou pela velocidade e precisão, comparáveis aos atletas adultos...
Citarei várias vezes nesse texto "primeira vez na história". Sei que pode parecer repetitivo e cansativo, mas o fato é que foram tantos recordes e marcas históricas, que tenho que citar todas.
O Brasil terminou as categorias de base, e máster, com 5 medalhas - de longe a melhor participação da história dos mundiais - o recorde anterior era de 3 medalhas (uma prata e dois bornzes), conquistadas no mundial de 2006, na Austrália.
Mas nós queríamos mais....
Classificamos 3 modalidas para as finais, no domingo - kata por equipes feminino, kumite por equipes masculino, e kata individual feminino (Manuela Spessatto)
No kata individual, Manuela repetiu o feito incrível de 10 atrás, quando ficou em 5° lugar na modalidade, atrás apenas das sempre imbatíveis japonesas. Agora, exatos 10 anos depois, ela conquista mais uma vez o 5° lugar, em uma prova de sua longevidade, categoria e precisão. Realmente, a maior campeã de kata individual da história do Brasil e das Américas, é infalível!
No kata por equipes...
Show é a melhor palavra para definir o que as meninas da Bahia fizeram no tablado central, o koto que todos os atletas sonham em pisar.
Após se classificarem em segundo lugar, com o lindo kata Nijushiho, elas fizeram um Gojushiho sho espetacular. E, pela primeira vez na história, conquistaram uma medalha de kata para o Brasil, na categoria principal (adulto). Terminaram a final em terceiro lugar, levando o bronze.
Daniela Baldini, voltando à seleção brasileira JKA após mais de 15 anos; Jéssica Araújo, estreante em mundiais; e Letícia Bastos, a multi-campeã.
As meninas emocionaram o publico com sua apresentação!
O final ainda reservaria muitas emoções...
Ainda no sábado, a equipe masculina da kumite teve muito trabalho para passar pelos Estados Unidos, lutando embaixo da torcida adversária. Sob pressão, a renovada equipe não se abalou. Victor Rocha abriu a disputa vencendo por 2 x 0, e abriu o caminho para a a vitória.
Na rodada seguinte, os brasileiros passariam com mais tranquilidade pela perigosa equipe do Canadá.
No domingo, o Brasil perdeu Victor, que, com uma lesão no ombro, não poderi mais lutar.
Sem se abalar, a equipe acionou Raul Rocha, de São Paulo, para abrir a semifinal contra os poderosos japoneses.
Os donos da casa tiveram trabalho, mas venceram o Brasil por 3 x 0, classificando-se para a final.
Do outro lado da chave, Argentina e Chile fizeram um combate acirrado, com vitória do Chile na luta de desempate (sai shiai).
Rodrigo Rojas, campeão mundial individual no último mundial (2017), venceu o argentino Mathias Sanchez e levou o Chile à final pela primeira vez.
Aliás, foi a primeira vez que 3 equipes da América do Sul se classificaram para as finais de kumite por equipes...
Na disputa do bronze, o maior clássico das Américas: Brasil e Argentina.
Nervos à flor da pele para o confronto...
Liderados pelo capitão, o experiente Diego Andrade, os brasileiros abriram 1 x 0. Raul Rocha foi o segundo a lutar, e venceu, mostrando que apesar de ser o mais jovem da equipe, não sentiu a pressão.
Fernando Macedo entrou no lugar de Matheus Cirilo, que havia lutado todas as disputas até então.
Foi avisado pelos técnicos que iria entrar, para atrapalhar a estratégia dos argentinos, surprendendo-os. O experiente mineiro fez sua luta de estreia em mundiais na situação mais difícil possível. Em uma verdadeira batalha, ele empatou com o perigosíssimo argentino.
João Lima, atleta que faz parte da seleção brasileira JKA desde os 11 amos de idade, venceu a quarta luta, selando a vitória do Brasil.
Peterson Lozinski entrou para fechar, com a disputa já decidida. Empatou, e saiu para comemorar com seus companheiros de equipe.
O Brasil conquistava a medalha de bronze!
Diego Andrade, o capitão, tornava-se assim o único brasileiro a conquistar medelhas lutando em diferentes mundiais da JKA (Tailândia 2011 e Japão 2024)
Na grande final, o Chile levou a disputa empatada com o Japão até a última luta (1 vitória e 1 empate para cada lado). Na 5° luta, o japonês venceu por 2x1, e deu o título, mais uma vez, à terra do sol nascente.
No saldo final, o Brasil conquistou, em um único mundial, a mesma quantidade de medalhas que conquistara em toda a sua história : 7 (1 ouro, 3 pratas e 3 bronzes).
Fica aqui registrado o profundo agradecimento em nome da JKA do Brasil ao nosso mestre Yoshizo Machida, que formou uma comissão tecndos sonhos, e que é o grande responsável pela qualidade técnica do karate brasileiro;
Aos membroa da diretoria executiva, na figura do dr. Roberto Tanaka, e dos srs. Justo Fujita e Renato Kurihara, que, incansáveis, organizaram um grupo que contava com 110 atletas e mais de 150 pessoas no total; aos pais dos alunos infantojuvenis, que se esforçaram de forma ímpar para trazerem seus filhos ao campeonato, e ajudaram em todos os momentos; aos árbitros do Brasil - Alfredo Aires e Roberto Batista (classe A), e André Reis (classe B), que encheram os brasileiros de orgulho ao arbitrarem de forma justa e competente. Destaque para o sensei Alfredo, que fez parte do corpo de arbitragem da final de kata individual feminino.
e por fim aos técnicos...
Foi a primeira vez que um corpo técnico foi formado antes de um mundial.
O técnico principal foi Fábio Simões, auxiliado por Jayme Sandall, Roberto Pestana, Wagner Pereira, André Sampaio, Rodrigo Arita, Paulo Pestana, Lauro Fernandes e Mário Kanashiro.
Esse corpo técnico trabalhou incansavelmente para que os atletas tivesses TODAS as condições para competirem no seu melhor nível.
Desde o treinamento realizado na USP, passando pelos dias de treinamento em Takasaki, e culminando com o trabalho exaustivo de ficarem no ginásio por 3 dias, sem saírem para comer ou descansar, os técnicos se entregaram 100 % à tarefa de fazerem os atletas atingirem os melhores resultados possíveis.
O saldo final de tanto trabalho foi o maior número de medalhas da história da JKA do Brasil...
Que venham os próximos desafios, que venha o pan-americano do México!
A seleção brasileira estará pronta para representar o nosso país mais uma vez.
Oss!!