sábado, 16 de novembro de 2019

Karate pula-pula


Vi esse termo pela primeira vez há uns 14 anos, em um site de bate-papo sobre karate. Depois disso, vi o termo "pula-pula" ser repetido inúmeras vezes. Sempre se referindo aos atletas da WKF (antiga WUKO), e sempre de forma pejorativa.

O termo, na verdade, faz referência ao fato dos atletas que competem nessa federação - a maior organização de karate do planeta - , em sua maioria, se movimentarem muito, e darem pulinhos em suas fintas.
Como escrevi antes, é um termo que tenta diminuir, sacanear os atletas que lutam dessa forma. Na verdade, é um termo bem maldoso para definir toda a instituição.

"O karate pula-pula não presta"
Já ouvi muito isso também...

Eu sou do karate Tradicional. É a minha origem. Depois, conheci e comecei a competir pela JKA.
Na JKA, tive a oportunidade de lutar com diversos atletas da WKF e de outras organizações (JKS, Interestilos...)
Depois de mais de 15 anos competindo a nível nacional e internacional (meu primeiro Sulamericano pela Seleção Brasileira foi em 2002), e de ter tido a experiência de lutar nos Jogos Regionais da WKF (SP, 2010), posso dar uma opinião bem fundamentada sobre os "pula-pula".

Na verdade, quem usa esse termo deve desconhecer a qualidade dos lutadores da WKF.
Se conhecessem lutadores como Didi, Pré, Célio René, Caio D'Elia, Ciça Maia, Alexander Piamonti, e Rafael Aghayev (na foto acima), entre inúmeros outros, jamais falaria de forma pejorativa. Afinal, como falar que qualquer um desses é um lutador fraco?
Como falar que a forma que esses fantásticos lutadores se movimentam é ruim?
Na minha opinião, qualquer um desses citados acima poderia facilmente me vencer em uma competição. E não apenas por pontos, mas na pancada mesmo. A única exceção seria a Ciça, apenas porque não lutaríamos na mesma categoria.

Há de se ter respeito pelos atletas de outras entidades. Chamar de pula-pula sem jamais ter entrado em um koto para lutar contra esses atletas, é, no mímino, estranho.

A movimentação pode ser de diferentes formas. Há lutadores que se movimentam menos, outros mais. Mas o que importa é a efetividade de seus golpes. E isso muitos atletas da WKF têm de sobra.

Criticar a regra, tudo bem. Mas falar de forma pejorativa sobre milhares de atletas, é, para dizer o mínimo, falta de conhecimento.

Tenho minhas reservas em relação às regras. Mas esse é o ponto positivo de termos diferentes organizações com diferentes regras: podemos escolher aquela onde nos encaixamos melhor e onde consideramos mais interessante.

Já enfrentei adversários pesados, que lutavam parados; já tive que encarar outros que se mexiam um pouco, e depois paravam, tentando me confundir; e já lutei contra outros que se mexiam sem parar, pulando e me obrigando a recalcular a distância a cada segundo.
Já ganhei, já perdi. E percebi que cada um tem suas qualidades e seus defeitos, e que a força da pancada não tem a ver com a movimentação, e sim com a técnica da aplicação do golpe.

Há que se ter respeito, sempre.

OSS!