Segue abaixo um texto que encontrei na Internet, escrito pelo sensei Laerte, um dos heróis brasileiros que chegaram à semi-final do campeonato mundial JKA do Egito, realizado em 1983.
“Fui um dos integrantes da equipe que ficou em 4º. no Mundial do Egito em 83.
Para registro histórico, diga-se:
1. Na época, a Confederação de Pugilismo dava pouco apoio ao karatê, um simples departamento na CBP;
2. Destinaram verba apenas para 4 atletas, sendo 2 de São Paulo e 2 do Rio;
3. Fui designado como delegado. Eu era presidente da Federação Paulista de Karatê e foi esta entidade que pagou minha passagem. Por via das dúvidas, levei meu kimono, mesmo sabendo que nem estávamos inscritos como equipe, pois a orientação dos professores é de que os atletas participassem apenas nos individuais 'para ganhar experiência';
4. Os atletas convocados, Ronaldo Carlos, Ugo Arrigoni, Johannes Freiberg e Robson Maciel tinham nível mais que suficiente para um mundial. Mas eram apenas esse 4 e não levamos árbitro (isso é importante), nem médico, nem técnico;
5. Lá, consegui inscrever o Brasil nas competições por equipe, por influência do Prof. Nishiyama. E decidi participar, apesar de não estar em minha melhor forma, pois era presidente da FPK e já não treinava com o mesmo afinco de quando era competidor. Mesmo já tendo vencido o Robson e o Johannes em competições oficiais algum tempo antes, eu, sem dúvida, era o menos preparado dos 5 para uma competição daquele nível;
6. Só perdemos para a equipe do Japão, considerado o 'dream team' do karatê na época;
7. Não disputamos a 3ª. colocação com o Egito, pois Johannes, Ronaldo e Ugo estavam feridos nas provas por equipe (contra Inglaterra e Japão) e também nas provas individuais. Ugo lutou contra o Japão já ferido e feriu-se ainda mais (costelas partidas);
8. Tivéssemos mais atletas e uma equipe completa, sem dúvida poderíamos ter voltado com a 3ª. colocação, pois, como eu disse, vencer a equipe japonesa naquela época era quase impensável. Mas não sei qual teria sido o resultado contra o Japão caso estivessem presentes atletas como Ricardo Delia, Enio Vezulli, Flavio Costa, Caribé, Jacaré e tantos outros que aqui ficaram.
9. Pelas circunstâncias, a quarta colocação foi um grande feito, pois nada se esperava do grupo, muito menos a participação em equipe.
10. Só para constar, das lutas que fiz perdi para o Mori e um atleta inglês que não recordo o nome, tendo vencido o campeão canadense na luta de abertura. Mas, na equipe inglesa, todos eram campeões nacionais ou europeus. Fortíssima equipe que, se tivesse passado por nós, daria trabalho para o japoneses, assim como a equipe alemã deu na final;
11. Acredito que mesmo com os melhores atletas, seria difícil superar os japoneses, até porque os árbitros só viam os golpes deles e não apenas contra o Brasil.”
Esse relato é um pedaço importante da história do karatê brasileiro e mundial. Tentarei, dentro do possível, colecionar e publicar histórias como essa no blog, sempre na página principal, e depois migrando para a página “karatê histórico”.
Peço àqueles que conheçam histórias desses personagens da época de ouro do karatê brasileiro que entrem em contato através do blog ou do email: jaymesandall@ig.com.br
OSS!
domingo, 24 de abril de 2011
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Um comentário:
O Brennan da Ingletrra me disse, pessoalmente que estava engasgado a vida todo por essa derrota para o Brasil.
Bons tempos aqueles.Uma pena é que até hoje, o dominio japones continua sendo suspeito, tanto nas lutas quanto nos bastidores.
Aqui no Brasil entao nem se fala.
Admiro o Tradicional daqui, que colocou pra correr o pior japones que ja pisou na terra Tupiniquim.
Merecem meus cumprimentos.
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