O pódio do fuku-go feminino, com Walkyria Fernandes em terceiro lugar
A equipe vice-campeã
Aconteceu, nesse final de semana, o XVI Campeonato Mundial de Karate Tradicional (ITKF), na cidade de Lodz, Polônia.
A Polônia é, atualmente, uma potência no karate Tradicional. As arquibancadas cheias do imenso ginásio Atlas Arena estavam repletas de torcedores fervorosos que se divertiam enquanto instigavam os atletas de seu país nas várias disputas que aconteciam simultaneamente.
Impressionante a infra-estrutura do evento, com quatro imensos telões que passavam as disputas principais - com direito a narrador polonês - em uma transmissão ao vivo para a tv polonesa.
O nível dos atletas era bem alto, e países como Brasil, Itália, Polônia, Ucrânia, Lituânia, Romênia, Grã-Bretanha e Estados Unidos eram os protagonistas das principais disputas.
No feminino, destaque para a impressionante polonesa que ficou com o título de kata individual pela segunda vez (já fora campeã em 2008, na Lituânia), com um Gojushiho Dai que beirava a perfeição. Representando o Brasil na categoria, Adairce Castanhetti ficou com o quarto lugar e por muito pouco ficou de fora do pódio.
No fuku-go Walkyria Fernandes parou nas semi-finais, e perdeu no Kitei, ficando com o bronze. Na final, a italiana partiu para cima da polonesa - estrela da casa - e ficou com o título no hantei (decisão dos árbitros).
No kumite, mais pódio brasileiro, dessa vez com a jovem Jamilly Farias, que colocou o nome do Brasil em evidência ao conquistar bronze. Na final, duas polonesas disputaram o título, para delírio da barulhenta torcida.
O kata por equipes do Brasil, formado pelas mato-grossenses Nayara, Wildlayne e Laurianny conquistou outro bronze, enchendo mais um pouco os cofres da CBKT.
O enbu misto ficou de fora do pódio por um triz. Os campeões brasileiros e panamericanos Arlen Silva e Martinna Rey ficaram com o quarto lugar, e viram o tão cobiçado título ficar nas mãos dos italianos.
No masculino, pódio 100% europeu no kata individual. O polonês ficou com o ouro com Unsu, deixando o italiano que fez o mesmo kata com a prata. Jeferson Aragão foi o brasileiro mais bem colocado (sétimo lugar) entre os mais de cinquenta atletas do mundo inteiro.
No fuku-go, Jean Laure fez bonito ao vencer quatro rodadas (dois Kitei e duas lutas, uma delas com um belíssimo Ipon sobre o norte-americano atual vice-campeão panamericano), sendo parado por um atleta polonês na semi-final (Kitei). Mais um bronze...
O kata por equipes ficou de fora da final por um décimo, chegando na quinta colocação.
O enbu masculino foi mais longe, classificando-se entre os quatro melhores do mundo para a grande final. Infelizmente, na final a equipe brasileira foi superada por Romênia, Polônia e Itália, ficando em quarto lugar.
O kumite individual foi uma batalha impressionante. O nível das lutas era impressionante, com um verdadeiro show de ushiro geri e ura mawashi - golpes que não vemos com tanta frequência nas competições de karate Tradicional do Brasil e da Panamérica.
Buzzi venceu quatro lutas, passando por pedreiras como o vice-campeão da Copa Mundial, o canadense Todd Parker, e chegou à semi-final. Buzzi segue sendo o único brasileiro na História do karate Tradicional a conquistar medalha no kumite individual em mundiais (2002, 2004 e 2012). Do outro lado da chave, um pequeno polonês arrepiava, vencendo suas lutas, na maior parte das vezes, por ipon (ura mawashi, ushiro geri ou ashi barai). Poucas vezes vi um atleta tão bom, com golpes contundentes e reais, não apenas marcando pontos, mas aplicando o karate da forma mais efetiva: um indivíduo menor vencendo (às vezes literalmente arriando o oponente) outro maior. Essa é a essência do karate Tradicional.
Na outra ponta da chave, o veteraníssimo Cornel Mousassi (Romênia) chegou à semi contra outro polonês. Cornel não teve dificuldades em vencer, chegando mais uma vez à final do kumite individual, depois de 4 anos parado (não participou dos mundiais de 2008 e 2010)
Buzzi partiu para cima desde o início na sua semi. Fez um wazari e um jogai, pois o adversário rtecuava muito, claramente intimidado pelo brasileiro. O espírito de luta de Buzzi se sobrepujava à torcida, que gritava muito, incentivando o polonês.
Mas o baixinho não tinha chegado atér ali à tôa...
Ele conseguiu um wazari com gyako tsuki. Buzzi ainda vencia, por um jogai.
O talentoso polonês arrisou tudo e se deu bem: conseguiu acertar um ura mawashi e fez o seu segundo wazari.
A grande final foi no sistema Shobu Sanbon (melhor de três lutas), no mesmo molde das finais da JKA.
Cornel Mousassi foi muito inteligente, e segurou a luta até o momento certo. Quando o polonês tentou entrar com ushiro, o lituano encurtou a distância, jogando-o no chão e fazendo o mais belo ipon de toda a competição.
O kumite por equipes foi, como sempre, a categoria mais disputada. Os telões passavam todas as lutas, e a torcida ia à loucura. A Polônia tinha pela frente, nas quartas de final, os poderosos italianos. Venceram e chegaram embalados contra a Lituânia, passando por eles para chegar à grande final.
O Brasil, por sua vez, teve pela frente Macedônia, Grã-Bretanha e os excelentes ucranianos.
Jayme Sandall, Ricardo Buzzi, Vinícius Moreno e Cleverson Santi revezavam-se nas disputas, mantendo o bom nível. O Brasil chegou à final sem perder uma luta sequer.
Na hora da grande final, o ginásio parou para ver. A pressão era enorme dentro do Atlas Arena, mas os brasileiros não se intimidaram.
Depois de dois empates nas primeiras lutas, o polonês que ficara em terceiro lugar no individual entrou para decidir. Empurrado pela torcida de seu país, ele conseguiu um wazari, que garantiu o tão sonhado título de kumite por equipes.
Mérito total dos poloneses, sem nada de ruim a dizer dos brasileiros, que lutaram com o coração na ponta das luvas, como sempre.
O Brasil terminou com a prata, e mais uma vez deixou a certeza da qualidade de seu karate, da força de seus lutadores, do espírito de luta e postura inabaláveis dos nossos atletas.
OSS!!
RESULTADOS
Feminino
- Kata equipe: 1) Itália / 2) Polônia / 3) Brasil (Wildlayne Amarante, Nayara Amarante e Laurianny Sá)
- Kata individual: 1) Polônia / 2) Polônia / 3) Ucrânia
- Ko-go (luta combinada): 1) Itália / 2) Polônia / 3) Ucrânia - 3) Canadá
- Fuku-go: 1) Polônia / 2) Polônia / 3) Brasil (Walkyria Fernandes) - 3) Itália
- Kumite: 1) Polônia / 2) Polônia / 3) Brasil (Jamilly Farias) - 3) Itália
- Enbu misto: 1) Itália / 2) Polônia / 3) Ucrânia
Masculino
- Kata equipe: 1) Polônia / 2) Itália
- Kata individual: 1) Polônia / 2) Itália / 3) Polônia
- Fuku-go: 1) Polônia / 2) Polônia / 3) Brasil (Jean Laure) - 3) Grã-Bretanha
- Kumite: 1) Lituânia (Cornel Mousassi) / 2) Polônia / 3) Brasil (Ricardo Buzzi) - 3) Polônia
- Kumite por equipes: 1) Polônia / 2) Brasil (Ricardo Buzzi, Vinícius Moreno, Jayme Sandall e Cleverson Santi) / 3) Ucrânia - 3) Lituânia
2 comentários:
Rapaz! Mas que ano! Literalmente uma maratona! Parabéns a você e toda equipe por mais essa conquista. Ter disposição e força de vontade para participar de tantos eventos num espaço de tempo tão curto e, ainda por cima, conseguir resultados tão expressivos, realmente não é para qualquer um! Tem que ser campeão mesmo! Oss.
Grande Roni, muito obrigado pela força, foi um ano muito pesado mesmo, agora quero descansar... OSS!!
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