Nos dias 07 e 08 de
setembro, na cidade de Encarnación, Paraguai, foi realizado o VIII Campeonato
Sulamericano de Karate-dô JKA.
Nesse ano, 284 atletas
de 9 países se enfrentaram em busca dos títulos em jogo.
Apesar da distância e
dificuldade de chegar à pequena Encarnación (nos reunimos em Foz do Iguaçú
para, de lá, rodarmos seis horas de ônibus até a pequena cidade com pouco mais
de cem mil habitantes. De onde estávamos, podíamos avistar do outro lado do rio
a cidade de Posadas, na Argentina), esse foi um dos mais bem organizados
sulamericanos. Mérito total do sensei Larossa e de todos os paraguaios, que se
esforçaram para receber os atletas da melhor forma possível.
No dia 7 as categorias
infanto-juvenis. A garotada mais uma vez demonstrou que tem grande qualidade
técnica e controle emocional, principalmente nas disputas de kumite. Lutaram
como gente grande.
No dia 8, o adulto.
No feminino, mais uma
vez as brasileiras comprovaram que são a maior potência da América do Sul.
Manuela Spessatto venceu o kata individual pela quarta vez, com um Gojushiho
Sho que fica melhor a cada ano. Ela agora tem nada menos do que 10 títulos
sulamericanos no currículo. Aline Dotta ficou com a prata, com Gojushiho Daí.
No kata por equipes, perdemos por pouco para a Argentina, ficando com a prata.
No kumite por equipes, infelizmente perdemos na primeira rodada para as donas
da casa, que fizeram uma final emocionante contra as argentinas. Lideradas pela
excelente Jeannette Castañeda, as argentinas ficaram com o título.
Jeannette, que no
mundial de 2011 ficou entre as oito melhores do mundo, parecia imbatível,
vencendo suas lutas de forma rápida e convincente. O título no individual seria
questão de tempo...
...não fosse por uma
brasileira que teimou em se colocar no caminho da hermana. Hannah Aires fez uma
semi-final com cara de finalíssima contra a argentina. Venceu por 2 x 1 e fez a
torcida brasileira vibrar mais do que na final por equipes no ano passado. Na
final, ela atropelou a uruguaia e sagrou-se campeã sulamericana de kumite
individual.
No masculino, como
sempre um nível altíssimo e disputas de tirar o fôlego.
No kata individual,
Rogério Higashizima foi o único brasileiro que chegou ao pódio, ficando com o
bronze. Nas duas primeiras colocações, argentinos, que dominam essa categoria
desde a primeira edição do sulamericano, em 2002. Marcelo Monzón repetiu o
resultado de 2012, ficando com o ouro.
Por equipes, a
excelente equipe de Barueri, do sensei Ruy Koike, ficou com a prata por muito
pouco. A Argentina levou o título, com um Unsu muito bem executado.
No kumite individual,
Diego Andrade e César Cabral estavam em dias iluminados. De um lado, o baiano
despachava as pedreiras Marcelo Monzón (ARG) e Julio Silva (CHI), até parar em
Rodrigo Rojas (CHI), que estava muito bem. Diego machucou seriamente o pé em
sua terceira luta, contra Julio Silva, e lutou no sacrifício. Filho de quem é
(sensei José Carlos), Diego provou que é um samurai, e mesmo sem conseguir
sequer pisar no chão, fez a luta de quartas de final contra Rodrigo Rojas e não
só lutou bem, como chutou mawashi geri com o pé machucado. Vi poucas pessoas
com tamanho espírito de luta em minha vida.
Do outro lado, depois
de chegar entre os oito melhores, Cabral venceu o temido Gastón Gomez (ARG) por
2 x 0, e depois atropelou Oscar Arancibia (CHI) na semi. Carbral foi o segundo
brasileiro a chegar em uma final de kumite individual, depois de Jayme Sandall,
ano passado. Na final, ele encarou Rodrigo Rojas, que eliminou em seu caminho,
além de Diego e Jorge Rivas (semi-final), Jayme Sandall, na segunda rodada.
Essa luta teve dois desempates, para só no terceiro sai shiai ser vencida pelo
chileno.
Na grande final, com o
espírito fortalecido depois de ter sido nocauteado pelo argentino Rivas na
semi-final, e mesmo assim ter voltado e vencido o confronto, o chileno venceu o
brasileiro.
Mérito desse excelente
atleta, que atravessa grande fase. Parabéns ao nosso Cabral, que mais uma vez
coloca o Brasil no pódio do kumite individual masculino, depois de Roberto
Pestana (bronze em 2002), Fábio Simões (bronze em 2008 e 2009) e Jayme Sandall
(prata em 2012).
No kumite por equipes,
a rivalidade ntre os países chegou ao ponto máximo.
De um lado, a poderosa
equipe argentina enfrentou Uruguai, e depois Chile, numa disputa equilibrada.
Mas, com uma equipe muito forte e unida – e com o jovem Ramon Aguirre muito
inspirado -, a Argentina chegou à final.
Na outra chave, de cara
o Brasil pegou os donos da casa.
Com uma equipe
renovada, o Paraguai veio para cima com tudo. Diego Andrade saiu da equipe por
conta da séria lesão no pé (mesmo querendo lutar), e deu lugar a César Cabral,
que se juntou a Jayme Sandall, Fábio Simões, Wagner Pereira e Rafael Moreira na
equipe titular. Depois de lutas muito difíceis, a disputa chegou ao útlimo
confronto com 2 x 2 no placar. Rafael Moreira não decepcionou, e venceu por 2 x
1 em uma luta parelha. Na semi, passamos sem problemas pelo Peru por 5 x 0 com
direito a dois ipon.
Era hora da grande
final. Mais uma vez, as duas maiores potências da América do Sul se
enfrentariam na categoria mais importante, o kumite por equipes.
As arquibancadas
estavam lotadas, e todos os olhos estavam fixos nas duas equipes que estavam
perfiladas de lados opostos do koto. Dava para ouvir até a respiração dos
lutadores que estavam se enfrentando, tamanho era o silêncio na hora das lutas.
Dessa vez, o resultado
foi diferente do ano passado. Para euforia da torcida argentina, os hermanos
venceram pela pequena vantagem de 2 x 1, e ficaram com o título pela terceira
vez (2008, 2009 e 2013). Na equipe brasileira, destaque para Wagner Pereira,
que venceu Gastón Gomez por 2 x 0, e para Fábio Simões, que empatou, e segue
como o único lutador brasileiro a continuar sem derrotas lutando pela equipe do
Brasil. Já são 12 lutas, sem nem uma derrota.
O mais interessante,
entretanto, veio depois. Mesmo perdendo, a equipe brasileira foi o centro das
atenções. Era engraçado ver muita gente querendo tirar uma foto com a equipe brasileira,
e não com a argentina. Isso comprova as palavras do sensei Machida para a
equipe, depois da competição: “os argentinos só estavam querendo tirar pontos.
E vocês querendo lutar de verdade. Para mim, vocês foram os campeões”.
Esse foi nosso maior
prêmio.
Parabéns a todos os
atletas, que mais uma vez representaram o nosso país com honra.
OSS!
Nenhum comentário:
Postar um comentário