Lesões

O ano de 2013 terminou com uma imagem chocante: a séria lesão de Anderson Silva.
Para quem luta, seja em competições ou dentro de academias, a imagem do osso se partindo trouxe uma aflição quase física, por lembrar que aquilo pode acontecer com qualquer um de nós.
Mesmo quem é do Shotokan, e chuta com o pé.  Para mim, a imagem trouxe a lembrança de tantas lesões sérias que sofri ou vi colegas sofrerem ao longo de toda a minha vida de lutador.
Lembrei imediatamente da minha cirurgia de ombro, que me deixou de molho por seis meses, sofrendo com as dores, me entupindo de remédios e jogando todas as minhas esperanças na fisioterapia. Quantas vezes não pensei que seria impossível voltar a lutar? Quantas vezes, depois de tentar fazer movimentos que antes eram fáceis para mim, e que agora simplesmente não conseguia mais, eu não pensei: "acabou"
Lembrei de Chinzô Machida, que depois de uma fratura na mão viu sua carreira ser ameaçada, ficando mais de dois anos sem lutar.
Recordei de dois casos de fraturas de mandíbula depois de mawashi gerinque pegaram em cheio.

Anderson, assim que acordou da cirurgia,  perguntou ao médico quando poderia voltar a treinar. Infelizmente,  isso não quer dizer que ele vá voltar a lutar. Essa pergunta é normal, fazia muito pouco tempo que ele tinha lutado, e pior, perdido.  Logo depois de uma derrota,  tudo o que se quer é voltar logo aos treinos, conseguir logo uma nova chance para, dessa vez, fazer diferente,  vencer.
Particularmente, acredito que ele só vá tomar uma decisão definitiva sobre o futuro de sua carreira daqui a algum tempo.  Só depois de começar efetivamente a fisioterapia, e de passar um tempo quieto, sem ninguém em cima dele, só então ele chegará a uma decisão.
Como fã de lutas, torço para que ele volte. Vou além: torço para que ele QUEIRA voltar.
Para mim, muito mais importante do que a recuperação física , será a cabeça de Anderson.
Se ele realmente quiser voltar a lutar,  não haverá lesão que o impeça.  Resta aguardar e torcer.
OSS