Foi realizado, nos dias 28, 29, 30 de abril e 1 de maio de 2016 o XVII Campeonato Brasileiro de Karate-do JKA.
O clube Nipon, de Arujá, SP, recebeu mais de quatrocentos atletas para o evento.
Esse ano, o encarregado de dar o curso, além dos mestres Machida, Ugo Arrigoni, Kazuo Nagamine e Alfredo Aires, foi o simpático Akio Serizawa. O jaonês deu um curso de arbitragem, e depois fez seu tokui kata: Jite.
Além dos mestres que auxiliaram no curso, contamos também com as presenças ilustres dos professores Carlos Rocha (SP), Enobaldo Athaíe (BA), Celso Kolesnikovas (SC), Gérson Almeida (SP), José Carlos Andrade (BA), entre outros.
O campeonato infanto-juvenil foi de atlíssimo nível técnico. Fica a certeza de que o Brasil está com a renovação da Seleção Brasileira garantida, tamanha a quantidade de atletas de alto nível.
Feminino
MANUELA SPESSATTO - A ATLETA MAIS COMPLETA DO BRASIL
Pelo segundo ano consecutivo, a gaúcha Manuela Spessatto levou o ouro nas quatro categorias em disputa.
No kata por equipes, a parceria com Hannah Aires e Cristiane Babinki tem se mostrado cada vez mais forte e vencedora. As atuais campeãs brasileiras Tradicional, e campeãs sulamericanas JKA levaram o título com grandes méritos, demonstrando muito entrosamento.
Esse mesmo entrosamento se repetiu na disputa do kumite por equipes. As mesmas três atletas levaram o ouro, em uma final muito disputada contra o Rio de Janeiro.
No kata individual, Manuela, que ficou em quinto lugar no Mundial JKA de 2014 (melhor colocação de uma brasileira na história da JKA), se mostra cada vez mais absoluta. Levou o título pela quinta vez, firmando-se como a maior campeã da modalidade na JKA do Brasil. Será nossa grande esperança de ouro no sulamericano JKA do Chile, em setembro.
No kumite, a categoria estava disputadíssima, com atletas como Martinna Rey (BA) e Walkyria Villas Boas (MT), ambas da Seleção Brasileira Tradicional, Letícia Aragão (BA), Natacha Marques (RJ)...
Mas Manuela, confiante e muito bem treinada, venceu todas as suas lutas. Na grande final, encarou a campeã sulamericana de kumite individual de 2012, Juliana Vitral (MG).
Masculino
JAYME SANDALL CONQUISTA O PENTACAMPEONATO DE KUMITE
No masculino, as chaves gigantes mostravam a dificuldade que seria para chegar às finais.
No kata por equipes, os atuais campões sulamericanos JKA ficaram com o título pela quinta vez - um recorde na JKA.
Com um Gojusiho Sho cada vez mais justo, os paulistas Andrew Marques, Marcel Raimo e Rodrigo Alves não deram chances aos adversários. Além de companheiros de treinos e competições, os três mostram grande amizade, o que transparece quando executam o kata.
No individual, várias rodadas eliminatórias até que saíssem os oito finalistas. Depois, a semi-final, para saírem apenas os quatro melhores.
Na grande final, o atual campeão sulamericano Rogério Higashizima (SP), mostrou que é o melhor kata do Brasil na atualidade, e sagrou-se campeão. Andrew Marques (SP) ficou em segundo, e Marcel Raimo (SP), completou o pódio.
No kumite por equipes, uma mudança: esse ano, em vez de três lutadores, as equipes tiveram que entrar com cinco componentes, mais um reserva.
De um lado da chave, os gaúchos, liderados por seu capitão, o experiente Rafael Moreira, passavam em uma semi-final muito disputada elo Rio de Janeiro, O confronto só foi decidido na ultima luta, com um belíssimo ipon aplicado por Rafael.
Do outro lado, os paulistas, com uma equipe excelente, venciam os fortes paraenses. O Pará veio com uma equipe renovada, com a presença de dois atletas experientes, apesar de muito jovens: João Lima e Bruno Souza. Os dois, em sua primeira participação entre os adultos lutaram de igual para igual contra os adversários.
Pelo segundo ano consecutivo, final entre RS e SP.
Foi impressionante e evidente a estratégia da equipe do Rio Grande do Sul, onde todos os lutadores estavam lutando pela equipe, sem ego, sem pensar em si mesmos. O destaque na grande final ficou por conta de Sydnei, que, na quarta luta, conseguiu um belíssimo ipon sobre o atual campeão paulista, Matheus, selando a vitória dos gaúchos.
No individual, muitos grandes atletas disputando as quatro vagas das finais.
Carlos Rodrigo (GO), atleta que já integrou a Seleção Brasileira Tradicional, e que integrou a Seleção Brasileira JKA no sulamericano de 2015 (Barueri), chegou a semi demonstrando um deai afiadíssimo. Diego Andrade (BA), integrante da Seleção Brasileira JKA desde 2010, usava seu conhecido e praticamente indefensável mawashi geri, e o deai de kizami para chegar entre os quatro. Rafael Moreira (RS) era até ali o melhor atleta da competição. Completando as semi-finais, o atual tricampeão (2013, 14 e 15), Jayme Sandall (RJ).
A primeira luta das semi finais foi entre os grandes amigos Diego e Jayme. O carioca se valeu de sua maior experiência para vencer por 2 x 0. Diego, a cada dia, demonstra sua evolução, e prova que é o nome para liderar a renovação da Seleção Brasileira JKA.
Na segunda luta, Rafael venceu Carlos Rodrigo por 2x0 com um tempo de gyako zuki excepcional. Parecia que nada poderia parar o gaúcho, que vinha de uma grande temporada em 2015 (bronze no brasileiro Tradicional, e bronze no Sulamericano JKA).
Na grande final, dois irmãos, amigos de longa data, e remanescentes do nascimento da Seleção Brasileira JKA. Ambos entraram na Seleção em 2002, no início de tudo, e participaram do primeiro Sulamericano da JKA.
Jayme começou perdendo. Parecia que Rafael tinha o domínio do koto, e que tinha pego o tempo dos golpes do adversário. Se o carioca não mudasse seu jogo e tentasse algo diferente, perderia a final.
Percebendo isso, o experiente atleta da JKA-RJ mudou sua forma de lutar, e começou a soltar golpes que o companheiro de Seleção Brasileira não esperava. A partir daí, a luta ficou pendendo para um lado e para o outro, para agonia dos torcedores que lotavam a arquibancada. A cada ponto, pensavam: “Rafael vai vencer”. Depois de outra troca de golpes: “Jayme vai vencer”. E assim foi até o final do tempo, quando, após os cinco minutos de luta, os dois estavam empatados em 3 x 3.
Foram então para o desempate, mais dois minutos de luta.
Jayme conseguiu ter mais calma, e marcou dois wazari, conquistando seu quinto título, o quarto consecutivo (2010, 2013, 2014, 2015 e 2016)
No final, os dois se abraçara longamente, mostrando que a rivalidade imensa dentro dos tatames de competição não abala em nada a grande amizade.
Que isso sirva de ensinamento para as próximas gerações: rivais não têm que ser inimigos. Muito pelo contrário.
O evento foi um grande sucesso, sem acidentes graves e com um comportamento exemplar por parte de atletas, árbitros e público presente.
A melhor frase para definir o evento, e as lutas como um todo, foi a frase dita por Rafael Moreira, ainda dentro do koto, logo depois da final:
“Isso é karate JKA!”
OSS!!
RESULTADOS
FEMININO
KATA POR EQUIPES: 1) RS / 2) SP / 3) BA
KATA INDIVIDUAL: 1) Manuela Spessatto (RS) / 2) Juliana Vitral (MG) / 3) Cristiane Babinski (RS)
KUMITE POR EQUIPES: 1) RS / 2) RJ / 3) SP- 3) BA
KUMITE INDIVIDUAL: 1) Manuela Spessatto (RS) / 2) Juliana Vitral (MG) / 3) Hannah Aires (RS) - 3) Bruna Lee (RJ)
MASCULINO
KATA INDIVIDUAL: 1) Rogério Higashizima (SP) / 2) Andrew Marques (SP) / 3) Marcel Raimo (SP)
KUMITE POR EQUIPES: 1) RS / 2) SP/ 3) RJ - 3) PA
KUMITE INDIVIDUAL: 1) Jayme Sandall (RJ) / 2) Rafael Moreira (RS) / 3) Diego Andrade (BA) - 3) Carlos Rodrigo (GO)
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