Quando a gente ainda não venceu nenhum título importante, sente uma "fome", uma vontade gigante de chegar lá. Os treinos nunca são cansativos, a dor é sempre pequena, e qualquer coisa vale a pena para tentar conquistar o tão sonhado título.
As dúvidas são mínimas. Você só enxerga o seu objetivo, claro como o dia, bem à frente.
É como subir uma montanha: você olha para cima, e só se concentra em dar mais um passo, mais um passo, mais um passo...
Mas e quando se chega lá? E quando a montanha acaba, e você se vê lá em cima, lá no topo? De uma hora para outra, não tem mais montanha para subir.
Algo semelhante pode acontecer com atletas super campeões, que conquistam os títulos importantes, que chegam a um nível altíssimo de qualidade e eficiência técnica. E, algumas vezes, eles simplesmente não sabem mais para onde ir.
Citando exemplos extremos, a lenda Michael Jordan se aposentou das quadras de basquete, precocemente, quando já era considerado o maior jogador de todos os tempos. Tentou então uma carreira no beisebol - que não decolou. Ele citou perda de motivação. Logo depois, voltou às quadras e cimentou de vez a posição de melhor de todos.
Outro Michael, dessa vez o nadador Phelps, também se aposentou precocemente logo após os Jogos Olímpicos de Londres (2012). Ele se disse estafado, exausto e sem vontade de nadar nunca mais. Mais tarde, decidiu retornar ao esporte (ainda bem!) e competiu nos Jogos Olímpicos do Rio (2016) onde ganhou 5 medalhas de ouro e uma de prata, finalizando sua carreira como maior atleta olímpico de todos os tempos.
No karate, já pude presenciar alguns grandes campeões que, ou se aposentaram muito cedo logo após grandes conquistas, ou caíram muito de rendimento.
Mas por que será que isso acontece? Por que um atleta pode querer parar, ou perder o interesse se passou tantos anos batalhando para chegar no topo?
É a história da montanha.
Cheguei lá no topo. E agora?
Muitas vezes bate insegurança: "será que vou conseguir vencer de novo?"; "as pessoas estão esperando muito de mim agora"; "não vou conseguir repetir o que fiz no passado".
E onde entram dúvidas, sai o foco. É como se fosse um copo onde só um líquido cabe, só tem espaço para uma bebida: foco ou dúvidas.
Um atleta deve ter em sua cabeça apenas o foco do que precisa fazer para vencer. E nada mais.
Outras vezes, pode ser simplesmente a perda da tal fome, que citei lá no começo.
A fome, a vontade inabalável, o desejo quase obsessivo de vencer. Quando se perde isso, nem que seja só um pouco, a queda de rendimento é inevitável.
Em uma disputa onde os dois atletas se equivalem física e tecnicamente, geralmente vence aquele que quer mais. Aquele que tem mais fome.
Por isso é imprescindível aos atletas campeões que continuem famintos. Continuem querendo, sempre. Um dia a aposentadoria será inevitável, e então, se você por algum motivo tiver perdido seu foco, seu desejo, sua foma, você se arrependerá.
Continue faminto.
OSS!
sábado, 8 de fevereiro de 2020
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Um comentário:
Oss, Sensei. Grande ensinamento.
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