skip to main | skip to sidebar

Karate JKA

Páginas

  • Seleção Brasileira
  • Menu
  • Equipes do Brasil
  • Shotokan no MMA
  • Resultados JKA / Tradicional
  • Cenas de Luta
  • Karate Histórico
  • Vídeos
  • Atletas

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Viagem ao Japão 2004 - parte 2

Eu e sensei Imura.  Por incrível que pareça não tenho fotos com sensei Masahiko Tanaka. Eu ficava sem graça de pedir para tirar foto com ele...

Treino na Shokukan


Desafio Seleção Brasileira vs seleção Kokushikan 

Brasil vs Dinamarca. Minha primeira luta em um campeonato mundial.


Entrada da Nikon Karate Kyokai

Troféus do sensei Tanaka na casa onde fiquei.


PARTE 2


Meu primeiro treino foi na Universidade de Tóquio, no bairro de Kokubunji. Lá, cerca de 20 japoneses, todos faixas pretas. O treino foi puxado pelo capitão da equipe.
Até hoje acho que o objetivo desse treino era me fazer desistir. Foi muito, muito puxado. Mas eu via que eles também estavam mortos, e isso me dava energia para seguir treinando, apesar de achar que ia vomitar de tão cansado!
No frente a frente, treino de fila. Quando foi a minha vez de defender e contra-atacar, um dos japoneses me deu um soco forte na cara. Nem me abalei. Por fora, porque por dentro eu fervia de raiva. Me lembrei de sensei Machida me falando depois de me apresentar para sensei Tanaka: "Jayme, japonês é assim: se você se abaixar, ele monta nas suas costas como se você fosse cavalo. Então se te baterem, bate de volta mais forte!"

E eu bati.
Esperei o mesmo japonês rodar na fila.  Quando ele chegou na minha frente de novo, me preparei. Ele atacou, eu defendi e dei um soco que pegou ma garganta dele. Ele saiu tossindo e eu permaneci inabalado. Por fora, porque por dentro estava gritando!
Depois disso não tive mais incidentes e fui muito bem tratado pela equipe da Universidade. O único problema era a barreira da língua, porque o único que falava inglês, falava muito mal...

À noite, treino na Shokukan, academia do sensei Tanaka. Ele estava viajando para dar um curso, e quem puxou o treino foi sensei Imura.
Depois do treino me levaram para jantar. Na volta, Elia (a que falava inglês), me levava para casa. Estávamos sozinhos no carro. Ela entrou em uma das ruazinhas estreitas que caracterizam essa região mais afastada do centro de Tóquio, quando os faróis iluminaram um homem de terno, parado de costas no meio da rua.  Ele falava ao celular, e não se abalou ao perceber os faróis o iluminando.  E não saiu do meio da rua. Estranhei, e quando fui perguntar a Elia, reparei na cara de medo dela. Ela abaixou os faróis e esperou. Fiquei em silêncio e com medo.
Finalmente o homem olhou de relance para o carro, e, sem a menor pressa, saiu da frente.
Elia acelerou bem devagar, e só acendeu os faróis depois que passamos por ele.
- Yakuza - disse ela me olhando com os olhos arregalados.
Fiquei mudo. Me senti em um filme.

O primeiro treino na Shokukan que sensei Tanaka puxou foi, sem dúvida nenhuma, para me testar ou me fazer desistir.
" Só paro de treinar se desmaiar ou morrer", pensei.
Socos e chutes em um kihon sem fim.
Mas eu aguentei. As solas dos pés sangrando, as pernas duras e na hora de dormir um bendito banho no minúsculo ofurô da casa (eu só cabia todo encolhido).
Na minha rotina de treinos, além da Universidade de Tóquio e da Shokukan, eu fui algumas vezes no Honbu Dojo, sede da Nikon Karate Kyokai - JKA

No jantar que deram para se despedir de mim, no final dos 15 dias de treinos extenuantes, todos bebemos e ficamos "altos". Na hora da foto eu estava rindo, feliz. O comprido banco de madeira onde estávamos sentados para a foto começou a balançar de um lado para o outro e eu balançava rindo. Achei que era uma brincadeira do pessoal. Quando vi as expressões assustadas, mesmo tendo bebido meia dúzia de cervejas, percebi que algo estava errado.
- Earthquake - disse Elia para mim.
Terremoto.
Por sorte o prédio inteiro "só " balançou.  Mas não tremeu como vemos nos filmes.  Ele balançou. 

No final da viagem, um orgulho infinito de ter suportado tudo, e de ter honrado sensei Machida, meu sensei Ugo Arrigoni, e o Brasil. Pode parecer bobo, mas eu sentia que estava representando a seleção brasileira, e que deixei uma boa impressão. Gosto de imaginar que eles tenham dito: "brasileiro não desiste!". Mesmo que não tenham dito. Gosto de imaginar que foi essa a impressão que deixei.

No final, foi uma experiência que mudou completamente a minha vida. Tenho imenso orgulho e satisfação de ter perseguido esse sonho e realizado aquilo que sempre quis.
Oss!





Postado por Jayme Sandall às 06:39

Um comentário:

Unknown disse...

Excepcional Jayme! Muito bom. Osu!

8 de junho de 2020 às 10:09

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial
Assinar: Postar comentários (Atom)

Mania de Game

Mania de Game

Jayme Sandall - Youtube

Jayme Sandall - Youtube
Canal com vídeos do atleta Jayme Sandall e da Seleção Brasileira JKA

Jka do Brasil

Jka do Brasil

Seguidores

Número de visitas

Arquivo do blog

  • ►  2025 (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  2024 (1)
    • ►  outubro (1)
  • ►  2023 (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  maio (1)
  • ►  2022 (6)
    • ►  novembro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  maio (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2021 (16)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  agosto (2)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ▼  2020 (17)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (3)
    • ▼  junho (2)
      • Viagem ao Japão 2004 - parte 2
      • Viagem ao Japão 2004 - parte 1
    • ►  abril (1)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2019 (24)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (3)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2018 (12)
    • ►  novembro (1)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (4)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2017 (24)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (2)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (2)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (2)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2016 (17)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2015 (26)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (4)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (1)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (3)
  • ►  2014 (32)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (2)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (4)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (6)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2013 (44)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (2)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (7)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (5)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2012 (66)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (5)
    • ►  agosto (7)
    • ►  julho (5)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (5)
    • ►  abril (8)
    • ►  março (7)
    • ►  fevereiro (5)
    • ►  janeiro (6)
  • ►  2011 (78)
    • ►  dezembro (6)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (8)
    • ►  agosto (7)
    • ►  julho (5)
    • ►  junho (8)
    • ►  maio (10)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (7)
    • ►  janeiro (6)
  • ►  2010 (62)
    • ►  dezembro (6)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (6)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (6)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (6)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (7)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (7)
  • ►  2009 (47)
    • ►  dezembro (7)
    • ►  novembro (6)
    • ►  outubro (10)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (4)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (5)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2008 (25)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (7)
    • ►  julho (3)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (3)

Quem sou eu

Minha foto
Jayme Sandall
Sensei Ugo Arrigoni foi meu primeiro professor. Tive o privilégio de ter como professores, além do sensei Ugo, Ricardo Arrigoni, Newton Costa e Vinicio Antony. Tive a oportunidade de ser treinado ainda por grandes mestres como Yasutaka Tanaka, Watanabe, Machida, Inoki, Sasaki, Flávio Costa, Masahiko Tanaka, imura e muitos outros que me ajudaram a aprender e desenvolver meu karate. Atleta e praticante de karate Shotokan desde 1993. Faixa preta desde 1999. Integrante da Seleção carioca desde 1998 e da brasileira desde 2002. 445 lutas em competições oficiais (Tradicional -236 /JKA - 204 / WKF - 5) 337 vitórias, 29 empates, 79 derrotas. Participei de 37 campeonatos brasileiros (19 da JKA , 17 do Tradicional e 1 Unificado), 10 sulamericanos JKA, 2 panamericanos JKA, 2 Panamericanos Tradicional, 3 Mundiais Tradicional e 5 Mundiais JKA.
Ver meu perfil completo