sexta-feira, 14 de agosto de 2020

HIKITE - puxada do braço

 O HIKITE é a puxada do braço que aprendemos desde a primeira aula de karate.

Enquanto um braço dá o soco, o outro vem para a cintura em movimentos simultâneos. Esse é o princípio da "força e contra-força".

Indiscutivelmente a puxada do braço aumenta a força do soco, e auxilia na rotação do quadril.

Mas agora lançarei uma pergunta polêmica: o hikite tem que ser sempre para a cintura? Ou seja, devemos sempre puxar o braço para a cintura, como na imagem acima, quando executarmos um soco?

Na minha opinião, a resposta é não.

Como treinamento de kihon, o hikite é imprescindível, fundamental para desenvolvermos uma série de coisas, como já citei acima. Mas nos treinos de kumite, considero que puxar a mão na cintura faz com que fiquemos muito expostos.

Por isso, sempre que treino kihon clássico, puxo a mão à cintura. Mas quando treino kihon de luta, puxo na guarda (ao lado do rosto), ou em posições de defesa, de acordo com o que eu estiver imaginando que meu adversário estará fazendo.

Faço isso baseado em dois fatos: primeiro, os kata.

Os kata são o que há de mais tradicional no karate, pois contêm as técnicas mais antigas. Podem ser considerados como a raiz do karate E neles, nos kata, vemos diversos momentos onde os golpes são executados sem que o hikite seja feito com a mão sendo puxada na cintura.


Na imagem acima, temos o kiai do Heyan Nidan. Nesse momento, enquanto a mão direita está executando o ataque, a esquerda está sendo usada para abaixar-bloquear algum ataque do adversário.

Da mesma forma, em diversos outros kata percebemos isso (o Sochin, por exemplo, no primeiro kiai).

O segundo fato em que me baseio para treinar o hikite puxando na guarda é a minha experiência pessoal como lutador.


Já fiz 409 lutas em competições oficiais de karate (Tradicional, JKA e WKF); além disso tenho inúmeras lutas dentro de academias, jyu kumite (luta livre, sem regras) centenas e centenas de vezes contra os mais diferentes tipos de adversários; fiz sparring (jyu kumite com outro nome) com lutadores profissionais de MMA, Muay Thai, boxe, jiu jitsu, capoeira, aikido, tae kwon do...

Em meus mais de 5 anos trabalhando como treinador de MMA, tive essas oportunidades de ouro de testar meu karate em treinamentos contra grandes lutadores de outras modalidades.

E, em todas essas experiências, percebi que se tentarmos puxar a mão na cintura, fazendo o hikite clássico, podemos nos dar muito mal...

A falta da guarda causada pelo hikite clássico me fez apanhar muito. Muito mesmo.

Resolvi esse problema (ou pelo menos amenizei, porque continuo apanhando de vez em quando), quando comecei a treinar puxando o hikite na guarda. 

Em minha visão, quando treinamos kihon para kumite, tudo se adapta: a base que seria zenkutsu, kokutsu ou kibadachi no kihon, vira base livre (menor, com ambas as pernas flexionadas); os socos saem de onde estiverem (gyako, por exemplo, não sai da cintura como no kihon clássico, mas de onde estiver. O soco fica mais curto, é uma adaptação).

Então, no meu raciocínio, não faria sentido tudo se adaptar no kihon de luta, menos o hikite. Por que ele seria a única coisa que seguiríamos fazendo da mesma forma?

Então, juntando o que há de mais tradicional no karate (os kata), com a minha experiência de lutador, passei a treinar puxando a mão na guarda quando faço treino de kumite (luta)


No link abaixo, vídeo sobre o tema, com a participação especialíssima do sensei UGO ARRIGONI

https://m.youtube.com/watch?v=1xxVS3F4_iM

OSS!

Um comentário:

Unknown disse...

A questão do Hikite não é potencializar o golpe, mas segurar o adversário, seja braço, perna,, pescoço, roupa,... e puxar até você para ou golpear com a outra mão ou cotovelo ou usar uma técnica para derrubar o adversário. Esse conceito se perdeu muito por não explicarem de fato a ideia da técnica e proibirem o seu uso por meio de regras de torneio algo que é uma pena, já que a arte perde uma parte muito importante.