terça-feira, 29 de novembro de 2011

XVI Campeonato Panamericano de karate Tradicional

Pódio do kumite por equipes
Seleção perfilada
Vinícius Moreno (MT), Jayme Sandall (RJ), José Renato (RJ), Jefferson Aragão (BA) e Elias Carvalho (BA)
Lelia Pires (BA)
Vinícius Moreno e Vina (PR)



Aconteceu nos dias 26 e 27 de novembro o XVI Campeonato Panamericano de Karate Tradicional, na cidade de Santiago, Chile. A competição contou com a presença de dez países. Paralelamente, foi realizada a IV Copa Internacional Interclubes.
O treinamento foi todo realizado na capital chilena, e a Seleção ficou junta todo o tempo, fosse nos quatro treinos diários, comandados pelo técnico, sensei Tasuke Watanabe, fosse nas refeições ou mesmo no pouco tempo livre que nos sobrava. Isso criou um vínculo muito forte e uma sensação de unidade na Seleção, o que nos fortaleceu para a competição.
A delegação foi composta por nove homens e nove mulheres, onde todos disputaram ao menos uma categoria.
No enbu misto, a dupla baiana Martinna Rey e Arlen brilhou, levando o ouro de forma incontestável; No kata por equipes feminino, a equipe liderada pela capitã Adairce Catanhetti (MT) também levou o título, deixando a equipe dos Estados Unidos com a prata. As mato-grossenses Arlene Amarante e Wildlayne Amarante completaram o time campeão. No kata individual feminino, nossa supercampeã Adairce (20 vezes campeã brasileira, consecutivamente), trouxe para o Brasil, mais uma vez, o título panamericano.
Na final do fuku-go feminino a brasileira Lélia Pires (BA) travou uma batalha com a argentina Augustina. As duas se alternavam no desempate do ko-go (modalidade que em 2011 substituiu o shiai kumite feminino, onde as atletas se alternam em ataques de, no máximo, quatro golpes), até que a baiana fez um wazari limpo, e levou o título. Walkyria Fernandes (PR) ficou com o bronze.
No ko-go, a novata da Seleção, Jamilly (BA), mostrou a que veio, sagrando-se campeã na final contra a norte-americana Soolmaz. Manuela Spesatto (RS), completou o pódio.
Os baianos Jefferson Aragão e Elias Carvalho ficaram com o bronze no enbu masculino. Jefferson levou a prata no kata individual, cujo título ficou com o pentacampeão mundial Marcos Morón (Peru). O multicampeão peruano fez Gojushiho dai na final, contra Gojushiho sho do brasileiro. Particularmente achei o kata do baiano bem superior, com mais velocidade e kime, além de uma técnica refinada (característica dos atletas da Bahia).
O time brasileiro do kata por equipes bateu na trave, conquistando a prata com um Sochin fortíssimo. Na aplicação, Vladimir Zanca (MT) não poupou os paranaenses Vinícius Sant’Ana e Jean Laure, batendo firme em cada golpe. Zanca e Vinícius disputaram o terceiro lugar no fuku-go, com vitória do mato-grossense por um jogai. A final foi decidida entre os norte-americanos Sasa Panic, que sagrou-se campeão, e Taichiro Daijima.

Kumite
No kumite individual, grande rivalidade entre os lutadores dos dez países participantes. No Panamericano, o contato no rosto foi muito tolerado, e não se viu nenhuma desclassificação. As lutas foram muito duras, e as pancadas firmes como devem ser no karate Tradicional.
Em minha estréia na Seleção Brasileira Tradicional, não tive moleza, e peguei o canadense Todd Parker, atual vice-campeão da Copa Mundial, evento que reúne os oito melhores lutadores do mundo. Depois de passar por essa pedreira, peguei Sasa Panic (EUA), que tinha acabado de sagrar-se campeão no fuku-go. Venci e segui adiante na chave. Do outro lado, Vinícius Moreno (MT), vinha vencendo suas lutas de forma convincente. O terceiro brasileiro na modalidade, Elias Carvalho(BA), perdeu para um canadense em uma decisão dividida dos árbitros, onde o central decidiu em favor do atleta do Canadá.
Esse mesmo canadense venceu um aluno do sensei Justo Gomes na semi-final, classificando-se para a grande final. Do outro lado, eu e Vinícius Moreno batalhamos pela outra vaga da finalíssima, com vitória do mato-grossense por um wazari.
Eu chutei mae geri, e ele defendeu e contra-atacou gyako tchudan no tempo exato. Depois disso corri atrás e chegei a encaixar um mae tobi geri que me rendeu um jogai, mas não consegui empatar. Mérito total de Vinícius, que na final não deu chances ao canadense e sagrou-se campeão panamericano, com todos os méritos. Na disputa do bronze venci o argentino e trouxe a medalha para o Brasil.

No kumite por equipes, passamos pelos fortes canadenses em uma semi-final, enquanto a Argentina vencia os Estados Unidos na outra. Mais rivalidade impossível na grande final...
Brasil VS Argentina.
O campeão individual Vinícius Moreno abriu a final, vencendo por um wazari. Vinícius Sant’Ana pegou o atleta que ficou em quarto lugar no individual, e segurou o resultado, empatando sua luta e entregando para mim com a vantagem de um wazari. Fechando a série, lutei com um argentino grandão, que tinha como maior arma o ashi barai. Mas consegui encaixar dois wazari e o título ficou com o Brasil.

Na Copa Interclubes, hegemonia brasileira, com os títulos de kumite individual masculino (Ruyter, PR), kata individual masculino (Roberto Mendes, RJ), kata feminino (Martinna Rey, BA) e Kogo feminino (Lélia Pires, BA).
Em breve, na página “Resultados Tradicional”, os resultados completos do Panamericano e da Copa Interclubes.
OSS!

sábado, 19 de novembro de 2011

Um novo desafio

Amanhã partirei para a última competição do ano: o Campeonato Panamericano de Karate Tradicional.
Mais um desafio em um ano movimentado, onde fiz 35 lutas em 4 competições (Brasileiro JKA, Sul-Sudeste Tradicional, Mundial JKA e Brasileiro Tradicional).
Será minha primeira vez participando do grupo da Seleção Brasileira de karate Tradicional, e estou ansioso para treinar com as maiores feras do karate Tradicional brasileiro. Lá será definido quem fará o que, e por isso ainda não sei exatamente em qual modalidade participarei, e isso aumenta ainda mais a ansiedade.
O Panamericano será realizado dia 26 de novembro, na cidade de Satiago, Chile.
Assim que eu voltar, escreverei no blog sobre todos os detalhes da maior competição de karate Tradicional das Américas.
OSS!!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Hansoku: derrota dupla

Hansoku: desclassificação do atleta. Vitória do outro, e fim de luta.
A desclassificação pode ocorrer por diferentes motivos, entre os quais excesso de contato, bater após o árbitro mandar parar a luta (yame), sair três vezes do kotô (nas regras JKA), desrespeito ao árbitro ou ao adversário.
Na minha visão, hansoku por excesso de contato é uma derrota dupla. Ninguém sai ganhando com essa desclassificação. Quem gostaria de vencer assim, apanhando? Ou perder assim, batendo?
O controle dentro das regras do karate Tradicional ou JKA é parte integrante da filosofia das competições, e deve ser respeitado. É claro que pode bater, dentro de um limite, e é claro que acidentes acontecem. Mas já vi muitas vezes atletas forçarem essa desclassificação. E isso dos dois lados da moeda.
Parece mentira, mas já vi atletas que literalmente dão a cara para bater, na tentativa de forçar uma desclassificação do outro. Ou ainda fingem que o golpe foi mais forte do que na verdade foi, para vencerem. Para mim, isso é confessar inferioridade, como se fosse um atestado de que se é mais fraco do que o outro. É deixar o medo falar mais alto, e tentar usar de subterfúgios para vencer a qualquer custo. É, na verdade, lutar sem um pingo de honra.
Do outro lado, já vi lutadores que batem de propósito, não com o intuito de fazerem pontos, tentar vencer a luta, mas simplesmente para machucarem o oponente, muitas vezes desejando uma desclassificação. Por exemplo, já vi atletas que levaram um wazari, e sentiram que não teriam condições de virar a luta, e simplesmente bateram “para não perder”. Ah, sim, porque para certos atletas, perder de hansoku, machucando o oponente, não é perder.
Que besteira...
Se um lutador quiser sair na porrada com outro, bater de verdade, para nocautear, que avise ao adversário. Convide-o para uma luta de jiu kumite dentro da academia, e se ele aceitar, ótimo, façam o que quiserem. Agora, inscrever-se em uma competição, fazer um juramento do atleta afirmando que promete competir respeitando as regras, etc, etc, e depois enfiar a mão no adversário, é covardia. É claro que não estou falando de golpes bem aplicados, que às vezes acontecem de serem muito fortes, e levarem até mesmo ao nocaute. Falo dos golpes sujos, de deixar bater em baixo para afundar a mão em cima, de bater depois do yame. Falo dos golpes mau-intencionados.
Ter coragem é entrar para vencer, nos pontos, fazendo wazari ou ipon.
OSS!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mundial JKA 1977

Quase todo mundo soube do feito do Brasil no último Mundial da JKA, realizado em Pattaya, Tailândia, quando a equipe chegou à final contra o Japão, perdendo por 3x1.
O que muito pouca gente sabe, entretanto, é que no Mundial da JKA de 1977, realizado na Budokan em Tóquio, Japão, a equipe de kumite do Brasil fez uma “final antecipada” com a equipe japonesa. Escrevo “final” porque foi a luta mais difícil para o Japão, dentro de casa, com uma seleção dos sonhos.
Na época, o Brasil tinha um campeão mundial de kumite individual (Luiz Tasuke Watanabe, Paris 1972), e um vice de kata e kumite individual (Ugo Arrigoni, Cairo, 1976), além de outros grandes nomes, campeões panamericanos.
Infelizmente, por uma falta de sorte, o Brasil pegou logo de cara a equipe favoritíssima ao título: o Japão. Tenho certeza de que se estivessem em chaves separadas, só se enfrentariam na grande final, porque para vencer essa equipe do Brasil, naquele ano, só mesmo o Japão.
Talvez haja imagens desse encontro fantástico, mas não conheço ninguém que as tenha. Mesmo assim, há que se documentar a participação histórica dos nossos lutadores na época de ouro do karate, quando todos competiam juntos, sob a bandeira da JKA.
Os fatos aqui descritos me foram narrados pelo sensei Ugo Arrigoni, que fazia parte da equipe titular, e Ricardo Arrigoni, seu irmão, que estava presente junto com a delegação brasileira.
Os Brasil vinha com o que tinha de melhor: Ronaldo Carlos (RJ), Antônio Fernando Pinto (MG), Ugo Arrigoni (RJ), Dorival Caribé (BA) e Luís Tasuke Watanabe (RS). Victor Hugo Bittencourt era o preparador físico, e ninguém menos do que Tadashi Takeuchi era o técnico.
Pelo Japão, Tabata, Mori, Masahiko Tanaka, Yahara e mais um que eles não se lembravam o nome.
Antes do confronto, sensei Takeuchi chamou Tabata, que passava perto. Este mostrou imenso respeito pelo técnico do Brasil, e eles ficaram conversando por alguns minutos, sob o olhar de Ricardo Arrigoni. No final, os dois começaram a rir, e se despediram.
- O que foi que o Sr. conversou com ele, sensei?
Ainda rindo, Takeuchi disse:
- Perguntei de o mae geri dele ainda era ruim. Ah, e peguei a ordem dos lutadores japoneses, para que a gente possa armar nossa equipe, né?
Para constar, Tabata era conhecido como o melhor mae geri do planeta.
Sensei Takeuchi armou a equipe, que surpreendeu os japoneses, que venceram por apenas 2x1.
Ronaldo Carlos e Watanabe empataram, Antônio e Dorival perderam, e Ugo venceu Yahara, assombrando o mundo, que até então considerava os japoneses como praticamente invencíveis.
No duelo dos campeões mundiais, Watanabe empatou com Masahiko Tanaka.
No individual, Ugo Arrigoni ficou entre os oito melhores do mundo. Tanaka sagrou-se campeão.
Esse capítulo da História do karate brasileiro e mundial jamais deve ser esquecido, e os heróis que defenderam a nossa bandeira, e conquistaram o respeito mundial para o nosso karate devem ser sempre reverenciados.
OSS!
* no link abaixo, a final desse mundial, entre Japão e Alemanha Ocidental:
http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=2ASoPf6cAjk

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Kizami zuki





Quem já me viu lutando sabe que uma das minhas principais armas atualmente é o kizami tsuki (soco com a mão da frente).
Sempre acreditei que esse golpe poderia ser uma arma poderosa, caso aplicado com a técnica correta. Diferentemente de outras lutas, o kizami tsuki não é aplicado apenas com o braço, para fintar ou medir a distância; em vez disso, deve ser aplicado com o deslocamento de todo o corpo, e utilizado como um golpe que pode definir uma luta, não só por pontos, mas na vida real.
Mesmo treinando constantemente, ainda falta muito para chegar ao nível de maestria nesse golpe. Nos links abaixo, três kizamis que, a meu ver, são o exemplo exato do potencial desse golpe.
São três lutadores exímios, no ápice de suas formas físicas e técnicas:
1) Justo Gomes, argentino, maior campeão da história do karate Tradicional (ITKF)
http://www.youtube.com/watch?v=gPozg0HKevE&feature=related
2) Frank Brennan, inglês, considerado por muitos como o maior lutador britânico de todos os tempos, e um dos maiores atletas da JKA.
http://www.youtube.com/watch?v=UjDgg_npiQM&feature=related
3) Shane Dorfman, sul-africano, atleta de sucesso do Karate no Michi (organização com regras iguais às da JKA, criada pelo sensei Yahara)
http://www.youtube.com/watch?v=LRRUzWhTAHg

OSS.