segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Campeonato Panamericano JKA 2022

Aconteceu, na belíssima cidadade de Santiago, Chile, o III Campeonato Panamericano de karate JKA.         Foi o primeiro evento internacional pós pandemia, e impressionou a quantidade de atletas. Havia mais de 300 atletas de 10 países. 
    Nas categorias de base, como sempre, o que se viu foram confrontos de alto nível tanto no kata quanto no kumite, o que dá o conforto e a certeza de que o karate JKA tem sua continuidade assegurada na panamerica. 
    Os atletas infanto-juvenis se apresentaram com a mesma segurança, determinação e competência dos adultos! 
     No máster, domínio brasileiro no pódio. Essa categoria é a prova de que o karate, quando bem treinado, não tem limites. Atletas veteranos se apresentavam com maestria, driblando os problemas de idade com técnica e espírito de luta.


 FEMININO

     No kata por equipes feminino, o Brasil fez valer seu imenso favoritismo e levou o título mais uma vez. Manuela Spessatto, Letícia Bastos e Cristiane Babinski trouxeram o ouro para casa de forma incontestável, com um Gojushiho Sho tecnicamente muito elevado, e com uma sincronização impressionante. 
    As três atletas têm muita experiência internacional, e essa maturidade aparece nos momentos de pressão, fazendo com que a apresentação da equipe fosse irretocável.

    No individual, a gaúcha Manuela Spessatto teve que vencer uma lesão sofrida dias antes da viagem; Teve que vencer a pressão do favoritismo; Teve que vencer o surpreendente Unsu da paraguaia, que obteve notas altíssimas dos ábitros. Aliás, temos que ter uma nova definição de infalível no dicionário: "Manuela Spessatto fazendo kata". 
    O Goju shiho sho foi irrepreensível, impecável, beirando a perfeição! Que orgulho para o Brasil ter uma atleta desse quilate. 
    Ela se tornou, assim, campeã continental (sulamericana/panamericana) de kata individual pela oitava vez! Essa é a mesma quantidade de títulos que ela possui no kata por equipes: 8. Simplesmente 16 vezes campeã continental JKA de kata. 
    Se algém ainda tinha dúvidas de que a gaúcha é a maior atleta de kata da história da JKA nas américas, essa dúvida acabou de vez. Acho que dificilmente surgirá outra atleta capaz de conquistar tantos títulos para o Brasil. feito histórico que deve ser lembrado para sempre. 
    A gaúcha Cristiane Babinski, em grande fase, conquistou a medalha de bronze, colocando o Brasil em mais um degrau do pódio.

     No kumite individual, as brasileiras faziam lutas dificílimas contra as fortes argentinas e as velozes chilenas. O Chile veio com uma delegação imensa, e, empurrados pela grande torcida presente ao ginásio, as lutadoras da casa pareciam imbatíveis.
    Mas uma atleta corria por fora, sem holofotes em cima dela. Samantha Martelo (RS), foi vencendo, uma luta de cada vez, avançando cada vez mais pela chave. Chegou à final de uma categoria fortíssima, onde se viam confrontos impressionantes. 
    E, na grande final, ela impôs o seu karate e conquistou o grande título de campeã panamericana de kumite indivudual. 
    Ela manteve assim um domínio das mulheres brasileiras nessa categoria. Levamos esse título em 2002 (Audrey Fais, SP), 2005 (Sônia Coutinho, PA), 2008 (Sônia Coutinho, bicampeã), 2010 (Sônia Coutinho, tricampeã), 2012 (Juliana Vitral, MG) e 2013 (Hannah Aires, RS). 
    Foi a sétima vez que uma brasileira ficou com o título de kumite individual. Entre os homens, ainda á essa busca pelo cobiçado título continental individual...

     No kumite por equipes, Débora Nascimento (SP), Sara Ladeira (SP), Letícia Bastos (BA), passaram pelas duríssimas uruguaias no caminho para a final, enquanto na outra semi, Argentina e Chile fizeram uma batalha. 
    As argentinas têm um estilo mais pesado, batem muito forte e não se intimidam. As chilenas apostavam na velocidade, por serem atletas que também competem na WKF.
    As donas da casa se classificaram para a final e vieram embaladas pela grande torcida.
    Na disputa final, conseguiram vencer depois de três lutas duras onde as brasileiras atacaram e tentaram a vitória até o último segundo. 
    O resultado importa, claro. Atletas se preparam para vencer, sempre. Mas a postura que as lutadoras brasileiras demonstraram, com espírito de luta, garra e acima de tudo respeito e coragem dentro dos kotos, deixou uma impressão fantástica ao final da competição.  Serem campeãs (kata individual, kata por equipes e kumite individual), ou vice (kumite por equipes) ficou em segundo plano. O que marcou a todos os presentes foi a forma como se apresentaram. E isso deixa um legado. O legado de que todos os países sempre virão competir preocupados com as atletas do Brasil.


 MASCULINO 

     No kata por equipes, Andrew Marques (SP), Leão Mazur (BA) e Lucas Coimbra (BA) treinaram muito e se apresentaram muito bem, ficando com a medalha de bronze. No individual, domínio argentino na categoria, como de costume. 
    Os hermanos dominam o kata masculino desde o primeiro sulamericano, em 2002. Só não venceram os títulos individual e por equipe em 2015 (Brasil campeão por equipes e Rogério Higashizima, SP, campeão individual). De resto, no kata individual e por equipes, só deu Argentina em todos os continentais. 
    Dessa vez não foi diferente, e os hermanos levaram o ouro tanto no individual quanto na equipe. 
     No kumite individual, categoria lotada e extremamente competitiva, o Brasil colocou 3 atletas entre os 8 melhores da américa: Matheus Cirillo (SP), atual campeão brasileiro, Diego Andrade (BA) e Jayme Sandall (RJ), capitão da seleção, e se despedindo das competições internacionais da JKA. Foi a sétima vez que o carioca se classificou entre os 8 melhores das américas, um recorde entre os brasileiros.             Matheus perdeu para o veterano e atual campeão argentino Marcelo Monzón. Jayme perdeu para o imbatível Rodrigo Rojas (Chile), atual campeão mundial JKA, e Diego venceu sua luta, classificando-se para a semi-final. 
    Na semi, Diego fez uma dura luta contra Rojas, mas o chileno realmente se mostra cada vez mais maduro no kumite. 
     Na outra vaga da final, Marcelo Monzón. Na grande final, Rodrigo conseguiu impôr sua maior velocidade e melhor estratégia para conquistar o título pela quita vez (recorde): 2013, 2015, 2016, 2018 e 2022. 

     No kumite por equipes, Jayme Sandall, Diego Andrade, Matheus Cirillo, João Lima (PA) e Peterson Lozinski (SP) passaram pelos peruanos e fizeram uma semi-final de tirar o fôlego contra os argentinos.     Sem vencer os hermanos desde 2016, os brasileiros abriram a disputa com Jayme - como de costume. Em seu lugar mais confortával, o carioca foi o primeiro a lutar, e enfrentou o atual campeão argentino. Saiu atrás, deixando a torcida brasileira ansiosa. Mas ele conseguiu virar, levantando a torcida e confiando em seus companheiros. 
    Diego Andrade, em grande fase, venceu sua luta de forma espetacular. Matheus Cirillo também venceu, uma verdadeira batalha, e garantiu o lugar do Brasil na grande final. 
    João Lima e Peterson Lozinski administraram a vantagem, e o Brasil chegouà decisão pela primeira vez desde 2016. 
    A nova geração de lutadores da JKA, capitaneada por Matheus, Peterson e João, mostrou que está mais do que pronta para se firmar na Seleção e na equipe de kumite. Não sentiram a pressão dessa grande final, com a torcida da casa contra. 
    Jayme abriu a final, empatando em 0 a 0 (conseguiu 2 jogai). Diego entrou contra o perigosíssimo Júlio Silva, e perdeu por 2x1. 
    Matheus Cirillo encarou o não menos perigoso Oscar Arancibia, que acabara de conquistar a medalha de bronze no individual. Partindo para cima o tempo todo, o aluno de Fábio Simões virou a luta e conquistou a vitória, levando a torcida brasileira à loucura! 
    Na quarta luta, João levou um wazari. Sem sentir a pressão do caso e da decisão, e foi para cima, consguindo empatar uma luta dificílima (conseguiu também 2 jogai). 
    Para fechar, Peterson frustrou o campeoníssimo Rodrigo Rojas e empatou a luta, conforme foi pedido a ele que fizesse. Segundo as regras, o Brasil estava na frente (seguindo o critério de desempate dos 2 jogai - chui) Infelizmente, o sensei Enoue considerou a disputa empatada , e chamou mais um lutador de cada equipe para o desempate. 
     Do Chile, veio o multicampeão Rodrigo Rojas. Do Brasil, o atual campeão brasileiro Matheus Cirillo. A luta foi tensa. terminou empatada. Mais uma luta desempate. De novo Rojas pelo Chile. Pelo Brasil, o escolhido foi Peterson. De novo o paulista lutou com postura irretocável e um espírito de luta que chamou atenção. Infelizmente o chileno, que vive o ápice de sua carreira,ficou com a vitória e conquistou o ouro para seu país. 
     No final, sensação de dever cumprido. A prata teve gosto de ouro. 

     Fica aqui registrado o profundo agradecimento de todos os atletas da seleção aos técnicos - sensei Yoshizo Machida e sensei Kazuo Nagamine, e aos demais membros da comissão técnica que ajudaram muito nos treinamentos e nas estratégias adotadas. A todos que auxiliaram na beira dos koto, que trouxeram água, que torceram, que ajudaram de qualquer forma, o nosso MUITO OBRIGADO!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

XXXIII Campeonato Brasileiro de Karate-dô Tradicional 2022

 


Aconteceu, na maravilhosa cidade de Fortaleza, Ceará, o trigésimo terceiro campeonato brasileiro de karate-dô Tradicional.
O evento foi marcado pelo alto nível dos atletas, em todas as categorias.
Chamava atenção inclusive as disputas da categoria dangai (faixas verde e roxa), com golpes limpos e lutas tecnicamente muito elevadas.

FEMININO
No feminino, como sempre, o nível altíssimo das atletas proporcionou katas espetaculares. 
A maior campeã de kata individual de todos os tempos na JKA, tentava o bicampeonato no Tradicional, depois de ter conquistado seu primeiro título em 2021. Manuela Spessatto (RS), tentava, em 2022, unificar novamente os títulos, feito atingido somente por ela mesma (2021) e pela lenda Adairce Castanhetti (MT), que sagrou-se campeã brasileira de kata individual no Tradicional e JKA no ano de 2005.
Mas, no caminho da gaúcha, havia a tricampeã brasileira de kata individual (2017/2018/2019), Letícia Bastos(BA). E, no Ceará, a baiana derrotou a gaúcha nesse duelo particular. Letícia ficou com o título, deixando Manuela com a prata.

Por equipes, a Bahia ficou com o ouro, superando a fortíssima equipe do Mato Grosso - Estado com maior número de títulos de kata individual e por equipes, no feminino.
Na disputa de kumite por equipes, Bahia e Rio Grande do Sul fizeram uma disputa acirrada, decidida nos detalhes em favor das baianas.

No fukugo, categoria que alterna disputas de kata e kumite, a grande final ficou entre as atletas da Seleção Brasileira Letícia Bastos e Suellen Souza (PR). Sem demonstrar cansaço, apesar de já ter disputado as finais de enbu feminino, enbu misto, kata por equipes (todas no dia anterior), kumite por equipes e kata individual, a baiana conseguiu dominar a luta e ficou com o título, contra uma das melhores e mais perigosas lutadoras do Brasil. Suellen, apesar de seu extenso arsenal de golpes e de sua imensa experiência, não conseguiu reverter a vantagem que a baiana abriu, e ficou com a prata.

No kumite individual, depois de passarem por chaves duríssimas, duas baianas estavam na final: Martinna Rey e a incansável Letícia Bastos. Ela tentava entrar para a história como a única mulher a vencer nas três categorias individuais (kata, kumite e fukugo) no mesmo ano. Entre os homens, apenas Ronaldier Nascimento conseguiu o feito (2004 e 2005). Mas em seu caminho ela tinha uma imensa pedra: Martinna Rey, que chegava à final focada em conquistar o título. 
Letícia mostrou que 2022 é seu ano de ouro, pois conseguiu o feito histórico: sagrou-se campeã brasileira de kata individual, fukugo e kumite individual!

Foi a consagração de uma super atleta  - atual campeã brasileira JKA de kumite individual. Em 2022, ela conquistou nada menos do que 7 títulos brasileiros (2 na JKA: kumite individual e por equipes / 5 no Tradicional: kumite individual, kumite por equipes, kata individual, kata por equipes e fukugo)

Ela provou que não há limites para um atleta. Que sirva de modelo e exemplo de que tudo é possível com muito treino e dedicação total. É um feito que dificilmente será igualado, e que ficará para a história.


MASCULINO

No kata por equipes o domínio do estado de Mato Grosso parece não ter fim. Donos de nada menos do que 15 títulos nessa modalidade, eles conquistaram para o seu Estado o décimo sexto ouro - récorde absoluto na modalidade.

No kata individual, Allan Araújo (BA), atleta da Seleção Brasileira JKA e da Seleção Brasileira Tradicional, superou uma lesão na perna, sofrida durante a luta contra Fernando Macedo (RJ) na disputa por equipes, e fez uma apresentação irretocável, conquistando o ouro. A prata ficou com o próprio Fernando Macedo, que fez um esforço tão grande em sua apresentação, colocou tanto espírito de luta em seu kata, que ao final da apresentação teve que ser atendido pelos médicos, com exaustão absoluta. Uma grande final, digna do evento.

No kumite por equipes, Mato Grosso tentava defender o título de 2021. Teve que passar pela duríssima equipe do Rio de Janeiro, com uma virada espetacular, no último segundo, conquistada pelo atleta campeão individual de 2021, Vinícius Moreno. Do outro lado da chave, a equipe vice-campeã de 2021, São Paulo, tentava reeditar a final do ano pasado. Para isso, teve que passar pelo Ceará, que, com uma equipe muito forte, surpreendeu o Rio Grande so Sul nas quartas de final.
Na grande final, a repetição da final de 2021.
Dessa vez, o resultado foi exatamente o oposto. Exatamente mesmo.
Em 2021, Mato Grosso ficou com o título após desclassificação da equipe paulista. Dessa vez, ocorreu o oposto: São Paulo ficou com o ouro após desclassificação do Mato Grosso.
Em ambas as finais foram golpes limpos, mas por falta de sorte houve acidentes que obrigaram a arbitragem a desclassificar a equipe.
Isso não tira em nada o mérito dos paulistas, que venceram disputas eletrizantes no caminho para a final!

Antes de escrever sobre o fukugo e o kumite individual, farei um esclarecimento:

Muito se disse sobre minha eventual aposentadoria, e tenho escutado muitas perguntas sobre isso. Esclareço aqui; eu sempre desejei me aposentar no Mundial JKA de 2020, no Japão. Era meu sonho. Então veio a pandemia, e embaralhou tudo. Segui com esse plano, apenas empurrando a data da aposentadoria mais para frente. 2021? 2022? Na verdade ninguém sabia ao certo.
Decidi então me aposentar das competições de karate Tradicional no Brasileirão de 2021, que foi realizado no Paraná, em dezembro. E realmente me aposentei do Tradicional ali, inclusive considerei minha semi-final contra Vinícius Moreno (MT), como minha despedida oficial das competições da CBKT.
na JKA eu ainda seguiria tentando ser convocado para o Mundial do Japão, que, até onde se sabia, seria realizado em 2023.

Mas então fui surpreendido com a convocação para o campeonato mundial de karate Tradicional que será realizado agora, em novembro de 2022, na Eslovênia. A convocação veio antes do campeonato brasileiro, e foi baseada no ranking oficial da CBKT e nos resultados dos últimos anos. Fiquei muito orgulhoso e obviamente senti que era uma oportunidade de ouro de representar meu país em um evento mundial. 
Para mim, não há honra maior do que representar o Brasil.

Por isso, participei desse último campeonato brasileiro (agora sim, de forma definitiva, meu último campeonato brasileiro de karate Tradicional).


Seguindo o relato...

No fukugo, o atual campeão, Jayme Sandall (RJ), vencia suas disputas, de olho na outra chave, onde o finalista de 2021, Nalberth Amarante (MT) também vencia suas disputas de kata e de kumite.
E, na grande final, uma reedição da final de 2021.
De um lado o veterano Jayme Sandall, e do outro o jovem - apesar de experiente - Nalberth.
O mato-grossense vinha vencendo as seus combates utilizando-se de sua extrema velocidade, e de um tempo de luta excepcional. Nalberth tem um estilo de luta que lembra muito os melhores japoneses da JKA: luta para frente, com coragem, e com um gyako zuki quase indefensável.

Mas, do outro lado, havia um Jayme focado e que se utilizou de toda a sua experiência para conseguir levar o bicampeonato da modalidade.

No kumite, lutas impressionantes nas 4 chaves. Jayme Sandall (RJ) venceu sua chave depois de passar por um dos atletas mais perigosos da competição, o baiano Allan Araújo; Marcos Amorim (MT), se classificou para as semi finais depois de passar pelo campeão mundial de 2019, Jaime Jr. (SP). na disputa entre os dois, Jayme levou a melhor, e se classificou para a grande final. Do outro lado, Frank Manera (RS), venceu a semi-final contra o campeão de 2021, o atleta mais perigoso de toda a competição: Vinícius Moreno (MT), que, em seu caminho para as semi-finais, passou pelo gaúcho Augusto Spessatto, que a cada evento mostra que é um lutador extremamente técnico e que pode ganhar de qualquer um.

Na grande final - última disputa do evento - Jayme e Frank fizeram uma luta de tirar o fôlego, digna do karate Tradicional.
Depois de trocarem alguns golpes sem marcarem pontos, Frank conseguiu um belo wazari com um gyako zuki jodan que abalou o carioca. Sandall partiu para cima, tentando empatar. Nos últimos segundos, o carioca entrou com mae geri/oi zuki, uma combinação que pegou em cheio e levou o gaúcho ao solo. Mas, no meio da sequência, Frank pegou Jayme de deai de gyako zuki, bem marcado pelos árbitros. O gaúcho, que vinha lutando de forma espetacular todo o evento, foi o grande campeão do kumite individual!





RESULTADOS

*FEMININO

- ENBU: 1) MT / 2) BA / 3) CE / 4) PR

- ENBU MISTO:  1) MT / 2) BA / 3) RS /  4) CE 

- KATA POR EQUIPES: 1) BA / 2) MT / 3) PR / 4) RS

- KUMITE POR EQUIPES: 1) BA / 2) RS / 3) CE - 3)PR

- KATA INDIVIDUAL: 1) Letícia Bastos (BA) / 2) Manuela Spessatto (RS) / 3) Martinna Rey (BA) / 4) Wildlayne Amarante (MT)

- FUKUGO: 1) Letícia Bastos  (BA) / 2) Suellen Souza (PR) / 3) Carolina Zampa (RJ) - 3) Anne Carvalho (BA)

- KUMITE INDIVIDUAL: 1) Letícia Bastos  (BA) / 2) Martinna Rey (BA) / 3) Anne Carvalho (BA) - 3) Marla Taccola (PR)


*MASCULINO

- ENBU: 1) MT / 2) SP / 3) BA / 4) CE


- KATA POR EQUIPES: 1) MT / 2) RS / 3) BA / 4) MA

- KUMITE POR EQUIPES: 1) SP  / 2) MT / 3) RJ - 3) CE

- KATA INDIVIDUAL: 1) Allan Araújo (BA) / 2) Fernando Macedo (RJ) / 3) Andrew Marques (SP) / 4) Frank Manera (RS)

- FUKUGO: 1) Jayme Sandall (RJ) / 2) Nalberth Amarante (MT) / 3) Gilberto Amorim (MT) - 3) Augusto Spessatto (RS)

- KUMITE INDIVIDUAL: 1) Frank Manera (RS) / 2) Jayme Sandall (RJ) / 3) Marcos Amorim (MT) - 3) Vinícius Moreno (MT)

quarta-feira, 25 de maio de 2022

XXII campeonato brasileiro de karate JKA


 

Aconteceu, nos dias 21 e 22 de maio de 2022, o vigésimo segundo campeonato brasileiro de karate JKA, na cidade de Arujá, SP.

Nos dias 18, 19 e 20, houve curso técnico com os mestres Tatsuya Naka (JKA Japão) e Yoshizo Machida (JKA Brasil).




O curso foi fantástico, e sensei Naka mostrou velocidade e flexibilidade impressionantes! As mais de 500 pessoas presentes no curso ficaram encantadas com a qualidade do curso e com o carisma do famoso sensei Naka.

Tudo que ele apresenta nos vídeos e filmes é pouco perto do que ele demonstrou ao vivo.

Os fundamentos de kihon, kata e kumite foram abordados de forma a se complementarem e se encaixarem, provando que no karate JKA essa tríade jamais pode ser separada.


CAMPEONATO




Nas categorias de base, impressionou a qualidade técnica e quantidade de atletas. As chaves de todas as categorias estavam cheias, mostrando o crescimento exponencial da JKA no Brasil. Sensei Naka observou todas as disputas e se mostrou empolgado em diversos momentos. 

Destaque para a grande final do kumite masculino 17/18 anos, onde o atleta do Rio de Janeiro Aníbal Salazar fez um belíssimo ippon de ashi barai e gyako zuki, que o próprio sensei Naka marcou, da mesa de honra onde estava sentado.

Na categoria feminina, 17/18 anos, impressionou o nível das atletas. Lutas incríveis que não deixaram nada a desejar se comparadas às categorias adultas. O futuro da JKA parece estar garantido...


FEMININO

No kata individual, nenhuma surpresa: Manuela Spessatto (RS), sagrou-se campeã pela décima vez. Simplesmente isso: dez vezes campeã brasileira adulta de kata individual!

Mas escrever apenas isso seria injusto. É preciso destacar todo o esforço por trás de cada conquista, mas dessa última em especial. Não é nada fácil ser campeã quando todo mundo espera que você seja campeã. Não é fácil entrar carregando todo esse peso, como se fosse uma obrigação a vitória. Mas a atleta gaúcha consegue superar todos esses desafios, e manteve a coroa de melhor kata feminino do Brasil.

Letícia Aragão e Martinna Rey, ambas da Bahia, completaram o pódio. Cristiane Babinski (RS), ficou com o quarto lugar.

A disputa particular dessas três atletas na modalidade de kata já vem de longa data. A pressão sobre cada uma delas é imensa, porque sabem que ao menor descuido, a outra fará um kata melhor, mais perfeito. Essa rivalidade sadia faz com que as três cresçam cada vez mais.



No kata por equipes, também se manteve a hegemonia gaúcha. A equipe da JKA-RS foi campeã pela nona vez, sempre tendo Manuela como peça chave da equipe. Cristiane Babinski e Samantha Martello completaram o time de ouro.

Nessa categoria, não basta apenas ter sincronia de movimentos entre as três atletas. É fundamental também que as três estejam com as técnicas corretas e o tempo do kata não pode ser modificado para "facilitar" a execução em equipe. É , talvez, a modalidade mais difícil.

As baianas vieram com muita vontade e foco esse ano, e foi por pouco que ficaram com o vice.



No kumite individual, a campeã brasileira de 2021, Letícia Aragão, veio disposta a defender seu título. Lutava com garra e muita inteligência, e se classificou para a final depois de passar pela multicampeã Manuela Spessatto (RS), e de uma luta duríssima contra Lorena Lima (SP) na semi-final. Do outro lado da chave, Débora Trindade (SP), vencia suas lutas de forma convincente, passando pela atleta da Seleção Brasileira JKA e Tradicional, Martinna Rey (BA) nas quartas de final, e pela surpresa da categoria, Dyeine Ramos (SP), na semi. Dyeine venceu Samantha Martello (RS) e Luana (BA), que vinha de vitória sobre a campeã brasileira de kumite individual Tradicional de 2019, Sara Ladeira (SP).

Na grande final, Letícia usou de muita estratégia e de sua maior velocidade para dominar o koto e frustrar o plano de luta de Débora, conquistando o bicampeonato.

Muitas vezes, defender o título é mais difícil do que conquistá-lo pela primeira vez, porque há a pressão de se tentar repetir o desempenho do campeonato passado. Mas a baiana não demonstrou qualquer tipo de insegurança ou receio, pelo contrário: mostrou que seu único foco era a vitória em cada luta.

Letícia Aragão (E) x Lorena Lima


No kumite por equipes, a grande final foi entre São Paulo e Bahia, exatamente os estados que haviam dominado na categoria individual. E as lutas foram incríveis! No primeiro confronto, Sara Ladeira venceu: 1 x 0 São Paulo. Na segunda luta, empate eletrizante entre Martinna (BA) e Lorena (SP). A decisão ficaria para a última luta, que foi o reencontro das duas finalistas do individual. Mas dessa vez, foi Débora quem soube usar melhor a estratégia e frustrar os planos de Letícia. Ela segurou o empate e a vitória ficou com a JKA-SP.

Débora Trindade (E) x Letícia Aragão (árbitro central: sensei Naka)


MASCULINO

No kata individual, disputas eletrizantes nas primeiras rodadas, com o nível técnico dos atletas surpreendendo. Ninguém teve vida fácil para chegar às rodadas finais.

Rogério Higashizima (SP), segue quebrando recordes e acumulando títulos. Em 2022, sagrou-se heptacampeão brasileiro de kata individual, uma marca inigualável entre os homens. Apenas Manuela Spessatto detém mais títulos nessa categoria. Com um kata limpo, com kime e muito rápido, Rogério se firma cada vez mais como o atleta a ser batido na categoria.


 

Lucas Coimbra (BA), depois de um período sem competir, voltou com força total e mostrou que o treino duro e correto, o esforço e a dedicação, dão frutos. Ficou com a prata e ameaçou seriamente o título de Higashizima. Completaram o disputado pódio o bicampeão brasileiro de kata individual (2013 e 2015), Andrew Marques (SP), em terceiro lugar, e Leão Mazur (BA) em quarto. 

No kata por equipes, destaque para o time da Bahia, que derrotou a equipe favorita, de São Paulo, e levou o título para Salvador pela primeira vez!




No kumite, fortes emoções.

Fábio Simões (SP), lenda viva do karate brasileiro, pegou o microfone e anunciou a aposentadoria após mais de 30 anos como atleta profissional. Foram mais de 500 lutas em 3 organizações (Tradicional, JKA e WKF), onde conquistou inúmeros títulos, sendo os mais importantes: tricampeão brasileiro individual JKA; vice-campeão mundial e campeão panamericano individual Tradicional; 14 vezes campeão dos Jogos Regionais de São Paulo, pela WKF.

Nicomedes Simões, Sensei Machida e Fábio Simões


Uma era que se encerra...

Fabinho fez sua última luta contra seu aluno, Matheus Cirillo, que segue em grande fase.

Nas primeiras rodadas por equipes, destaque para a luta de Jayme Sandall (RJ) contra Vinícius Moreno (MT), reeditando a final do campeonato Panamericano de karate Tradicional de 2013. Era a quinta vez que esses atletas da Seleção Brasileira estavam se enfrentando.

Na primeira entrada da luta, Vinícius deu um gyako zuki que pegou na ponta do queixo, nocauteando Jayme, que ficou desacordado por alguns instantes. Recuperado, Jayme seguiu na disputa, quando muitos achavam que ele não conseguiria mais lutar. Renovado depois do nocaute, ele aplicou um mawashi geri jodan que levou Vinícius ao kcnockdown, e venceu a luta por ippon. Depois da disputa, confuso e com fortes dores, Jayme foi obrigado a abandonar o evento e não participou do kumite individual.

A forte equipe do Mato Grosso se classificou para a grande final, depois de passar pelo Rio de Janeiro por 3 x 2.

Do outro lado, a equipe favorita, de São Paulo, venceu a Bahia em uma semi-final de tirar o fôlego. A grande final seria apenas após as disputas individuais, da mesma forma que aconteceu no feminino.

No individual, Peterson Lozinski (SP) teve que vencer um inspirado Fernando Macedo (MG), para se classificar para a semi pela terceira vez seguida. Diego Andrade (BA) vinha vencendo suas lutas de forma contundente. Matheus Cirillo confirmava a excelente fase, se classificando para as semi-finais depois de uma luta emocionante contra Victor Braga (PA). Victor, na luta contra Andrew Marques (SP), teve seu nariz quebrado (Andrew foi desclassificado). Mesmo com a séria lesão, o atleta da academia Machida (PA), mostrou espírito de samurai, e entrou para lutar. Matheus Cirillo venceu sem machucar o adversário. Foi uma luta emocionanate!

Na última vaga da semi, Vinícius Moreno (MT), campeão brasileiro Tradicional em 2021, se classificou após vencer o atual campeão, Enzo Silva (PA). Ainda na primeira luta, Enzo luxou o cotovelo, e teve que abandonar a competição.

Nas semis, Peterson venceu Vinícius, enquanto Matheus Cirillo vencia Diego Andrade. A grande final seria uma reedição da final de 2019 - último brasileiro antes da pandemia.

A luta, arbitrada pelo sensei Alfredo Aires, foi digna de uma final. Os dois tentaram de tudo, se doaram, se machucaram e se superaram. No final, após levar um knockdown e se recuperar, Matheus Cirillo ficou com o bicampeonato (2019 e 2022).

Vinícius Moreno (E) x Peterson Lozinski

Diego Andrade

Matheus Cirillo





Na final por equipes, última modalidade a ser disputada, o fortíssimo time de São Paulo mostrou muita inteligência para superar os mato-grossenses e ficarem com o cobiçado título brasileiro.



Fica aqui registrado o profundo agradecimento de todos os atletas à JKA do Brasil, que a cada ano se supera, fazendo eventos cada vez melhores.

Até o panamericano!

OSS!


RESULTADOS

Feminino:

- KATA INDIVIDUAL: 1) Manuela Spessatto (RS) / 2) Letícia Aragão (BA) / 3) Martinna Rey (BA)

- KATA POR EQUIPES: 1) RS (Manuela Spessatto, Samantha Martello e Cristiane babinski) / 2) BA (Daniela Baldini, Martinna Rey e Letícia Aragão) / 3) PR (Keith Sato, Fernanda Carreiro e Vitória Dias)

- KUMITE INDIVIDUAL: 1) Letícia Aragão (BA) / 2) Débora Trindade (SP) / 3) Lorena Lima (SP) - 3) Dyeine Ramos (SP)

- KUMITE POR EQUIPES: 1) SP (Victoria Cruz, Sara Ladeira, Lorena Lima e Débora Trindade) / 2) BA (Letícia Aragão, Martinna Rey, Luana Neves e Laís Pereira) / 3) RS (Manuela Spessatto, Cristiane Babinski, Samantha Martello e Alana Lemos) - 3) PR (Fernanda Carreiro, Keith Sato e Vitória Dias)


Masculino:

- KATA INDIVIDUAL: 1) Rogério Higashizima (SP) / 2) Lucas Coimbra (BA) / 3) Andrew Marques (SP)

- KATA POR EQUIPES: 1) BA (Lucas Coimbra, Leão Mazur e Állan Araújo) / 2) SP (Rodrigo Arita, Andrew Marques e Rogério Higashizima) / 3) MT (Felipe Salvaterra, Nalberth Amarante e Marcos Amorim)

- KUMITE INDIVIDUAL: 1) Matheus Cirillo (SP) / 2) Peterson Lozinski (SP) / 3) Diego Andrade (BA) - 3) Vinícius Moreno (MT)

- KUMITE POR EQUIPES: 1) SP (Matheus Cirillo, Peterson Lozinski, Jaime Preira, Rodrigo Arita, Thiago Alves e César cabral) / 2) MT (Vinícius Moreno, Vitor Zanca, Felipe Salvaterra, Nalberth Amarante e Marcos Amorim) / 3) RJ (Jayme Sandall, Pedro Camacho, Aníbal Salazar, Lorenzo Salazar e Diogo Yoshida)) - 3) BA (Diego Andrade, Leão Mazur, Állan Araújo, Lucas Coimbra, Alexandro Mendes, Thiago Alves e Diogo Portugal)


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

E se o karate fosse um só?

     Fiz um vídeo semana passada sobre a divisão mundial do karate. Fiz outro, que deve ir ao ar em algumas semana, sobre a divisão do karate no Brasil.

Confesso que me bateu uma tristeza imensa quando vi os resultados finais dos vídeos. Fiquei derrubado, imaginando o quanto essas divisões fizeram e fazem mal ao nosso karate.

Eu já disse e escrevi diversas vezes que as competições são fundamentais para a divulgação de qualquer arte marcial / luta. Seria inimaginável existir o boxe sem a lutas profissionais, sem a rivalidade Tyson x Holyfield, ou Mayweather x Pacquiao.

O mma jamais teria se desenvolvido sem a rivalidade entre jiu jitsu e luta livre no começo dos anos noventa. 

O tênis, sem os grandes embates entre Roger Federer e Rafael Nadal, ou entre Serena Williams e Maria Sharapova, seria infinitamente menor do que é hoje.

d mesma forma, o karate. Sem as competições, fatalmente seria uma luta muito pequena, restrita a grupos cada vez menores de praticantes, que jamais se enfrentariam entre si, e que não teriam oportunidade de testar seus conhecimentos.

Enfim, a competição é fundamental.

Mas elas foram o estopim para a divisões da nossa arte marcial.

Imagino o que seria, se em 1972, a equipe japonesa não decidisse abandonar o II Campeonato Mundial. O que seria do karate, se seguissem todos juntos, resolvendo suas discordâncias e diferenças sem se separarem.

Juntos, criariam competições onde haveria divisões de peso, com regras de multiponto, e também manteriam a categoria absoluto, sem divisão de peso e com a clássica regra de shobu ippon (dois wazari ou um ippon para vencer a luta). Imaginem quatos atleta haveria em um campeonato brasileiro, se tudo fosse uma coisa só? 500, 600, 700 atletas na chave de kumite individual... Teria que haver seletivas até que sobrassem os 32 melhores, que iriam então para a grande final. Final essa que teria uma cobertura da mídia muito maior do que temos hoje. O interesse do público seria muito maior.

Talvez, juntos, já teríamos nos tornado olímpicos lá na década de setenta, e o karate receberia a atenção e os recursos financeiros que faria com que crescesse ainda mais.

Os atletas de elite seriam todos profissionais, recebendo bastante dinheiro de patrocínios e de premiações.

Infelizmente isso tudo ficou só na minha imaginação...

A dura realidade é que tudo se dividiu, esfarelou, enfraqueceu até que os atletas não se enfrentassem mai. Até que a rivalidades que poderiam criar ídolos, simplesmente não aconteceram.

Ogata x Piamonti

Altamiro Cruz x Vladimir Zanca

Caio D´elia x Paulo Afonso

Douglas Brose x Diego Andrade

Ciça x Elaine Golubics

Rafael Aghayev x Gastón Gomez

Taniyama x George Kotaka

Valeria Kumizaki x Suellen Souza

Esses confrontos, que seriam verdadeira aulas de estratégia e pancada, ficaram apena na imaginação.

Uma tristeza...

OSS

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Por que o karate se dividiu?

 


Que a nossa arte marcial é dividida, com várias federações e organizações mundiais independentes, todo mundo já sabe.
Mas por que, afinal, o karate é tão dividido? Por que não conseguimos uma união, como outras lutas conseguiram?
No vídeo dessa semana, tento resgatar a história da formação das primeiras organizações de karate, 
Deu muito trabalho fazer esse vídeo!
Mas acho que valeu muito a pena...
OSS!

https://youtu.be/WQQ1Q01rnnwhttps://youtu.be/WQQ1Q01rnnw

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Ansiedade nas competições de karate

 


A ansiedade é um mal dos dias atuais.

Sempre existiu, claro, mas tem aumentado muito com a correria dos dias atuais. 

Os celulares, peças fundamentais na vida de qualquer um, contribuem para o aumento da ansiedade. 

Eu, particularmente, sempre muito ansioso, sofri para controlar esse sentimento que tanto me atrapalhou. 

Quando comecei a competir, minha ansiedade batia no teto! Eu me sentia pressionado, e mal dormia  a noite anterior a uma competição. 

No vídeo dessa semana eu falo como usei o karate, inclusive as competições de karate, para me ajudar a domar minha ansiedade.


https://youtu.be/Uqcg9_GAtcQ