sexta-feira, 31 de julho de 2020

O treino tradicional de karate é importante?


Afinal de contas, o treino tradicional, clássico de karate, é importante?

Se você sonha em ser um atleta de kumite, não será uma perda de tempo e energia ficar treinando kihon ou kata, coisas que você não utilizará nas competições de luta?

Na minha opinião, o treino clássico, tradicional é imprescindível, importantíssimo para a evolução de qualquer praticante ou atleta de karate.

O que sinto em mim, na minha evolução como karateca, é que os treinos de kihon clássicos e os treinos de kata lapidam meus golpes, fazem com que eu melhore meu quadril, minha respiração, meu kime.  Logicamente treino também o específico de kumite, uma série de kihon diferentes, onde soco puxando a mão na guarda (hikite), deslizando o pé de trás quando lanço um golpe, adaptando outros golpes ao meu biotipo e ao que acredito que funciona em um combate.

Mas sempre, para qualquer golpe que eu deseje treinar, começo com o kihon clássico. O kihon básico, que para mim até hoje me ajuda demais a melhorar meu karate. Depois eu vou evoluindo o treino, começando a fazer o golpe em forma livre, com guarda, deslizando o pé de trás se for o caso. Mas sempre começo lapidando o golpe com o treino tradicional.

Na minha visão, se eu treinasse apenas da forma livre, com movimentação de kumite, meus golpes não seriam bons como podem ser. Sem o kihon clássico, meus golpes perderiam sua base, sua construção.

No youtube, vídeo sobre o tema:
https://www.youtube.com/watch?v=IRDSFrqxqQQ&t=5s
OSS!

segunda-feira, 27 de julho de 2020

KYO


O kyo é um estado de desatenção dentro de um combate. É quando você "desliga", perde o zanchin (estado de atenção).
O tempo de uma luta parece pouco no karate - um minuto e meio no Tradicional. Dois minutos na JKA, ou cinco minutos em uma luta final JKA.
Parece pouco. Teoricamente é fácil ficar totalmente atento durante todo o tempo de luta. Mas na verdade, é muito mais difícil do que parece...

Durante qualquer luta, é comum a nossa cabeça "viajar", dar uma desligada que pode durar frações de segundo, ou até um pouco mais. É quando desconectamos do combate e pensamos nas dores e lesões que sentimos ("meu tornozelo está doendo muito!"); No espaço físico ("esse tatame está muito macio"); Na arbitragem ("vou me colocar de frente para aquele bandeira, porque acho que ele pode marcar meu ponto"); Ou até no que está acontecendo do lado de fora do koto ("a arquibancada está lotada! Meus pais estão me vendo lutar...").
Esses são apenas alguns exemplos do que pode levar um atleta a se desconectar da luta, e entrar em estado de kyo.

Obviamente isso não é bom, e deve ser evitado com unhas e dentes. Mas o simples fato de pensar em não entrar em kyo, já pode se transformar em um momento de desatenção. Ficar pensando o tempo todo nisso gera estresse e desconforto, e isso leva à desatenção.
Mas como, então, manter-se atento todo o tempo sem pensar nisso?
Treino.
O treinamento constante leva à mecanização dos golpes. Um atleta treinado não precisa pensar em não abrir o cotovelo na hora de dar um soco. Ele simplesmente não abre porque treina assim diariamente. Seu corpo já responde sem que ele pense nisso. Da mesma forma acontece com o estado de kyo.

Existem diversos treinamentos para evitar que entremos em kyo, para nos condicionar a estarmos sempre atentos enquanto estivermos em um combate - seja dentro de uma academia ou em uma competição.

No link abaixo, um vídeo sobre kuo, onde dou exemplos de treinamentos que utilizo para tentar jamais entrar em estado de desatenção durante uma luta.
https://www.youtube.com/watch?v=YEQCwGltaCg

OSS!

domingo, 26 de julho de 2020

Juntos por Watanabe







Aconteceu, em dois finais de semana, o GASHUKU ONLINE SOLIDÁRIO - JUNTOS POR SHIHAN WATANABE.

A inciativa partiu da vontade de ajudar o shihan Watanabe, nesse momento difícil pelo qual ele está passando. Lutando corajosamente contra um câncer de estômago, o técnico da Seleção Brasileira Tradicional desde 1990 contou com a solidariedade de mais de 40 professores de renome, que se uniram em um evento inédito com o objetivo de angariar fundos para auxiliar o shihan durante esse difícil período.

A ideia partiu do professor Josué Rocha (MG), aluno do sensei Francisco Marra.
Ele conseguiu reunir um time de primeira e o gashuku foi crescendo de forma incrível ao longo dos dias.
Josué Rocha (MG)

Ele logo encontrou as pessoas perfeitas para o ajudarem a colocar essa ideia em prática, e organizar o curso.
Foram os professores Rodrigo Lúcio e José Humberto - pai e filho, ambos de Mato Grosso - que ao serem contatados por Josué, assumiram a árdua tarefa de organizar um evento que cresceu de forma incrível.
Rodrigo Lúcio estreou na Seleção Brasileira em 1995. ra um adolescente, mas já competia entre os adultos.. Rodrigo se tornou o maior atleta da história do karate Tradicional nas categorias de enbu (misto e masculino), e um dos maiores no kata individual e por equipes. Participou da Seleção Brasileira durante 17 anos, sempre sob o comando de sensei Watanabe.
Rodrigo Lúcio

Seu pai, sensei José Humberto, foi o responsável pelo crescimento exponencial do karate no Estado do Mato Grosso. Formou inúmeros campeões nacionais e internacionais, e cedeu dezenas de atletas para a Seleção Brasileira Tradicional. É um dos mais graduados árbitros do Brasil e do mundo.

José Humberto

Eles convidaram nomes de imenso calibre e relevância no cenário nacional e internacional. Foram tantos que o curso teve que ser realizado em dois finais de semana - nos dias 18 e 19 de julho, e 25 e 26 de julho.

O saldo final foi uma participação relevante de muitas de pessoas que puderam assistir a mais de 40 horas de karate. Um prato cheio para os amantes dessa arte marcial. Os temas foram variados e as abordagens agradaram a todos os gostos. 
Um evento apolítico e histórico, que uniu pessoas de diferentes tipos e diferentes organizações. O sentimento final foi exatamente esse: união.
E gratidão.
Gratidão ao mestre que tanto ensinou e que se dedicou durante décadas à Seleção Brasileira. Todos os ministrantes do curso aprenderam de alguma forma com o shihan Watanabe.

Fica aqui registrado os parabéns ao idealizador e aos organizadores, que dedicaram dezenas de horas de trabalho para que esse evento ímpar fosse realizado.

OSS!!