segunda-feira, 19 de agosto de 2019

II Campeonato Panamericano JKA 2019










Aconteceu, na cidade de Bogotá, Colômbia, nos dias 10 e 11 de agosto, o II Campeonato Panamericano JKA 2019.
A bela cidade foi palco de disputas aciradas entre as centenas de atletas de 15 países presentes.
Foi um evento grandioso, que comprovou que a JKA cresce cada vez mais nas Américas.

No infanto-juvenil, já deu para ver que enfrentaríamos um grande problema: a altitude!
Localizada a cerca de 2.600 metros acima do nível do mar, a cicade de Bogotá se mostrou um desafio gigantesco para a maioria dos atletas. Era assustador ver uma procissão de lutadores serem atendidos pelos médicos que ministravam oxigênio para tentar resolver a falta de ar.

Mesmo assim, o desempenho dos nossos atletas foi espetacular. Como de costume, as categorias de base do Brasil são fortíssimas, e conquistaram inúmeras medalhas para o nosso país.
Destaques para Aníbal (RJ), campeão da categoria 15 e 16 anos. Para Guilherme (GO) e Débora Trindade (SP), que na categoria 17 e 18 anos trouxeram o ouro no kumite individual. Trouxeram o ouro também, na categoria 19 e 20 anos, masculino e feminino, os paraenses Enzo Pantoja e Lívia Vale.
Para conquistarem seus títulos, os 4 tiveram que travar duríssimas batalhas contra lutadores de diversos países.

No máster, ficou provado que o Brasil tem karate forte em todas as categorias: desde as de base, passando pelo adulto e culminando nos mais experientes. Destaque para Diogo Yoshida (RJ), campeão de kumite da categoria 51 a 55 anos, e para Rogério Corecha (RJ), campeão de kata individual da categoria 40 a 45 anos.

Nesse panamericano - o mais cheio até agora - havia centenas de atletas de 15 países.

No adulto, o que escrevo aqui parece uma repetição do ano passado. Mas ninguém é capaz de imaginar o esforço e sacrifício a que essa fantástica atleta se submete durante o ano todo para chegar aqui na sua melhor forma: Manuela Spessatto (RS), mais uma vez conquistou o título do kata individual. Foi seu sétimo título continental (5 sulamericanos e 2 panamericanos), a maior vencedora entre homens e mulheres, de uma mesma categoria individual. Ela ainda liderou na equipe que deixou as argentinas em segundo lugar. Completaram a equipe campeã de kata as gaúchas Cristiane Babinski e a estreante na equipe brasileira - que mostrou personalidade e estrela -, Kauane Sgarbi.
São nada menos do que 17 títulos continentais na JKA para Manuela. Dificilmente surgirá, em qualquer outro país, uma atleta tão dominante nas categorias de kata quanto a brasileira. Vendo seu Gojushiho Sho, fica a esperança de uma histórica medalha no mundial do ano que vem, no Japão.

No kumite por equipes, apesar de lutarem com raça e técnica, as brasileiras não conseguiram superar a forte equipe argentina, liderada pela experiente Jeanette Castañeda. Lívia Vale estreou entre as adultas e demonstrou que não sentiu a pressão, lutando de forma calma e ojetiva. A equipe feminina tem tudo para lutar pelo título no mundial do ano que vem, no Japão. Completaram a equipe Manuela Spessatto, Martinna Rey (BA) e Sara Ladeira (SP). Venceram bem as mexicanas na semi-final, mas perderam na grande final.

No kumite individual, Martinna e Juliana Vitral (MG) se classificaram entre as 8 melhores. Martinna perdeu sua luta, mas Vitral avançou, e depois de uma batalha duríssima contra a grande favorita, Jeanette Castañeda (ARG), vencida por 2x1, a brasileira se classificou para a grande final.
Agora, no histórico de lutas contra aquela que é considerada a melhor lutadora das Américas, o placar está empatado: 2 vitórias para Juliana e 2 vitórias para Castañeda.
Era a segunda vez que a mineira se classificava para a final do kumite individual. Em 2012, no Peru, ela trouxe o ouro para o Brasil.

Dessa vez, enfrentando uma argentina alta e técnica, Juliana não conseguiu impor o seu jogo, e foi superada no desempate.
Ela não perdeu o ouro. Na verdade conquistou a prata em uma categoria dificílima. Temos sempre que lembrar que na JKA não há divisão de peso. Portanto, somente um atleta é campeão do kumite. Todos lutam na mesma chave.  Aenas se classificar entre os oito melhores, como fez também Martinna Rey, já é um feito que merece aplausos. Chegar à final então, é uma honra para qualquer um.
Parabéns!


No masculino, nosso campeão brasileiro de kata individual, Rogério Higashizima  - único brasileiro campeão sulamericano individual (Brasil, 2015) - conseguiu se classificar para grande final, depois de 4 rodadas eliminatórias. Ficou em quarto lugar, por apenas um décimo de diferença em relação ao terceiro colocado. Eles chegaram a empatar, e no desempate o adversário levou a medalha por um décimo.

Na equipe, tivemos um problema ainda antes da viagem. A equipe formada por Wendell Gonçalves, Rogério Corecha e Ronaldo Corecha, bicampeões brasileiros em 2018 e 2019, a atuais vice-campeões panamericanos (2018), não foi para Bogotá. Dois dias antes da viagem, Wendell fraturou o dedo da mão, e precisaria passar por cirurgia.
Às pressas, a Seleção teve que resolver esse problema: Rogério Higashizima, Rodrigo Arita (SP) e o estreante na categoria adulto, Lucas Coimbra (BA), se juntaram para formar a equipe brasileira de kata.
Eles dedicaram cada minuto aos treinos. Abriram mão, por vezes, de treinar seus katas individuais para representarem o Brasil na categoria por equipes. E a imensa dedicação, aliada à qualidade do karate dos três, rendeu frutos: nossa equipe conquistou a medalha de prata.

No kumite por equipes, sensei Machida decidiu fazer um teste com os mais novos. Ainda na sexta-feira, durante os treinamentos em um belo parque e Bogotá, ele disse que esse ano queria testar os mais jovens para ver como se sairiam lutando pela categoria mais importante - e consequentemente a que tem mais pressão para se participar.
Na equipe, apenas o capitão Fábio Simões (SP), era experiente. Ele ficou encarregado de ser o técnico e armar a equipe que enfrentaria um árduo caminho para ser campeã.
Na primeira rodada, Enzo Pantoja (PA), Leão Mazur (BA), João Lima (PA), Matheus Cirillo (SP) e Peterson Lozinski (SP), venceram os fortes canadenses.
Na semi, pegaram aqueles que são os maiores rivais do Brasil: a Argentina, atual vice-campeã mundial (Irlanda, 2017). Nesse momento, mostraram imensa personalidade e espírito de luta. Provaram que apesar de muito jovens, já são lutadores formados e preparados para qualquer desafio. Perderam por conta da imensa qualidade da equipe rival. Os argentinos usaram toda a sua experiência e paciência para vencer o confronto. Na grande final, os hermanos se vingaram da derrota sofrida no panamericano passado para os chilenos, e conquistaram o título pela quinta vez (2008, 2009, 2013, 2015 e 2019).

No individual, mais de 80 atletas de 15 países.
Cada rodada era uma verdadeira batalha.
A imensa chave foi dividida em 8 chaves de 10. O campeão de cada uma iria para as finais.

Matheus Cirillo (SP), se classificou entre os 8 melhores. O atual campeão brasileiro mostrou a mesma velocidade e precisão que lhe renderam o título de 2019. Foi superado no detalhe pelo chileno.

Jayme Sandall (RJ), em seu décimo segundo e último panamericano (2002 - 2019), conseguiu também ser campeão da sua chave e se classificar entre os 8 melhores das Américas. Ele se igualou a outro Brasileiro, Rafael Moreira (RS) - cada um tem 6 participações entre os "best eight".
Na luta final de sua chave, Jayme empatou duas vezes contra um chileno jovem. Foram quase 6 minutos de luta. O brasileiro venceu por 2 x 0 na terceira luta, mas ambos saíram do koto carregados, devido à falta de oxigênio. A altitude de Bogotá cobrava o seu preço...
Na luta seguinte, Jayme enfrentou Jorge Rivas (ARG). Ainda tonto, não conseguiu reagir depois de levar 1 x 0. A luta terminou e Rivas foi adiante.
Foi a despedida em campeonatos continentais JKA de Sandall e de Rafael Moreira, que lutou no individual e perdeu na segunda rodada. Os dois deixam para trás uma história que se confunde com a história de formação da Seleção Brasileira JKA. Ambos fizeram parte da equipe do I sulamericano, em 2002, quando ficaram com a prata, vencendo a Argentina na semi e perdendo para o Chile na final.
Agora, para os dois - e também para Fábio Simões - fica a expectativa de uma convocação para o Mundial do Japão, para então encerrarem sua longa e vitoriosa estrada na Seleção Brasileira.

O outro brasileiro que se classificou entre os 8 melhores foi Sidinei Zucchi (RS).
Chamado de última hora pra a vaga de Frank Manera (RS), que não pôde vir, Sidinei veio com muita vontade de mostrar que tem seu lugar na Seleção. Classificou-se entre os 8 com duas vitórias espetaculares nas primiras rodadas. Contou com a ausência de Marcelo Monzón (ARG), que quebrara o nariz na disputa contra o Brasil, e passou pela terceira rodada. Entre os 8 melhores, ele não diminuiu o ritmo e venceu o mesmo argentino que havia vencido Rafael Moreira. Ele estava na semi-final!
Fez uma luta parelha em que quase venceu o chileno que tirara Matheus Cirillo. Perdeu por muito pouco.
Conquistou o bronze e entrou em um seletíssimo grupo de medalhistas de kumite individual em campeonatos continentais JKA: Roberto Pestana (2002), Fábio Simões (2008 e 2009), Jayme Sandall (2012), César Cabral (2013) e Rafael Moreira (2015 e 2016).
Sidinei escreveu seu nome na história.

Fica aqui registrado o agradecimento de toda a Seleção aos árbitros que nos davam imensa segurança nas disputas; aos técnicos que mais uma vez se dedicaram inteiramente aos atletas; ao nosso presidente, Roberto Tanaka; ao nosso mestre, Yoshizo Machida; e ao shihankai, que conduziu tudo de forma harmoniosa e correta.

Que venha o mundial de 2020!

OSS!