segunda-feira, 21 de setembro de 2009

VITÓRIA!


Sábado 18:30. Entramos na van do UFC que nos levou para o ginásio da American Airlines, em Dallas, Texas. Vitor ouvia música com o fone de ouvido, estava se concentrando.
No local do evento, fomos para a sala destinada para o nosso aquecimento. Vitor e mais 4 lutadores que entrariam no octagon naquela noite. O primeiro a ir deslocou o ombro no meio da luta, voltou gemendo de dor à sala. O segundo, Tyson Griffin, venceu, e levantou o ânimo na sala. Mas Frank Trigg e Martin Kampman perderam, e o clima pesou de novo. Ambos voltaram à sala logo após as derrotas, o primeiro resignado, e o segundo revoltado, gritando palavrões. Os dois com os rostos bem machucados. Olhei para o Vitor, mas ele estava na dele, focado.
Aquecemos de duas formas: Shawn Tompkins com aparadores e manoplas, no boxe, e eu com karate. Focamos em coisas que sabíamos que Rich usaria na luta, e ficamos repetindo o timing várias vezes. Pouco se falava.
Chegou a hora.
Fiquei muito, muito nervoso. Muito mais do que quando lutei o meu primeiro campeonato mundial, no Japão. E olha que eu estava nervoso pacas em Tóquio.
Meu estômago estava espremido, parecia que era eu quem ia lutar.
Entramos ao som de um rap, mas sinceramente nem escutei nada. Nem a música, nem os gritos do público. Nem olhei para as arquibancadas lotadas. Só via na minha frente o Vitor.
Ele estava muito concentrado, e depois de abraçar a mim, Shawn e seu amigo de longa data Cris Franco, subiu no octagon.
Eu continuava nervoso demais. Será que ele conseguiria colocar toda a sua velocidade em prática? Será que o timing que treinamos tanto sairia na hora "H"?
Rich veio aclamado pelo público. O "American Fighter" escolheu uma música do AC DC e incendiou a galera. Nas bolsas de apostas Belfort era o underdog. O azarão.
Com cinco segundos de luta, finalmente relaxei. O "azarão" logo mostrou que estava com um domínio de distância perfeito. Tinha a luta na mão.
Muito mais rápido do que Franklin, Vitor esperava o momento certo para dar o bote. Soltou um chute muito forte na perna do adversário, coisa que treinamos muito, e depois, num contra-ataque, partiu para cima com tudo o que tinha. Usou as mãos rápidas e o reflexo adquiridos em anos de boxe, e o timing do Shotokan. Resultado: venceu, e levou o prêmio de melhor nocaute da noite.
Na hora que Rich Franklin desabou, demorei alguns segundos para acreditar que tinha realmente acabado.
"Espera! Ainda não acabou!" gritei para o outro corner, enquanto ele comemorava. Eu estava enganado. Vitor já pulava no centro do octagon. Soltei um grito que foi tanto de felicidade quanto de alívio; depois de 35 dias, longe de casa, cansado, horas e horas de treinos na academia Extreme Couture, outras tantas no hotel em Dallas, depois de assistir tanto ao dvd com as lutas de Rich Franklin que já até sonhava com ele, finalmente o trabalho chegava ao fim.
O que começou com Vitor indo até Vinicio Antony e pedindo "me ensina karate", terminou com um nocaute indiscutível.
Vitor mostrou que o casamento Jiu-jitsu / whrestling / boxe / muay thay / karate shotokan jka, vai longe.
Na luta de média e longa distância, para o timing e o controle do espaço no octagon, karate Shotokan JKA. Para o in fight e o clinche, boxe/muay thay. Para o ground and pound, whrestling. E para a finalização, o jiu jitsu.
É claro que existem muitas outras combinações, mas particularmente acho essa muito interessante.
Agora é esperar pelo proximo adversário, e dar continuidade ao trabalho de Vitor Belfort com o mestre Vinício Antony.
OSS!

PS: o link abaixo é de uma matéria que saiu no site da TATAME baseado no texto acima:
http://www.tatame.com.br/2009/09/24/UFC--Treinador-de-Belfort-comemora-o-nocaute

sábado, 19 de setembro de 2009

matéria na Tatame

Belfort vai de Caratê Machida contra Franklinquinta-feira, 17 de setembro de 2009 - 18:05:01

Por Marcelo Alonso

Fotos Marcelo Alonso

 

Pernas abertas, uma base diferente e um grito antes de cada ataque. Definitivamente, o Vitor Belfort que vi na X-treme Couture tinha algo de diferente do que acompanho desde os 15 anos de idade. Logo após os treinos, descobrimos que seu parceiro de treino era Jayme Sandall, considerado, junto com os irmãos Chinzo e Lyoto Machida, um dos maiores representantes do Caratê Shotokan no Brasil.

 

Enquanto Vitor tomava um banho depois do treino, Sandall nos contou que Yoshizo Machida também é seu treinador na seleção brasileira, e que os irmãos Machida são grandes amigos. “Na verdade, o Vitor está treinando Caratê há muito tempo com Vinícius Antony, mas ele não poderia ficar aqui por mais de um mês, então ele me perguntou se eu poderia vir para ajudar o Belfort. Estou muito impressionado como ele aprende rápido. Tenho certeza que as pessoas vão perceber algumas diferenças na sua próxima luta”, explica Sandall, que já perdeu para Lyoto na final do campeonato brasileiro de Shotokan.

 

“Definitivamente, Lyoto e seu irmão, Chinzo, são os melhores lutadores de Shotokan que temos no Brasil, e toda a comunidade do Caratê está feliz com o que eles estão mostrando, como a técnica do Caratê Shotokan é boa”, explica o professor de Vitor. Relaxando depois de um duro treinamento com Jayme e Ray Sefo, Belfort falou sobre os benefícios que o Caratê está trazendo para ele.

 

“Eu treinei Caratê em 2001 para lutar como Heath Herring. As pessoas gostam muito do Boxe, Wrestling, mas eu sempre tive essa visão de trazer coisas novas que não eram usadas no esporte, como fiz com o Boxe. Depois que conversei com o Lyoto, treinamos juntos algumas vezes no Rio e senti que o seu tempo de luta era do Caratê, então comecei a me interessar novamente pelo Caratê. Fiz algumas adaptações, claro, combinando o Caratê com o meu jogo de Boxe. Estou absorvendo algumas coisas legais do Shotokan para o meu jogo”, garante Belfort, que já alugou uma casa e comprou um carro em Las Vegas, onde esta morando com Jayme no último mês antes da luta contra Rich Franklin, neste sábado.

 

“O CARATÊ É, HOJE, A MINHA BASE EM PÉ”

 

Perguntado sobre o que mais o impressionou no Caratê, Vitor não tem dúvidas. “É uma luta que te deixa relaxado o tempo todo, você nunca mostra o que você vai fazer, você sempre faz o que o seu oponente não espera que você faça. Eu diria que o Caratê é a arte de bater e não ser batido. O que mais me impressiona é o tempo de reação, Jayme está me ajudando muito no treinamento do dia a dia. Isso é o interessante do MMA, você pode combinar quantas técnicas você quiser”, disse o Fenômeno, garantindo que não esquecerá a importância das outras artes.

 

“Hoje, estou muito mais focado no treinamento de Caratê, mas também estou treinando muito Muay Thai e Boxe com Shawn Thompkins, que é um treinador incrível. Hoje, eu diria que o Caratê é a minha base na luta em pé, junto com o Boxe”, explica Belfort. Fechando a conversa, Vitor promete uma luta intensa no UFC 103. “Vai ser uma luta muito estudada, ninguém pode cometer erros, e eu estou treinando forte para aplicar o meu Caratê, Boxe, Jiu-Jitsu... É deixar as técnicas fluírem e torcer para que tudo dê certo. Eu já me considero um vencedor por me superar a cada dia nos treinamentos, que é a pior parte. Franklin é um grande lutador e eu espero que possamos dar um show no meu retorno ao UFC”.

 

Na opinião do treinador, Vitor fará uma grande luta. “O Vitor é um fenômeno cara, o apelido dele não é a toa. Ele tem uma capacidade de aprender coisas novas incrível, você ensina uma coisa que ele nunca viu e em dois, três dias ele já está fazendo. O programa que estamos desenvolvendo ele já está pegando de maneira espantosa e tenho certeza que ele já vai usar nosso treinamento contra o Rich Franklin”, aposta Jayme, vendo as mudanças que o Caratê trouxe para o jogo do brasileiro. “A base dele está maior, o controle de distância está melhor, dificilmente estão encostando nele. Ele está bem enquadrado no que hoje em dia chamam de Machida Caratê”, disse, tentando “fugir” dessa definição.

 

“Eu nem sou contra, porque é difícil definir qual o Caratê que você faz. Esse é o Caratê Shotokan da Federação JKA, essa é a nossa federação. O Chinzo foi vice-campeão mundial, ganhou sete lutas e perdeu uma... Ele é um fenômeno. Eu estava lá e perdi na terceira ou quarta rodada”, relembra, apontando os melhores nomes do Caratê no Brasil. “Em primeiro lugar o Chinzo Machida, que é o melhor. Depois, temos o Fábio Simões e Wagner Pereira, ambos de São Paulo, Rafael Moreira, do Rio Grande do Sul, e eu, do Rio de Janeiro. Essa é a base da seleção brasileira, que vem desde 2002”.



www.tatame.com.br/2009/09/17/Belfort-vai-de-Carate-Machida-contra-Franklin 

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bastidores

Hoje aconteceu a coletiva de imprensa com os lutadores do UFC 103, com ênfase para Rich Franklin e Vitor Belfort.
Ontem à noite, entretanto, os principais personagens desse evento se encontraram em uma pequena sala. Nós tínhamos acabado o treino, e Vitor queria se pesar, afinal, ele precisa alcançar as 195 libras até sábado. Para nossa surpresa, dentro da sala onde fica a balança, estava Rich Franklin, com um amigo. Os dois deram uma demonstração de espírito esportivo e de cordialidade, cumprimentando-se e conversando como amigos. Não havia imprensa, ninguém por perto. Eles fizeram isso porque se respeitam, sentem afeto um pelo outro como lutadores e como seres humanos.
No final, Rich se despediu de nós com um surpreendente "boa noite" em português. Começamos a rir, e ele completou rindo também: "eu falo um pouco"
Isso prova de uma vez por todas que adversários não precisam se odiar. No karate JKA, os maiores troféus que conquistei em minha vida de atleta foram os amigos que fiz. Wagner Pereira, Rafael Moreira, Chinzô e Takê Machida, Fábio Simões, Zanca, Rousimar Neves... e muitos outros. Grandes amigos - e adversários dentro do kotô, nas competições.
Acredito que a animosidade, a raiva que um lutador sente pelo adversário é fruto do medo, da insegurança. Lutadores de verdade, lutadores de alma, não sentem insegurança, sabem que podem apanhar, se machucar, bater... faz parte do jogo, e por isso a amizade entre os adversários. Desde que sejam lutadores de verdade, como Franklin e Belfort.
Amanhã vai ser a pesagem oficial, e depois é descansar e aguardar pelo sábado, na última luta do evento.
OSS

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Matéria na Sherdog

Saiu uma matéria sobre o Vitor Belfort treinando karate Shotokan no Sherdog, um dos sites de MMA mais acessados do mundo (70 mil hints diários). 
OSS!


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Vídeo Shotokan JKA

Vale muito a pena dar uma olhada nesse vídeo. É uma compilação muito bem feita de cenas de competições e treinos, que traduz o que é o karate Shotokan JKA. Para quem pratica, é gostoso ver a técnica do Shotokan ser demonstrada com perfeição. para quem não conhece, é uma excelente oportunidade para ver exatamente o que é.
Isso é Shotokan. Isso éJKA.


http://www.youtube.com/watch?v=-4KSLUzv3sQ

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Reta final

Os treinos continuam intensos aqui em Vegas. Realmente, o Extreme Couture tem uma estrutura absurda para um lutador de MMA se preparar. Os técnicos, os companheiros de treino, o material de treino, o local em si, tudo auxilia na preparação. 
Ante-ontem fomos nos encontrar com BJ Penn no MGM Grand. É incrível como ele é simples e simpático, e, acima de tudo, conhecido! Parecia que eu andava ao lado de um ator famoso, tantas eram as pessoas que paravam para pedir fotos ou autógrafos. E ele sempre solícito, sempre sorridente. São pessoas como BJ, Vítor Belfort, Randy Couture e Lyoto Machida, entre outros, que desconstroem a imagem negativa que muitas pessoas têm acerca dos lutadores de MMA, mostrando que o MMA é um esporte como outro qualquer, e que eles são atletas e pessoas como outras quaisquer.

Há um movimento muito forte aqui nos Estados Unidos sobre o Machida Karate. Parece ser apenas questão de tempo para que a luta vire febre nesse país continental. Mas em que isso pode beneficiar os atletas/praticantes/professores de karate Shotokan Tradicional/JKA?
Na minha visão, é a melhor coisa que poderia nos acontecer. O karate Shotokan já era famoso, reconhecido, por ser um instrumento de socialização, educação, formação de pessoas, além de uma luta. É uma arte marcial respeitada nesses aspectos. Mas entre os lutadores profissionais, formadores de opinião de muitos jovens que desejam praticar uma luta, o Shotokan andava em baixa... Isso em muito devido ao desconhecimento do nosso karate. Claro, com tantas federações, tantos multi-campeões, tantos mestres com dans miraculosos, como saber quem é quem nesse meio? Como respeitar uma luta onde há tantos e tantos faixas-pretas? E onde um atleta pode se dizer super-campeão sem jamais ter feito uma luta sequer?
Agora, entretanto, com o sucesso merecido de Lyoto, os olhos se voltaram para o Shotokan que ele pratica. E o que se vê são atletas do calibre de Chinzô, Vinicio Antony, Kokubun, Ogata, Johan La Grange... 
Com isso, o karate de Ugo Arrigoni, Watanabe, Flávio Costa, Djalma Caribé, Ricardo D'elia, Paulo Góes, Ronaldo Carlos, e tantos, tantos outros lutadores de quilate, é alçado novamente ao lugar que merece.