domingo, 30 de dezembro de 2012

Karate é kata?


Outro dia conversava com um ex-atleta, faixa preta das antigas, um karateca com alto nível técnico.
Ele me disse uma frase que me intrigou: "karate é kata"
Para ele, a essência do karate Shotokan, o ponto mais importante, seriam os katas.
Pensei muito sobre o assunto, e vou dar minha opinião pessoal aqui.

Kata é importante. Aliás, importantíssimo. É a perfeição técnica do karate, é onde você treina a arte marcial em sua forma mais pura.
Eu adoro treinar kata, e o faço pelo menos duas vezes por semana. Se não consigo obter resultados mais expressivos nas competições, não é por conta de desinteresse ou falta de treino, mas incapacidade de vencer pessoas que fazem kata bem melhor do que eu, como Rodrigo Lúcio (MT), Ronaldier Rodrigues (AL) ou Rousimar Neves (MG).
O mesmo para kihon. Uma das partes mais importantes do meu treinamento de atleta é o kihon, a repetição de determinadas técnicas inúmeras vezes com o intuito de aprimorar, chegando o mais perto possível da perfeição.
Mas o karate, antes de mais nada, é uma arte marciel em sua essência. É uma luta.
Então, mais importante do que tudo é o kumite. Não o shiai (competição), mas sim o jyu kumite (luta livre).
O próprio sensei Funakoshi dizia que todos os treinamentos de karate (kata, kihon, kihon ipon, etc), tinham como objetivo final o kumite.

Discordo do faixa preta que disse que karate é kata. Para mim, karate é luta. Antes de mais nada.
Até acho aceitável um faixa preta não ter um kihon perfeito, ou fazer os katas de forma não tão boa. Mas um faixa preta tem que saber lutar. É sua obrigação, o requisito mínimo de um faixa preta.
Infelizmente vejo outros professores que também pensam assim: karate é kata. Então criam uma geração de karatecas que não sabem lutar. Karatecas que se tomarem um soco na cara ou um golpe forte no corpo, vão ficar assustados, apavorados, e vão achar um absurdo.
Absurdo é um graduado não saber lutar - ou pior ainda, não querer.
Absurdo é um faixa preta que não tem noção de tempo e distância, que não sabe usar o kime em uma situação de combate, que não sabe levar pancada.

Vejo muitos professores que concordam com essa linha de pensamento. Gente muito boa, que mostra dentro do tatame o que é karate. Professores cujos alunos - independente de resultados em competições -, são grandes lutadores. Gente que pensa: karate é luta.

OSS!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Karate Tradicional no MMA


O goiano Bruno Gomes é mais um representante do karate Tradicional que se aventura no MMA.
O atleta da academia Uruma Kan (Rio verde, GO), testa seu karate no Mixed Martial Arts.
Que ele tenha todo sucesso nesse caminho, podendo aplicar o karate dentro do MMA da melhor forma possível.
Seguem abaixo os links para a luta onde o karateca venceu com uma guilhotina (finalização).
OSS!

http://www.youtube.com/watch?v=WTFhbZW8XV4
http://www.youtube.com/watch?v=zwfW-LG1hxc

sábado, 15 de dezembro de 2012

Postura da torcida


Assim que voltei do Mundial JKA da Tailândia, em 2011, postei o vídeo da final Brasil vs Japão no youtube.
Hoje, o vídeo está com mais de 52 mil acessos ( http://www.youtube.com/watch?v=ECq4zBSdhJA )

Sempre que posto um vídeo de karate no youtube, meu objetivo, além de divulgar imagens das competições - que infelizmente não são televisionadas, e por isso só são vistas por quem está presente no evento -, é o de receber críticas em relação às lutas. É importante que outros karatecas dêem sua opinião.

Nesse vídeo do mundial, entretanto, foram feitas várias críticas duras, mas não em relação às lutas ou arbitragem, ou mesmo ao evento em si; dessa vez, a mira dos críticos teve um só alvo: a torcida.

Algumas críticas são muito duras, é verdade. Mas o pior é que eu não posso discordar delas.
Realmente, a torcida brasileira pisou na bola, e se excedeu, portando-se de uma maneira errada, em minha opinião.

O problema é que no Brasil temos a cultura do futebol. É quase uma lavagem cerebral: em qualquer canal de esporte que você coloque, estará passando futebol. 90 % da programação deles é voltada para o futebol. Até campeonato de outros países passa por aqui. E a torcida do futebol é a pior que existe. Os torcedores são tão mal educados que chegam ao extremo de se agredirem, ou até mesmo agredirem os jogadores. Há inúmeros casos de morte envolvendo torcedores de futebol...

Não estou querendo criticar o futebol, apenas mostrar que é um esporte diferente de tantos outros.
Já imaginou se numa partida de tênis alguém jogasse um rojão no meio da quadra? Ou se a torcida de um tenista partissem para cima dos torcedores do outro jogador?

Outro esporte que cresce vertiginosamente em nosso país é o MMA. E nele, também, a torcida se inflama, vaia, xinga, e se porta algumas vezes de maneira agressiva. Mais uma vez não estou criticando o esporte, mas apenas mostrando a diferença.

Quando se entra em uma academia séria de karate, não se está praticando apenas um exercício físico, mas um conjunto de coisas. Entre eles, um código rígido de conduta (cumprimentos ao se entrar ou sair do dojô, silêncio durante a aula, respeito total ao professor, hierarquia...)
É isso o que faz do karate uma luta com seus princípios pautados no BUDÔ.

Enfim, jamais podemos esquecer de que por mais que o karate tenha se tornado um esporte, é, antes de mais nada, uma arte marcial cujo princípio é: respeito acima de tudo.
Podemos torcer, sempre, mas sem perder a postura jamais.

OSS.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Curso na SEKAI

 Treino na sexta
 Treino no sábado

Acima, as belíssimas paisagens de Salvador


Nos dias 07 e 08 de dezembro, tive a grande honra de ministrar um curso na lendária academia Sekai, em Salvador.
A Sekai, com seus 23 anos de história, já viu passarem por ali grandes mestres e lutadores de primeira linha. Inclusive treinamentos da seleção baiana já foram realizados ali. Para mim, foi emocionante poder estar presente nesse local carregado de história.

O sensei José Carlos, um dos técnicos da seleção baiana, e seu filho, o meu grande amigo Diego Andrade, me convidaram para passar um pouco da minha forma de treinamento. Nos dois dias de curso, mostrei alguns dos tipos de treino que mais utilizo em meu dia a dia.
A recepção dos alunos foi a melhor possível, e exatamente aquilo que eu esperava em karatecas treinados pelo sensei José Carlos: educados, muito simpáticos, e donos de um karate de primeira linha. Me senti em casa.

Meu foco foi em técnicas de kumite, e pelo que percebi, é exatamente esse o tipo de treino que os alunos da Sekai gostam.

Além disso, tive a oportunidade de visitar novamente uma cidade que tinha vindo uma única vez, em 2008.
Salvador é um paraíso, com cenários de filme para todos os lados. A brisa do mar ameniza o calor do verão.
Os dois dias colaboraram, com um céu azul e a água do mar verde-transparente. Fiquei de queixo caído com a beleza do mar no Farol da Barra, e com a tranquilidade e a vista estonteante do restaurante na Marina, com vista para o elevador Lacerda.

Fica aqui registrado meu profundo agradecimento pela oportunidade e pela chance de dar essas aulas nesse local especial, para lutadores de tanta qualidade. OSS!