segunda-feira, 30 de novembro de 2015

XXVII Campeonato Brasileiro de Karate-dô Tradicional 2015





Aconteceu, nos dias 28 e 29 de novembro de 2015, o XXVIII Campeonato Brasileiro de Karate-dô Tradicional, na cidade de Curitiba, PR.
Alguns dos maiores nomes do karate Tradicional brasileiro entraram nos kotos para disputar os cobiçados títulos brasileiros.


FEMININO
As mulheres, mais uma vez, deram show. No kata individual, Jamilly Farias (BA) fez um Sochin que impressionou a todos pela técnica, velocidade, e principalmente kime.
No fuku-go, a baiana Jamilly manteve a sua hegemonia, e venceu a companheira de Seleção Brasileira Walkyria Villas Boas (MT), para conquistar seu terceiro título consecutivo na modalidade (2013, 2014 e 2015).
No kumite individual, uma final emocionante entre Walkyria e Manuela Spessatto (RS). A gaũcha, atual campeã brasileira de kumite individual na JKA, já tinha vencido a mesma Walkyria na final do kogo. As duas se estudaram muito, mas não se acomodaram: tentavam tirar pontos a todo momento, o que resultou em uma luta muito movimentada e que foi muito equilibrada. Depois de estarem empatadas em 1x1, Manuela entrou um mae geri, mas Wal saiu na distância exata e contra-atacou de gyako zuki tchudan, para fazer o ponto do título.
No kata por equipes, as gaúchas Manuela, Cristiane Babinski e Hannah Aires,  mostraram que estão imbatíveis na categoria, e unificaram os títulos da JKA e do Tradicional.
No kumite por equipes, as donas da casa perderam para as baianas, que venceram nas três lutas, com muita técnica e uma estratégia perfeita. Letícia Aragão, Martinna Rey e Jamilly Farias pareciam imbatíveis.


MASCULINO
No kata individual, Wender Amarante (MT) ficou com o título pela segunda vez (tinha sido campeão em 2008), depois de ter sido vice no brasileiro de 2014 (RJ)
No fuku-go, final entre dois velhos conhecidos: Vladimir Zanca (MT) e Vinícius Sant’Anna (RJ). Os dois buscaram a vitória a todo momento, mas sem conseguir marcar nenhum ponto. No final, os árbitros se basearam na maior iniciativa de Zanca e deram a vitória ao veterano no hantei (bandeirada). Foi o terceiro título de fuku-go dessa verdadeira lenda do karate (2002, 2003 e 2015)
No kumite individual, as disputas se acirraram muito, resultando em vários acidentes graves. Zanca e Fábio Simões (SP) fizeram uma semi-final, enquanto a outra era disputada entre os companheiros de Seleção Brasileira JKA Rafael Moreira (RS) e César Cabral (SP). Na grande final, os companheiros de academia Cabral e Fabinho. Mas, para quem achou que a final ia ser uma “luta de compadre”, os dois lutadores mostraram algo muito diferente.
Fabinho e Cabral não são atletas. Não são só isso. São, acima de tudo, lutadores, samurai que entraram naquele koto dispostos a dar a vida. A luta foi linda, com os dois buscando a vitória sem medo, sem se pouparem. No final, Cabral conseguiu encaixar um belo mae geri, e venceu a disputa.
Cabral e Fabinho se juntaram a um grupo seleto de lutadores que chegaram à final de kumite individual tanto na JKA quanto no Tradicional. Além dos dois paulistas, somente Chinzô Machida (PA), Lyoto Machida (PA) e Jayme Sandall (RJ) haviam conseguido isso.
No kata por equipes masculino, a exemplo das meninas do sul, os paulistas Andrew Marques, Rodrigo Alves e Marcel Raimo unificaram os títulos da JKA e do Tradicional. Entre homens e mulheres, foi a primeira vez na história que a mesma equipe venceu os brasileiros JKA e Tradicional no kata equipe. Parabéns às gaúchas e aos paulistas pelo feito histórico!
No kumite por equipes, muita emoção na finalíssima entre Bahia e Paraná.
Na primeira luta, Cleverson Santi (PR), encarou o experiente e perigoso Alfredo Gamas (campeão brasileiro de kumite individual em 2008). Os dois trocaram golpes, e Santi acabou acertando o rosto de Alfredo, e provocou um corte grave no supercílio do baiano. A arbitragem entendeu que Alfredo estava entrando, e por isso não puniu o paranaense, que ficou com a vitória por doctor stop (impossibilidade do adversário de continuar lutando por conta de lesão).
Se alguém achou que os baianos iam se abalar com isso, se enganou redondamente.
Arlen Silva (ficou entre os oito melhores no Sulamericano JKA 2015) fez uma excelente luta contra Maicon Bertoli (Representou o Brasil no mundial da Eslovênia), vencendo por um wazari.
Na última luta, Cristiano Conceição encarou Jean Laure, que era um dos atletas mais técnicos de todo o campeonato. O baiano partiu para cima, com muita garra e espírito, e venceu por um jogai. Bahia, grande campeã.


Parabéns a todos os atletas que representaram seus Estados nessa competição.

OSS!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Vitor Belfort e o karate

Vitor Belfort e Andrews Nakahara

Francisco Filho, Gilbert Durinho, Vitor Belfort, Dórea e Artilheiro

Vitor Belfort e Jayme Sandall

Glaube Feitosa

Jayme Sandall, Vitor Belfort e Vinicio Antony (2009)

Vitor Belfort treinando karate é sempre notícia.
Já li muita coisa na internet sobre isso, por isso resolvi escrever aqui a história desse renomado lutador de mma com a arte marcial japonesa.

A primeira vez que o Fenômeno treinou karate Shotokan foi em 2001, para sua luta contra Heath Herring. Ele treinou com o mestre Vinicio Antony, grande campeão do Shotokan (Vice-campeão mundial, Seleção Brasileira por 6 anos, 14 títulos nacionais em diversas categorias...). Os dois se conheciam desde que Belfort era criança, pois viviam no mesmo bairro. Impressionado com a técnica de Vinicio, Vitor começou ali seus treinos de karate.

Anos mais tarde, quando ele estava lutando no extinto evento Affliction, voltou a entrar em contato com Vinicio, pedindo para que ele o treinasse novamente. Naquela época (2009), ele teria uma luta contra o casca-grossa Jorge Santiago, que atualmente é um dos treinadores principais da Blackzillians.
Foi nessa época, exatamente para essa luta contra Santiago, que Vinicio me chamou. Me apresentou ao Fenômeno, e desde então passamos a treinar juntos.

A luta, entretanto, jamais aconteceu, porque o UFC comprou o Affliction, e colocou Vitor para lutar contra Rich Franklin, na época um grande lutador americano. Vitor pediu que Vinicio o acompanhasse em seu camping, mas ele não pôde, devido a compromissos profissionais. Então, Vinicio disse a Vitor para me levar, e esse foi meu primeiro camping com Belfort: ficamos 5 semanas treinando na Xtreme Couture, em Las Vegas.

Lembro que logo após sua vitória, ainda dentro do vestiário, Dana Wite entrou com os irmãos Fertitta, e ofereceu a Vitor a chance de lutar pelo cinturão contra o então campeão Anderson Silva. Vitor disse que achava que ainda era cedo para a luta pelo cinturão, mas Dana insistiu. Ele então, mesmo a contragosto, aceitou a luta. Foi exatamente assim que aconteceu, eu estava lá dentro. Quando dizem que Vitor pediu a luta, isso não é verdade...

Nessa época, Vitor morava com sua família na Barra da Tijuca, que também é o bairro onde moro. Vinicio mora bem perto, no bairro vizinho do Recreio. Treinávamos quase todos os dias na academia do sensei Ugo Arrigoni, que na época também ficava na Barra. Foi assim de 2009 até 2011, quando ele se mudou para os EUA.

Vinicio então montou um treinamento para o desafio contra Anderson. Mas Vitor começou a sentir muito seu ombro, que ele tinha lesionado em um sparring na Xtreme Couture (eu me lembro quando ele levou uma queda, se não me engano de Frank Trigg, e machucou feio o ombro).
Foi Vinicio quem o convenceu a não lutar contra Anderson lesionado. Por isso, ele resolveu fazer uma cirurgia no ombro, e Demian Maia acabou o substituindo na luta contra Anderson em 2010, em Abu Dhabi.

Em 2011, viajei novamente para meu segundo camping com Belfort, na preparação para a luta válida pelo cinturão, contra Anderson Silva, a chamada " Luta do Século". Ficamos um mês treinando na Xtreme Couture. Nessa época, Vitor tinha se mudado para Vegas com a família.

Como ele estava morando em Vegas, passamos a não treinar mais regularmente.

Para a sua luta contra Anthony Johnson, Vitor treinou comigo e Vinicio antes de viajar para o seu camping, e voltamos a treinar na semana da luta. Nessa época, seu treinador principal era o Ray Sefo, lenda do kickboxing.

Em 2012, Belfort conheceu Francisco Filho, primeiro brasileiro a sagrar-se campeão mundial Kyokushin (na final, ele enfrentou o também brasileiro Glaube Feitosa). Impressionado com sua técnica, ele o chamou para integrar o time de treinadores do TUF Brasil. Nessa época, ele treinou muito com Francisco, e também com a fera Andrews Nakahara (também um campeão mundial do Kyokushin).

Para sua luta contra Jon Jones, Vitor me chamou. Mas nessa época eu estava reunido com a Seleção Brasileira Tradicional na preparação para o Campeonato Mundial que aconteceu na cidade de Lodz, Polônia, e por isso tive que recusar o convite.
Para essa luta, ele treinou com Francisco Filho e Andrews Nakahara.
E foram esses dois grandes nomes do Kyokushin que também o treinaram para a sua luta contra Michael Bisping, onde Vitor venceu com um nocaute espetacular (mawashi geri jodan)

Na luta seguinte, contra Luke Rockhold, consegui me organizar para ir novamente ficar um mês nos EUA, dessa vez na Blackzillians, na Florida.
Lá, conheci Andrews Nakahara, e me impressionei com seu karate.
Quando fui embora, Vitor trouxe o grande campeão do K1, Glaube Feitosa. Chegamos a ficar no mesmo apartamento por 2 dias, e pude perceber que além de um grande lutador, Feitosa é também uma pessoa exepcional, e um treinador muito inteligente. Vitor estava em excelentes mãos.

Envolvido com minhas competições de karate, e com o fato de ter sido pai, não pude ir aos campings das lutas contra Dan Henderson e Cris Weidman.

Após a disputa do cinturão, ele voltou ao Brasil e me chamou para treinarmos em sua academia na Barra, a Fortfit - academia essa onde o mestre Vinicio Antony ministra aulas de karate jutsu.

Ele pediu que Vinicio fosse o head coach (treinador - chefe) para a sua próxima luta, contra Dan Henderson.

Vinicio aceitou, e, pela primeira vez, viajou para um camping fora do Brasil, ficando três semanas na Florida, treinando o Fenômeno na academia que ele abriu, a OTB.
Cheguei para dar continuidade ao trabalho de Vinicio, e fiquei por um mês na Florida. Foi meu quarto camping fora do Brasil.


OSS!



domingo, 8 de novembro de 2015

Vitor Belfort vence Dan henderson

Com um mawashi geri avassalador, Vitor Belfort colocou um ponto final no UFC realizado em São Paulo nesse sábado.
Na luta principal da noite, o brasileiro manteve a distância de segurança e esperou pelo momento exato para desferir um chute poderoso, que acertou em cheio a lateral da cabeça do americano.
Após o chute, o brasileiro partiu para cima com sua usual "metralhadora" de socos. Logo, Henderson estava nocauteado no chão.

Foi o final perfeito de um camping muito bem realizado.

Mérito total da equipe de treinadores e dos parceiros de treinos, que se empenharam ao máximo por mais essa vitória.

Ultimamente, tenho visto o Vitor Belfort como o lutador que mais se utiliza do karate Shotokan no MMA. Ele compreendeu e incorporou ao seu jogo, a técnica do todo me waza (golpe único e definitivo), tão treinada no Shotokan.
Tem sido assim em seus nocautes incríveis sobre Rich Franklin, Yoshihiro Akiyama, Michael Bispin, Luke Rockhold e Dan Henderson duas vezes. Ele espera o momento certo e desfere um golpe que praticamente acaba com a luta. Depois, conecta sua sequência de socos que só terminam quando o árbitro interrompe o combate.
Dessa vez não foi diferente: em nossos treinos de karate, Vinicio Antony e eu focamos em golpes da longa distância, no tempo correto. Nós sabíamos que se ele fizesse da forma certa, o americano iria sentir.

Importante dizer que os treinos de wrestling com Kyle Griffin e Jordan Johnson foram fundamentais para que ele conseguisse lutar com serenidade, pois tinha segurança de que se fosse levado ao chão, ficaria bem, fosse levantando, fosse trabalhando no solo.
Fundamental também o trabalho de boxe de Pedro Diaz, que deixou Vitor com os reflexos afiados, e uma visão de luta incrível.

E, se não fosse pelo trabalho exepcional de Cassiano Tytschyo, que imitava com perfeição o jeito de Henderson de lutar quando fazia sparring com Vitor, essa vitória não teria sido possível.

O fato dele ter vencido com um chute, não quer dizer que ele não utilizou tudo o que treinou durante as oito semanas de preparação.

Agora é esperar para ver qual será o próximo desafio de Belfort no octógono mais famoso do mundo.

OSS!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Entrevista com Vitor Belfort na UOL


Segue abaixo entrevista na íntegra que o Vitor Belfort concedeu ao blog do site UOL, NA GRADE DO MMA:

Em meio a tantos combates definitivos que Vitor Belfort lutou na carreira, o carioca vive mais um momento-chave neste sábado. Aos 38 anos, ele vem da amarga derrota para Chris Weidman, em que começou bem o duelo, mas acabou nocauteado, e encara pela terceira vez o veterano Dan Henderson. No ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, Vitor tem só uma missão: provar que o tempo não está pedindo as contas e que, como prega, ainda tem muito para fazer dentro do octógono.
Dono de frases prontas para qualquer momento, não poderia se esperar nada diferente de Vitor que um discurso em que se diz renovado. Na prática, houve mudanças, sendo a principal sua saída da equipe Blackzilians, para formar um time próprio, com antigos e novos companheiros. Segundo ele, deu até para desenvolver novidades para guardar na cartola para a luta contra o “vovô'' Hendo, de 45 anos.
“Não gosto nunca de ser o mesmo de ontem. Estou evoluindo a cada dia. Gosto de aprender e estar sempre evoluindo. Estou com novas 'armas' e pretendo usá-las nesta luta'', afirmou ele, mantendo um mistério sobre que tipo de armas vem desenvolvendo – e vale lembrar que na última vez que ele teve sucesso com algo do tipo, três nocautes com chute vieram em sequência (contra Michael Bisping, Luke Rockhold e o próprio Henderson).
Vitor teve bons anos de sucesso com a Blackzilians, mas estruturou um novo time e diz que isso o motivou. “Esse camp está muito bom, tudo fluindo bem e me cerquei de pessoas com quem já treinava e outros que chegaram agora, como o técnico de boxe Pedro Diaz, o carateca Vinicio Antony, Jayme Sandall (quem me ensinou o chute rodado com que nocauteei o Rockhold), Jordan Johnson, Cassiano Tytschyo… Tenho treinado intensamente todos os dias e estou muito feliz e motivado''.
Apesar da idade e de ter, nitidamente, precisado parar para pensar no seu futuro quando caiu diante de Weidman, o brasileiro vem falando como se tivesse longo futuro à frente. Chegou a sugerir ao UFC a criação de uma classe “masters'', só para veteranos, a partir de certa idade.
“Eu estou motivado e pronto para o combate, preparado para tudo: nocautear, finalizar, lutar cinco rounds… Gosto de lutar, essa é a minha paixão. Luto porque gosto, e não porque preciso. Enquanto me sentir motivado, continuarei.''
A (nova) polêmica do doping
Mesmo com tanto em jogo dentro do octógono, Vitor não fugiu de mais um tema obscuro que veio de fora dele. Recentemente, a revista Deadspin publicou um longo artigo em que mostrou documentos de um exame do brasileiro com níveis anormais de testosterona, durante seu uso do TRT. Feito em 2012, o exame aconteceu antes da luta contra Jon Jones e teria sido acobertado pelo UFC.
Vitor tem preferido o silêncio sobre o tema, mas disse não ter cometido nenhum deslize naquela ocasião.
“Primeiro, quero deixar bem claro que nunca fugi de pergunta nenhuma. Vocês da imprensa sabem muito bem que sempre respondi tudo o que me perguntaram. Minha vida sempre foi um livro aberto. Todos sabiam do meu tratamento (TRT), tiveram acesso a diversos exames meus pessoais e de comissões. Mas, sobre esse assunto, realmente não tenho nada para falar. O que sei, e todos sabem, é que sempre colaborei com UFC, todas as comissões, imprensa e fãs. Aceitei lutar com o Jon Jones faltando apenas três semanas para a luta, salvei um evento e quase o finalizei logo no inicio do primeiro round'', afirmou Belfort, que foi finalizado pelo então campeão dos meio-pesados.
Abaixo, link para a entrevista: