terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nostalgia

Essa é das antigas...
Vai chegando o final do ano, e a gente fica nostálgico, lembrando do passado. Na virada do ano e no aniversário é quando percebemos como o tempo passa rápido.
Revirando minhas fotos, achei essa imagem de 1997. Lá se vão 13 anos (treze!!), quase 14, mas parece que foi ontem.
Eu, com 20 anos recém completados, competia no dangai estadual, o campeonato de faixas verde, roxa e marrom. Havia cerca de quarenta competidores nas categorias kata e luta individual. Apesar de treinar como um louco, nem de longe poderia ser chamado de atleta. Era apenas um cara que adorava treinar, e que encarava a competição como uma prova de fogo.
Morando em Seropédica, a cidadezinha onde ficava a Universidade Federal Rural, onde eu cursava medicina veterinária, eu treinava sozinho durante a semana, e às sextas ia religiosamente treinar com meu sensei, Ugo.
Era um tempo onde o sentimento era mais puro, a competição não era rotina. Na verdade, foi apenas a minha sexta competição. De kumitê, foi a terceira, e a primeira onde consegui vencer alguma luta.
Nesse dia consegui render além do esperado, e venci no kata. Lembro-me que na final, quando anunciei o Enpi, ouvi comentários da arquibancada. Afinal, eu era muito grande para fazer o Enpi. Mas coloquei todo espírito de luta, tentei encarnar o Ugo Arrigoni, e consegui vencer.
No kumite, eu sentia muito medo, e esse medo se traduziu em golpes fortes, eu indo para cima o tempo todo. Venci também, fazendo 5 lutas.
Foram os dois primeiros títulos da minha vida, e sinceramente, acredito que os mais importantes.
No ano seguinte eu seria convocado pela primeira vez para a Seleção Carioca, ainda usando a faixa-marrom.
Na frente da foto, Flávio Costa, Guti, Vinicio Antony e Eduardo Santos.
OSS!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Chinzô Machida perde em sua reestréia no MMA



Ontem à noite, em Salvador, BA, ocorreu o evento de MMA Win Fight & Entertainment (WFE). Na luta principal da noite, o vice-campeão mundial da JKA, Chinzô Machida, enfrentou o faixa-preta de jiu-jitsu Leonardo Laiola.
Chinzô começou a luta como sempre fez no karate: indo para cima o tempo todo. Ansioso, ele não conseguia - ou não queria - esperar que o oponente atacasse, e por isso ele tomou a iniciativa. Sempre caminhando para frente, ele atacou com socos e chutes, encaixando inclusive um mae geri (chute frontal) que fez com que o oponente acusasse o golpe.
Tudo ia muito bem nesse primeiro round, com o carateca dominando o octagon, quando o chão molhado resolveu se voltar contra Machida.
Ele pisou em uma pequena poça, e escorregou, caindo bem perto da grade. Laiola, que de bobo não tem nada, partiu para cima imediatamente, castigando o carateca com ground and pound. Chinzô estava com a cabeça encostada na grade, e levou vários socos no rosto. Logo em seguida, Laiola foi para o chão, e acabou pegando as costas do paraense, encaixando um mata-leão defendido com dificuldade. Mas Chinzô conseguiu se livrar do sufoco, ficando de pé.
No segundo round, ele caminhava para cima novamente, quando deu um mae geri e escorregou de novo. Dessa vez, Laiola não conseguiu muita coisa, pois Chinzô fechou a guarda. O árbitro, Carlão Barreto, paralisou a luta, e os dois voltaram de pé.
No resto do segundo e no terceiro round, Chinzô atacou o tempo todo, caminhando para frente, enquanto Laiola caminhava para trás e se defendia, tentando às vezes encaixar um cruzado. Mas nenhum golpe do carateca entrou com contundência, e Laiola venceu por decisão unânime dos árbitros.
Conversei com Take, o irmão mais velho de Chinzô, e ele me disse que eles todos estavam muito tranquilos, apesar de tristes com a derrota. Chinzô aceitou bem, e agora pensa em acumular mais lutas, ganhar experiência, e seguir com sua carreira no MMA.
Agora, para a família Machida, é olhar para frente, e torcer para que 2011 traga mais sorte do que 2010...
De consolo, ficou a vitória de Perseu, da academia Machida, que fez a primeira luta da noite, vencendo por desistência do oponente.
OSS.

domingo, 12 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sites e blogues de karate

Pesquisei vários sites e blogues de karate tradicional / JKA e encontrei muita coisa interessante. Separei alguns links que na minha opinião valem a pena dar uma olhada.
Primeiro o site oficial da JKA do Brasil, onde podem ser encontradas informações detalhadas sobre os eventos passados, além de agenda e contato para cadastro na JKA (http://www.nkkbrasil.com.br/)
Há o site oficial da Confederação Brasileira de Karate-dô Tradicional (http://www.cbkt.org/) que direciona para a página da PUC-PR, onde há informações.
O site da Federação de Karate-dô Tradicional do estado do Rio de Janeiro: http://www.ferjkt.com.br/
Há um site, do carateca Daniel Veríssimo Pinto, que é muito interessante e repleto de informações e histórias sobre o karate JKA do Japão: http://pintokaratedojo.wordpress.com/
Para quem quer conhecer um pouco mais da história do karate brasileiro, recomendo o excelente blog do sensei Robson Maciel: www.robsonmaciel.blogspot.com
Há o blog do sensei Enobaldo Athaíde, da bahia: www.academiareflexo.blogspot.com
E o blog do atleta multi-campeão de kata da JKA Rousimar Neves, de Minas: www.dojorousimarneves.blogspot.com
O site da Shobukan, do sensei Kazuo nagamine, e onde treinam Fábio Simões e César cabral, além das feras Jaime Fares e João Camilo: www.shobukanjka.com.br
Para finalizar, o site oficial da matriz JKA, no Japão: www.jka.or.jp
Há muitos outros, basta procurar.
Nesses tempos de internet, só fica sem informação sobre o karate quem quiser!
OSS

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

VI Sulamericano JKA na SPORTV

Finalmente vai passar a matéria sobre o VI Sulamericano da JKA, realizado em Belém, PA, nos dias 18 e 19 de setembro.
A matéria vai ao ar no programa Passando a Guarda desse sábado (11/12/2010), às 20 h.
O programa, apresentado por Jorge Guimarães, o Joinha, mostrará lances dos atletas brasileiros em ação, além da reportagem feita por Luciana Furlan na conquista do tricampeonato sulamericano de kumite por equipes pelo Brasil. Haverá imagens das lutas na grande final contra o Chile, além da participação do campeão Lyoto Machida, falando sobre essa importante competição realizada em sua cidade.
OSS.

http://combate.globo.com/Programacao/grid-index.grade.html

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Chinzô Machida

Está chegando a hora!
Depois das vitórias do Paulo Afonso, na década de noventa, e do consagrado Lyoto Machida, agora é a vez de mais um paraense do Shotokan Tradicional / JKA lutar MMA.
Chinzô já fez duas lutas, há quatro anos. É possível ver as lutas nos links: http://www.youtube.com/watch?v=n4L4jDitr8o

http://www.youtube.com/watch?v=7oRY6E9q-zg&feature=related

Agora, no dia 15 de dezembro, volta aos ringues das artes marciais mistas para tentar trilhar um caminho e sucesso, como o que teve no karate - 11 vezes campeão brasileiro de kumite individual, bi-campeão sulamericano de kumite por equipes e vice-campeão mundial JKA em 2006. A final contra o japonês Koji Ogata no link: http://www.youtube.com/watch?v=_tdzgpikaOA

Desejamos toda a sorte do mundo para esse excelente atleta do nosso karate.
OSS!

domingo, 21 de novembro de 2010

Lyoto vs Rampage: um resultado polêmico



Ontem (20/11/2010), aconteceu o confronto dos ex-campeões do UFC. De um lado, o norte-americano Quinton “Rampage” Jackson, um nocauteador de mãos pesadas e ground and pound avassalador; do outro, o brasileiro Lyoto Machida, com seu karate preciso.
A luta foi exatamente isso: Rampage indo para cima, querendo definir com socos fortes ou derrubar na tentativa de ficar por cima, castigando o adversário. Lyoto, por sua vez, recuava, tentando manter a longa distância, usando toda sua paciência para não se expor.
No primeiro assalto, Machida começou castigando a perna da frente do adversário com chutes baixos pelo lado de dentro. Acertou bons chutes, mas nada que parecesse abalar Jackson. No final, um round morno, que, para mim, poderia ter sido empate, ou até uma vitória apertada para o carateca.
No segundo, Quinton veio um pouco melhor, e além de um soco no rosto, conseguiu derrubar Lyoto – que logo se recuperou. Outro assalto difícil de se escolher um vencedor. Poderia ser empate novamente, ou uma leve vantagem para Jackson.
No terceiro...
A paciência de Lyoto finalmente deu resultado. Quinton abriu uma brecha – talvez a única de toda a luta – e foi o suficiente para o deai do brasileiro. Lyoto mandou a bomba, que explodiu certeira no queixo do adversário. Muito rápido, Machida explodiu mais dois golpes em sequência, e Rampage ficou claramente abalado, quase sofrendo um knockdown.
Lyoto foi para cima socando sem parar, e conectou um mawashi geri no rosto, mas o americano defendeu todos os golpes se fechando. No final na seuquência, o brasileiro derrubou com facilidade, e depois de passar a guarda, montou. Bateu um pouco, castigou, e tentou um armlock, que foi defendido na força bruta.
Claramente o round foi vencido por Lyoto, com sobras.
Quando o gongo soou, os dois se abraçaram, e Quinton levantou a mão de Lyoto para o público. Segundo ele, o brasileiro tinha vencido, sem sombra de dúvidas.
Mas os juízes pensaram diferente, e por decisão dividida, deram a vitória ao americano, que ficou muito surpreso com o resultado.

O resultado é tudo?
Ginchin Funakoshi, o pai do karate Shotokan, dizia que a vitória deve ser igual à derrota, para um praticante de karate. Confesso que sempre tive dificuldade de entender isso, pois a gente sempre quer vencer. Quando se pisa em um kotô para uma competição de karate, ou em um ringue ou octógono para uma luta de MMA, o importante é sair com a vitória, não é?
Depende.
Hoje, finalmente, acho que comecei a entender o significado de “vitória igual à derrota”.
Deve-se entrar com o intuito de fazer o melhor possível na luta. Atingir o oponente, sem que ele nos atinja. Demonstrar força, técnica, velocidade e espírito de luta. O resultado, esse sim, deve ser encarado como igual. Se você conseguiu lutar melhor, bater sem ser atingido, o que importa o resultado?
Quinton Jackson mostrou ser um samurai. Além de educado, honesto e leal, ele provou que é um lutador de sangue. Veio com tudo, tentou nocautear o tempo todo. No final, sentiu que perdeu, e disse isso. Nem comemorou a vitória, por considerar que tinha perdido.
Lyoto ficou triste, claro, mas também aceitou bem a derrota.
O que importa é a forma como ele lutou, e não o resultado que os juízes definiram.
Se eles deram a vitória a Rampage, ponto final, é partir para a próxima – seja uma revanche ou seja com outro oponente -, sem pensar em resultado injusto ou o que quer que seja.
Parabéns aos dois samurais, que fizeram uma luta cerebral, uma batalha de 15 minutos entre dois gigantes.
OSS.
* matéria sobre a luta no Portal do Vale-Tudo:
http://www.portaldovt.com.br/pt/?channel=2&id=2374

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Lyoto Machida vs Quinton "Rampage" Jackson



Nesse sábado, dia 20 de novembro, o carateca Lyoto Machida lutará pela primeira vez após sua derrota para o compatriota Maurício Shogun.
Depois de perder o cinturão, Lyoto volta para a fila e dessa vez enfrenta o duríssimo Quinton “Rampage” Jackson. Com uma mão muito pesada, o americano vai ter que vencer a qualquer custo, pois anda em baixa depois de sua derrota para Rashad Evans – de quem Lyoto tirou o cinturão com um belo nocaute.
Rampage deve tentar puxar a luta para a curta distância, onde é perigosíssimo, com socos que mais parecem tijoladas. Na luta contra Rashad, inclusive, depois de quase ter sido nocauteado com apenas alguns segundos do primeiro round, ele levou a luta até o fim, e aplicou um gancho que balançou Evans e quase deu a vitória para Rampage. É um ex-campeão da categoria que deve ser temido e respeitado.
Mas do outro lado do octógono estará outro ex-campeão, o brasileiro do Shotokan, que tem um cartel mais do que respeitável, com 16 vitórias e apenas uma derrota. Em seu caminho no MMA, Machida venceu nomes de peso como BJ Penn, Rich Franklin, Rameau Sokodjou (que vinha de vitórias com nocautes incríveis sobre Minotouro e Ricardo Arona), Sam Greco (uma lenda do K1), Tito Ortiz, Tiago Silva (até então invicto), Rashad Evans (também invicto) e o próprio Shogun.
Conversei com Lyoto em Belém, e achei que ele está “nos cascos”, muito bem preparado tanto física quanto mentalmente. Chinzô e ele têm treinado muito forte e a estratégia está armada. Ele vai tentar manter a luta a distância, atacando com precisão cirúrgica, sem se expor aos contra-golpes do norte-americano.
Vamos torcer por mais uma vitória do representante do nosso karate nessa luta difícil, nesse duelo de titãs que será travado nos Estados Unidos.
OSS!
* No link, matéria que saiu no jornal O Globo sobre Lyoto:
http://oglobo.globo.com/esportes/mat/2010/11/18/lyoto-machida-enfrenta-quinton-jackson-tentando-dar-volta-por-cima-no-ufc-923053085.asp

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Resultados XV Campeonato Mundial de Karate Tradicional

O Brasil é campeão mundial mais uma vez!
Os atletas brasileiros comprovaram sua força ao vencerem pela terceira vez a categoria kumite por equipes masculina, no XV Mundial de karate Tradicional. Os lutadores Ricardo Buzzi (agora tetra-campeão mundial), Vinícius Moreno (MT), Vinícius (PR) e Thiago Lima (MT), conquistaram o cobiçado título na final contra a poderosa equipe italiana. Depois de passar na semi-final pelos fortíssimos poloneses, os brasileiros venceram por desclassificação (excesso de contato) da equipe da Itália, ainda na primeira luta.
Depois de vencer em 2004 e 2006, o Brasil conquistou o tri, em casa. Ficou um gosto de revanche, pois no mundial de 1996, realizado em São Paulo, os brasileiros ficaram com o vice por muito pouco.
Nesse mundial, a hegemonia mundial se dividiu entre Brasil, Itália, Polônia e Romênia.
Infelizmente, nas categorias individuais de kata e kumite, masculino e feminino, nenhum brasileiro classificou-se para as finais.
No fuko-go, entretanto, o mato-grossense Rodrigo Lúcio classificou-se para a semi-final. Infelizmente, ele perdeu no Ki-tei kata para o italiano, que fez a final com um compatriota.
Na III Copa Internacional Interclubes, Ronaldier Nascimento (BA) levou os títulos de kata e kumite individual.
Parabéns a todos!
OSS.

* Resultados completos no link: http://www.pucpr.br/karate/conteudo.php?noticia_id=37
** A final por equipes, contra a Itália: http://www.youtube.com/watch?v=yG0nY6suCRw

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

XV Campeonato Mundial de Karate Tradicional


Acontecerá nesse final de semana o XV Campeonato Mundial de Karate-dô Tradicional, na cidade de Curitiba, PR. É a segunda vez que o Brasil recebe o mundial da ITKF, sendo a primeira em São Paulo, 1996.
Atletas de todas as partes do mundo se confrontarão em duelos nas categorias kata individual, fuko-gô, kumitê individual, en-bu (luta combinada) e kata e kumitê por equipes.
Vamos torcer pelos atletas do Brasil, entre eles os tri-campeões mundiais Ricardo Buzzi (campeão de kumitê individual em 2002 e campeão de kumitê por equipes em 2004 e 2006), do Paraná, e Vladimir Zanca (campeão de en-bu misto com Vilda Lúcio, também do Mato Grosso, em 2000, e campeão de kumitê por equipes em 2004 e 2006).
Que a fortíssima Seleção Brasileira, sob o comando do técnico Nélson Santi (PR) e a coordenação do sensei Watanabe, possa conquistar muitos títulos, provando o alto nível do karate Tradicional brasileiro.
OSS.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Chinzô lutará MMA em 2010

Agora está confirmado: Chinzô Machida (E) vai lutar MMA em um evento na Bahia, em dezembro.
No ano de 2006, o vice-campeão JKA de kumitê individual fez duas lutas de Mixed Martial Arts, ambas no evento Jungle Fight. Na primeira, venceu por nocaute técnico, e na segunda, perdeu por finalização.
Tendo se dedicado muito nesses quatro últimos anos aos treinos de karate, jiu-jitsu e wrestling, o paraense está preparado para encarar o desafio.
Detalhes da luta nos links:
https://wfemma.wordpress.com/

http://www.tatame.com.br/2010/11/03/Chinzo-Machida-comenta-volta-ao-MMA

sábado, 30 de outubro de 2010

Final do campeonato brasileiro JKA 2006 (1)

Final de kumite individual do campeonato brasileiro JKA de 2006 entre Chinzô Machida (PA) e Ronaldier Nascimento (BA).

Esses dois atletas protagonizaram uma das maiores rivalidades dentro do karate Tradicional / JKA de todos os tempos. Além dessa final na JKA, eles fizeram três finais seguidas no Tradicional: 2001 (PR) e 2002 (GO), ambas vencidas por Chinzô, e 2003 (MT) vencida por Ronaldier.

Se levarmos em conta as categorias individuais dos campeonatos brasileiros Tradicional (kata, luta e fuko-gô) e JKA (kata e luta), eles somam 29 títulos (15 do baiano, e 14 do paraense)

Final campeonato brasileiro JKA 2006 (2)

domingo, 24 de outubro de 2010

O problema é o ser humano

Quando Bruce Lee popularizou as artes marciais orientais divulgando o Kung Fu em seus filmes, muitos consideravam essa luta chinesa como a melhor de todas. Qualquer outra era inferior, o Kung Fu reinava no imaginário popular.
Depois veio a onda mundial do Karate, mais especificamente o Shotokan. Aí então os faixas-pretas eram considerados pessoas perigosas, que poderiam matar com apenas um golpe. As outras lutas, coitadas, não tinham a menor chance.
No começo dos anos noventa, novo “bum”, dessa vez, do Jiu Jitsu. A luta agarrada teve seu nome divulgado mundo afora através da família Gracie. E todas as outras lutas passaram a ser inúteis, ridículas, só o Jiu Jitsu servia.
Com a evolução do vale-tudo – e com praticamente todos os lutadores aprendendo luta de chão – os confrontos começaram a ser decididos em pé, na trocação. Veio o Muay Thay desbancar todas as outras. Aí, nenhuma prestava, só o Muay Thay.
Com o K1, o confronto entre Muay Thay e Kyokushin se acirrou, e muitos lutadores da arte marcial de Okinawa mostraram seu valor. Então, lá foi o Kyokushin disputar o título de “melhor luta de trocação” com os praticantes de Muay Thay.
Agora, para surpresa de muitos, o Karate Shotokan volta aos holofotes com Lyoto Machida. E eis que vejo pasmo em sites de bate-papo as pessoas apregoando que o Shotokan é a melhor luta que existe, porque Lyoto venceu lutadores de Muay Thay, etc.
Conclusão: Shotokan é a única luta de alto que presta, muito melhor que todas as outras.
Fiquei intrigado. Desde novo, jamais desmereci nenhuma luta séria – ou seja, aquelas onde há treinos duros, combates, etc. Qual é o ponto em se fazer isso? Será que desmerecendo os outros, nos sentimos melhores? Será que diminuindo os outros nos sentimos maiores?
Karate Shotokan, Kyokushin, Kung Fu, Muay Thay, boxe, Tae Kwon Do, judô, jiu-jitsu, luta-livre, etc, etc, etc... TODAS são artes marciais de extrema eficiência. O melhor ATLETA terá vantagem, independente de qual luta pratique.
O único fato é que para que um lutador seja completo ele deverá praticar uma luta de alto e uma de chão (judô/Shotokan, ou jiu-jitsu/boxe, ou luta-livre/kyokushin, ou qualquer outra combinação). Aí sim ele poderá ter certa vantagem sobre quem pratica só uma.
Vou sempre bater nessa tecla de que não existe melhor luta, mas melhor lutador, apesar de saber que o problema é o ser humano, que sempre tenta puxar a brasa para a sua sardinha.
OSS.

domingo, 17 de outubro de 2010

Chinzô Machida vs Fábio Simões

Uma super luta entre dois dos maiores lutadores do Brasil, válida pela semi-final do campeonato brasileiro JKA de 2006.

OSS

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entrevista: Rousimar Neves



Rousimar Neves é conhecido em todo Brasil pela sua qualidade técnica e por seus inúmeros títulos de kata individual e por equipe. Ele está na Seleção Brasileira desde 2004, tendo desde então participado como titular em todas as competições internacionais.
Em 1999, participou do Panamericano de karate Tradicional pela Seleção Brasileira.
Mas o multi-campeão é também o responsável pelo fortalecimento do karate JKA de Minas Gerais, e tem trazido muitos atletas fortíssimos aos campeonatos brasileiros da JKA, e cedeu alguns inclusive para a Seleção Brasileira, como Bernardo Marinho, Fernando Macedo, Laís Lery, Juliana Filgueiras e Juliana Vitral, entre outros.
Além de ser atleta e professor de karate, tem ainda que acordar todos os dias às 4:45 para ir para o trabalho. Tem que ter fôlego e força de vontade - uma realidade entre os atletas da JKA no Brasil.

- Há quanto tempo pratica karatê?

Há trinta e dois anos.

- De todos os seus títulos, qual considera o mais importante?

Todos eles tiveram sua importância... mas o último agora, do sul americano, teve um prazer maior, porque depois de ficarmos três anos consecutivos sendo vice dos argentinos, finalmente conseguimos ganhar. E essa foi a primeira vez que o Brasil conquistou esse título no kata equipe masculino.
Um outro que marcou também foi no confronto da equipe brasileira contra a equipe da universidade Kokushikan, do Japão. Dos oito finalistas do kata, sete eram japoneses. Consegui ficar em segundo lugar. Quando entrei para a final, o ginásio inteiro gritava “Brasil”! Foi de arrepiar...
Isso aconteceu na USP. Nunca mais esqueci.

- Qual foi a primeira competição que participou?

Eu tinha 15 anos, no mesmo ano em que comecei a treinar. Foi um torneio na cidade de Rio Pomba, onde ganhei kata e kumite na minha faixa etária.


- Quem foi o melhor lutador que já viu competindo?

No Brasil tem vários lutadores excelentes. Gosto muito das lutas do Paulo Afonso (PA). Tem o Vinicio Antony (RJ), Ronaldier (BA), Lyoto e Chinzô Machida (PA), Vladimir Zanca (MT)... a lista é grande. Você também, que está em uma excelente fase, e prova disso foi sua vitória no kumite individual no brasileiro desse ano, onde passou por lutas muito difíceis, sendo a mais complicada delas contra o Paulo Afonso.
No Japão tem o Ogata, que pudemos ver lutar bem de perto. O cara é muito bom, com um tempo de luta incrível.
Tem o Kokubun (JPN), que tem uma tranqüilidade incrível, o La Grange, da África do Sul, que é excelente...
Isso sem falar nos que nunca vi lutar, mas ouvi falar muito, como Ugo Arrigoni, Ronaldo Carlos, Denílson Caribe... a lista é grande, e seria injusto dizer um nome só.


- Você acha que o treino de kata ajuda no kumite?

Tenho toda certeza que os dois caminham juntos.
Através do treino constante de kata você aprende a relaxar os ombros, focalizando toda a força no tandem, e com isso a sua sequência de golpes no kumite fica com uma velocidade incrível. Assim como suas defesas para o contra-ataque.
E o treino de kumite faz com que o kata não fique somente como uma coreografia. Para mim quem faz kata tem que mostrar um algo mais do que o simples movimento. Tem que mostrar que realmente está lutando, e que o que está fazendo também seria feito na hora do kumite. Esse é o espírito.
Creio ser esse o meu jeito de treinar, e que ainda me faz competir até hoje.


- O que dá mais prazer, ser campeão ou ver seus alunos ganhando?

Anos atrás eu me preocupava muito em ganhar medalhas. Hoje o que mais importa é se estou ou não conseguindo me controlar... minha ansiedade, medo, insegurança. Melhorando isso, vou melhorar como pessoa. Mas fico feliz sim, confesso, quando os meninos me deixam ganhar...rsrs...estão sendo bonzinhos comigo.
E agora, vendo meus alunos seguindo meus passos, fico muito feliz. Cada vez que um deles entra, é como se eu estivesse entrando junto, sem demagogia. Desde o mais novo, Daniel Klein, até o Fernandinho, com 21 anos, passando por todos que fazem parte da minha equipe: Juliana Vitral, Juliana Filgueiras, os irmãos Braga – Bernardo, Lucas e Victor.
Senti imenso prazer vendo minha filha, Caroline, participando comigo no sul americano, no Chile em 2008. Também quando fizemos en-bu num campeonato brasileiro Tradicional. Eu achava engraçado quando partia para cima atacando e olhava para o rosto meio assustado dela...rsrs. Foi muito gratificante. Essa, inclusive, foi minha despedida nas competições de en-bu.
Hoje me sinto mais feliz vendo meus alunos sendo campeões, do que eu mesmo ganhando. Dá aquela sensação de dever cumprido. O que peço a eles é somente lealdade, humildade e respeito, para comigo e com todos.


- Você vem desafiando o tempo, pois a idade não parece pesar e você dá a impressão de estar cada dia mais competitivo. Você considera que está na melhor fase da sua vida de atleta? Até quando pretende competir?

Realmente nunca pensei em desafiar o tempo... me sinto bem competindo, e não me vejo sem treinar karate, e cada vez que treino consigo melhorar alguma coisa e me dá vontade de testar. É isso o que tem me acontecido. Mas a idade pesa sim... e esse ano foi ainda mais difícil, pois fui para o campeonato brasileiro JKA com hérnia inguinal bilateral, e isso me atrapalhou muito para treinar. Não fui 100%, tanto que fiquei na reserva do kumite equipe. Voltei do brasileiro e fiz a cirurgia o mais rápido possível para me recuperar a tempo do sul americano. Mesmo assim não cheguei 100% também. E mesmo com esses contratempos ainda consegui os títulos este ano que você já conhece, estava ao meu lado.
Me sinto numa fase muito boa sim, o que me falta de condicionamento físico é compensado pela experiência que tenho hoje. Com isso tenho aprendido a usar a energia somente na hora de necessidade mesmo. E isto deixa meus movimentos mais fortes e rápidos.
Pretendo competir ano que vem no Mundial da Tailândia. Vamos ver se terei força.
Mas queria mesmo era completar os 50 anos competindo no absoluto...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Matéria no Portal do Vale-tudo

Segue abaixo a transcrição na íntegra da matéria publicada no Portal do Vale-Tudo

"05/10/2010 - 17:10:53

Ex-treinador de Belfort vence Sul-Americano de Karate treinando sozinho
Marcelo Alonso


Campeão brasileiro de luta individual e tri-campeão brasileiro de equipes no karatê Shotokan em 2010, Jayme Sandall foi um dos grandes destaques da seleção brasileira que venceu o sul-americano, disputado no dia 19 de setembro em Belém. O curioso é que para conseguir estes títulos o carioca treinou sózinho. "Desde setembro de 2009 após a volta do UFC 103, aonde ajudei nos treinos de Vitor Belfort, por problemas de horário e de trabalho, passei a treinar sozinho, Eventualmente treinava com Vinício Antony e Vitor Belfort. Vinício, inclusive, me ajudou muito me passando treinamentos mais profissionais, muito parecidos com os que os lutadores de MMA fazem”, conta Jayme. Após esse período difícil, as coisas só pioraram para Jayme. Em fevereiro de 2010, a academia aonde ele dava aula foi demolida, e desde então ele ficou sem dar aulas e ter aonde treinar. Sem deixar que isso o atrapalhasse, Jayme passou a treinar no bosque do condomínio Barra Sul, na Barra da Tijuca. “Na vida, se nós deixarmos um obstáculo nos atrapalhar, não vamos pra frente. Por isso, na maioria das vezes eu treinava sozinho, algumas outras com dois alunos meus, e outras com um grande amigo que é faixa preta”.

Para não perder o ritmo e manter a forma, Jayme, com a ajuda de Vinício Antony, fez um novo treinamento e adaptou as suas condições. “Quando chove forte, faço um treino que desenvolvi, específico para o karatê, na escada do meu prédio. No bosque, levo meu aparador para poder bater, e meu extensor de borracha, que tem sido um grande plus no meu treinamento de explosão. Faço o reforço muscular em casa, com pesos que comprei. Chego sempre em casa sujo coma terra do bosque, e quando o chão está molhado, chego cheio de lama. Minha mulher adora, para não dizer o contrário (risos)”.

Mostrando que tem força de vontade para continuar, Jayme mostra que a batalha continua e espera em breve ter um patrocínio para ajudá-lo no que for preciso.

“Por incrível que pareça, seguindo esse treinamento que o Vinício me passou,estou treinando seis vezes por semana sem desanimar e meu desempenho melhorou. É como eu disse, para ser campeão tem que ter força de vontade e seguir em frente. Ficar se lamentando, choramingando, não leva a lugar nenhum”.



Segue abaixo o restante da entrevista com Jayme Sandall:


Em qual categoria você venceu o Sul-Americano ?

Luta por equipes. Fiz um total de cinco lutas (individual + equipe) e venci quatro.

Além de você, quem são os maiores nomes da seleção hoje?

Wagner Pereira (SP), Fábio Simões (SP), Vladimir Zanca (MT), Rafael Moreira (RS) e Paulo Afonso (PA). O Paulo Afonso, inclusive, foi o precursor do nosso karatê no MMA, fazendo seis lutas, se não me engano. Na época, apesar de vencer seus confrontos com belos nocautes, ele foi prejudicado no karatê, porque a organização era contra a participação no então chamado vale-tudo. Isso tudo aconteceu na década de noventa. Agora ele está de volta às competições de karatê, atropelando os adversários.

Qual país é a maior potência do Karatê?

O Japão, inegavelmente. Isso se dá pela enorme quantidade de praticantes, porque fica mais fácil encontrar grandes talentos. O karatê recebe muito apoio lá, e os atletas podem viver disso. Além, é claro, da qualidade ímpar dos mestres e professores de lá. É mais ou menos como o jiu-jitsu no Brasil: imenso número de praticantes + qualidade dos mestres e professores = os melhores atletas do mundo.

Depois que ajudou o Vitor para a luta com o Franklin parou de treiná-lo?

Não, continuamos treinando direto depois da luta. Nos últimos dois meses é que ele foi para os EUA, e então paramos de treinar. Mas havia a idéia de eu e Vinício Antony irmos para os EUA para o último mês de preparação dele para a luta com o Okami - que foi cancelada.

Como você viu a derrota do Lyoto?

Fiquei sem dormir naquela noite. Foi muito difícil ver um amigo perder, ser nocauteado. Mas são coisas da vida de qualquer lutador. Acho que o Shogum lutou muito bem, estava com a cabeça muito boa e conseguiu impor seu jogo. Mérito total dele.

Depois que o Lyoto perdeu, o Belfort parou de dar ênfase aos treinos de Karatê?

Na verdade não. Logo depois da derrota, continuamos treinando. Ele inclusive trouxe alguns equipamentos novos muito interessantes dos EUA, como extensores especiais. O Vinício puxava os treinos e eu e Vitor treinávamos forte. O Vitor procurou o karatê em 2001, bem antes de o Lyoto fazer sucesso. E ele sabe das qualidades do Shotokan. É claro que as vitórias do Lyoto foram um estímulo, mas quem conhece o Shotokan bem praticado, confia.

Como vê o confronto dele com o Anderson?

Que o Anderson é um dos melhores lutadores de todos os tempos, eu nem preciso falar. Todo mundo sabe. O Vitor também - não é a toa que recebeu o apelido de "fenômeno". Acho que vai ser uma das melhores lutas da história do MMA, onde tudo pode acontecer - desde a trocação franca até uma finalização no chão. Acredito que vai ser uma luta muito estudada, os dois vão tomar muito cuidado e tentar ser precisos, porque um erro nessa luta pode ser fatal.

Como conseguiu ser campeão treinando sozinho?

Obstinação. Se eu deixar os problemas me desanimarem, ficar me lamentando que não tenho a estrutura ideal, nem patrocínio, e todo esse blá blá blá, não vou chegar a lugar nenhum. Por isso coloquei na cabeça que isso ia ser bom pra mim, que eu poderia fazer treinos mais específicos, e usei a adversidade como estímulo. O Vinício passou umas séries de treinos bem interessantes que eu consegui fazer sozinho. Às vezes treinava na chuva, porque tenho treinado ao ar livre. E, tomando água na cabeça, escorregando na lama, ficava com raiva, e usava isso para treinar com mais força. No final, acabou dando certo...

Sem patrocinadores, você consegue viver só do Karatê ou tem que trabalhar em outras áreas?

Sou veterinário, formado desde 2001. Viver sendo atleta de karatê, no Brasil, é praticamente impossível. Eu sempre soube disso, então segui em uma profissão que adoro, e que consigo ter horários muito flexíveis.

O Karatê não conseguiu uma vaga nas olimpíadas. Como vê esta falta de apoio?

O karatê não está nas olimpíadas, e isso dificulta imensamente na hora de arrumar patrocínio. Mas isso é culpa da politicagem dentro do karatê, que se dividiu em várias federações e organizações. Tudo que é dividido fica mais fraco, mas infelizmente os interesses pessoais ficaram por cima da arte marcial. O resultado é a fragmentação do karatê."

www.portaldovt.com.br/pt/?channel=2&id=2214

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Fotos do Sulamericano 2010

Saíram as fotos oficiais do VI Sulamericano, tiradas pelo fotógrafo Sidney Oliveira, aluno do sensei Paulo Afonso (PA). Contatos através

do email: sidneyoliveiraimagem@hotmail.com











* Outras fotos nas páginas "Seleção Brasileira" e "Cenas de Luta".
OSS!



terça-feira, 21 de setembro de 2010

VI Sulamericano JKA 2010

As equipes masculina e feminina de kumitê, com os técnicos Kazuo Nagamine (SP), Enobaldo Athaíde e Ugo Arrigoni.

Fernando, Rousimar e Bernardo, a equipe de kata do Brasil desde 2007

O cumprimento inicial entes da grande final de kumitê por equipes.


A equipe de kumitê: Paulo Afonso, César Cabral, Jayme Sandall, Wagner Pereira e Diego Andrade (de pé); o técnico Enobaldo Athaíde, Vladimir Zanca e Fábio Simões (agachados)



Nos dias 18 e 19 de setembro de 2010, aconteceu na belíssima capital paraense o VI Campeonato Sulamericano JKA.
O campeonato em si foi um dos melhores que já vi, apesar do calor intenso e abafado que assolou Belém nesses dias. Take Machida provou mais uma vez todo seu poder de organização e administração e conseguiu arquitetar um evento grandioso.
Além de um público impressionante que lotava as arquibancadas e torcia intensamente pelo Brasil, havia mídia local e até a SPORTV cobrindo o sulamericano, além de contar com a presença do campeão Lyoto Machida, que junto com seus irmãos – Chinzô e o próprio Take – fez uma apresentação primeiro do kata So Chin, e depois uma luta combinada onde Lyoto demonstrava o Shotokan aplicável no MMA. Show!
A única coisa triste foram as ausências de Rafael Moreira (RS) e Marina Brito (PA), ambos com o joelho operado, e em recuperação, e do fotógrafo oficial da JKA Wagner Silveira, que dessa vez, para tristeza geral, não pôde ir.

No feminino, mais uma vez, as mulheres deram espetáculo. No kata por equipes, Manuela Spessatto (RS), Aline Dotta (SP) e Maysa Luz (PA) conquistaram o título, deixando as uruguaias em segundo lugar. No individual, Aline Dotta ficou com a prata e Manuela com o bronze.
No kumitê por equipes feminino, Sônia Coutinho (PA), Maysa Luz (PA), Manuela Spessatto (RS, Daniela Baldini (BA) e Juliana Filgueiras (MG) venceram as fortíssimas argentinas na grande final. Manuela abriu a série, empatando uma luta difícil. Maysa entrou e não perdeu tempo: cravou 2 x 0 em menos de um minuto. Sônia então apenas administrou o empate contra a mais forte das argentinas, a alta Janete com seu kizami matador. No individual, final brasileira, com Manuela e Sônia. A primeira passou por uma uruguaia que batia muito no rosto, muito forte, enquanto Sônia - atual campeã brasileira – vencia por 2 x 1, de virada, a praticamente imbatível Janete. Na final, Sônia venceu Manuela, e o ouro e a prata ficaram em casa.

No kata masculino, Marcelo Monzòn (ARG) foi campeão, deixando Luís Fernando (PA) com a prata, por muito pouco. O aluno de Paulo Afonso fez um Unsu que quase levou o título na final. Rousimar Neves (MG) ficou em quarto lugar.
Mas Rousimar estava focado em conquistar outro título...
Comandando seus alunos – Fernando Macedo e Bernardo Marinho -, ele queria trazer o título inédito para o Brasil. E, com um So Chin de arrepiar eles conseguiram. Pela primeira vez o Brasil foi campeão sulamericano de kata por equipes! Parabéns para a equipe tetracampeã brasileira (2007, 2008, 2009, 2010).
No kumitê individual masculino os argentinos fizeram a festa, conquistando o título com Jorge Rivas (campeão em 2007 e 2009), deixando Gastón Gomes novamente com a prata, numa reedição da final do ano passado, e repetindo também a final do campeonato argentino de 2010. Três brasileiros ficaram entre os oito melhores: Wagner Pereira (SP), Fernando Macedo (MG), que venceu um chileno que era um dos atletas mais perigosos de toda competição, e Paulo Afonso, o ídolo paraense que a cada vez que pisava no koto levava o público ao delírio.
Mas a cabeça dos atletas estava no kumitê por equipes...

Como muitos dizem, essa categoria é o filé mignon das competições internacionais. Todo mundo quer vencer.
E a equipe chilena veio disposta a isso. Trazendo uma turma jovem com um jogo típico da WKF, com muita movimentação e uma velocidade incrível, eles atropelaram a equipe argentina, atual bicampeã, na semifinal. Enquanto isso o Brasil vencia o Uruguai na outra semi.
Seria muito difícil anular o jogo dos chilenos, que estavam muito fortes e concentrados em vencer o título mais cobiçado.
Mas a equipe do Brasil estava praticamente imbatível.

Desde o anúncio dos integrantes da equipe, no treino de sexta-feira, quando sensei Enobaldo Athaíde (BA) chamou pelo microfone, diante de toda a delegação, um nome de cada vez: “Vladimir Zanca, Wagner Pereira, Fábio Simões, Paulo Afonso, Jayme Sandall, Diego Andrade e César Cabral”. Um arrepio percorreu todos os sete, que depois juntaram as mãos e fizeram o grito de guerra: “um, dois, três... BRASIL!”
Os técnicos Ugo Arrigoni (RJ) e Enobaldo Athaíde, além de armarem uma estratégia perfeita, tinham a equipe nas mãos, com a confiança incondicional de todos os integrantes. Ninguém tinha vaidade ou desconforto de lutar em qualquer posição que fosse, ou mesmo ficar na reserva. Eles conseguiram unir ainda mais a equipe.
Finalmente chegou a hora. O ginásio lotado estava em silêncio quando os juízes mandaram perfilar para o cumprimento das duas equipes finalistas. Era a última categoria em disputa.

Entrei primeiro, na posição em que me sinto mais confortável, abrindo a equipe. Consegui dominar a distância e impor meu jogo, e cravei 2 x 0, entregando para o Wagner a responsabilidade de manter o Brasil na frente. O paulista de Pederneiras, integrante da equipe titular desde 2002, não deu chances para o rápido chileno, e venceu também. Era a vez de Fábio Simões, único brasileiro a jamais ter perdido uma luta no kumitê por equipes, na Seleção Brasileira. E não seria dessa vez ainda que ele iria perder. Venceu, e o Brasil sagrou-se campeão.
Mas ainda faltavam Paulo Afonso e Zanca. O paraense entrou focado, sem pensar que já estávamos com o título nas mãos. Para delírio da torcida, ele venceu o mais rápido dos chilenos, cravando 4 x 0 no placar. Era a vez de Zanca pegar o melhor dos chilenos, o mesmo que ano passado ficou em terceiro lugar no kumitê individual vencendo pelo caminho o poderoso argentino Cristian Salvemini. O rapaz entrou disposto a vencer uma luta ao menos para a sua equipe, mas o veterano brasileiro frustrou seu plano com um ashi barai logo de cara, fechando o tricampeonato brasileiro com chave de ouro: ipon!

Brasil tricampeão sulamericano de kumitê por equipes (2005, 2007, 2010).
Acredito que qualquer país que pisasse no koto contra nós naquele momento seria derrotado. O espírito de luta, a união, a técnica dos lutadores, e a presença marcante dos técnicos, mais o público empurrando, tudo isso fez com que nos tornássemos, naquele momento, imbatíveis.
OSS!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Fuko-gô e En-Bu

Rodrigo Lúcio (MT), o rei do En-bu no Brasil

Ricardo Buzzi (PR), atual campeão brasileiro de fuko-gô.


Dentro do universo de competições do karate, além de kata e luta, individual ou por equipe, você pode ter ouvido falar de duas modalidades diferentes: fuko-gô e En-Bu.
Mas o que são afinal essas modalidades de competição?
Em primeiro lugar deve-se saber que tanto um quanto outro são encontrados exclusivamente no karate Tradicional (ITKF / CBKT).
O En-Bu é uma demonstração de dois karatecas, onde eles têm entre 55 segundos e um minuto e cinco segundos para apresentarem uma coreografia de luta. Há liberdade na escolha da coreografia, apesar de haver alguns golpes obrigatórios. No final da apresentação, os juízes dão notas. A melhor dupla, sagra-se campeã. O En-Bu pode ser masculino, misto ou feminino. O Brasil tem um título mundial de En-Bu misto, com Vladimir Zanca e Vilda Aparecida, ambos de Mato Grosso, que foram campeões em 2000, no Mundial da Itália. No âmbito nacional, o maior nome dessa modalidade é Rodrigo Lucio (MT), filho do sensei José Humberto. Rodrigo foi diversas vezes campeão brasileiro de En-Bu masculino e misto.
O fuko-gô é uma modalidade individual, que foi criada com o intuito de evitar que os atletas se especializassem só em kata, ou só em luta. Com o crescimento das competições, alguns atletas começaram a se especializar em kata de tal forma que eram grandes campeões sem jamais lutarem. Do outro lado dessa estória, lutadores que venciam competições de kumitê sem se preocupar tanto com a técnica e a forma corretas, que os treinos de kata proporcionam. Com isso, surgiu o fuko-gô.
Nessa modalidade, o atleta avança rodada após rodada, mesclando kata e luta. Em uma rodada ele faz kata contra outro atleta, ambos fazendo o mesmo kata – no caso o Ki Tei kata, criado exclusivamente para essa modalidade. Esse kata não pode ser feito na competição de kata individual ou por equipes: só no fuko-gô. O vencedor é anunciado na “bandeirada”, com os árbitros decidindo o melhor. Passando dessa rodada, ele vai para a próxima, que é luta. Se vencer, avança para a próxima fase (kata) e assim sucessivamente, até a grande final, que sempre, obrigatoriamente, é luta.
Elaine Golubics (SP), sagrou-se campeã mundial de fuko-gô em 1996, no Brasil, mesmo ano em que Ronaldier Nascimento (BA) foi medalha de prata.
No link abaixo, Ronaldier contra Roberto Pestana (RJ) na disputa semi-final do fuko-gô, apresentando o Ki Tei.
http://www.youtube.com/watch?v=0O0McvjIojs
Nesse link, a dupla que dominou o En-Bu misto por anos no Brasil, Rodrigo Lúcio e Vilda Aparecida Lúcio (MT).
http://www.youtube.com/watch?v=cBZ6VmHtgmQ
OSS.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

All Japan e Copa Itaya

Vale dar uma conferida, no youtube, alguns bons vídeos de lutas do All Japan (o campeonato japonês da JKA) e da Copa Itaya (campeonato argentino JKA, nossos rivais no próximo sulamericano).
Nessa luta, o bicampeão mundial Koji Ogata leva um ipon lindo de Kumeda:
http://www.youtube.com/watch?v=aXTC5dvHKsY&feature=channel

Essa é a final entre Shimizu e Nemoto (os dois derrotados por Chinzô Machida no mundial da Austrália)
http://www.youtube.com/watch?v=5y2aAJqTRUw

Nessa, o baixinho Nemoto mostra porque é um dos melhores lutadores do mundo, vencendo e batendo na fera Richard Heselton, um inglês que vive no Japão é tem um karate muito forte.
http://www.youtube.com/watch?v=A25bqbyDxMw&feature=related

Na Copa Itaya, repeteco da final do último sulamericano, e mesmo resultado. O grandalhão Jorge Rivas venceu o baixinho Gastón Gomez:
http://www.youtube.com/watch?v=HAWclDQHFQI

Outras lutas do Gastón que encontrei:
http://www.youtube.com/watch?v=zXecJqzHLEM

http://www.youtube.com/watch?v=RWTVbtnoU9U

É sempre bom estudar nossos principais adversários em ação. As lutas deles seguem todas o mesmo estilo: esperam muito, instigando, ciscando, fazendo o adversário atacar. Daí eles pegam no deai, ou, mais comum, no contra-ataque.
OSS.

domingo, 15 de agosto de 2010

Entrevista Sensei Flávio Costa


No início do karatê no Brasil, houve uma geração de pessoas que construíram a popularidade da nossa arte marcial com força de vontade, técnica e espírito de luta.
Um dos ícones do karatê carioca e brasileiro, um dos maiores atletas que o nosso karatê já produziu chama-se Flávio Costa, atualmente 6º Dan de karatê Tradicional.
Como atleta, sensei Flávio conquistou títulos estaduais, brasileiros e, o mais importante, o título panamericano com a Seleção Brasileira.
Como professor, o mestre formou inúmeros campeões, e cedeu vários atletas para as seleções carioca e brasileira.
Nessa entrevista o sensei abre um pouco sua história dentro do karatê, e comenta sobre uma das maiores lutas da história da arte das mãos vazias, contra o grande Enio Vezulli (SP)


1 - por que começou a praticar karatê? Quem foi seu mestre?
Eu fazia judô e quando a minha aula terminava sempre dava um jeito de ver as aulas da karatê. Neste mesmo ano (1970), entrei para o exército e havia começado a ter aulas de karatê ministrado pelo professor Lirton dos Reis Monassa - Foi como tudo começou.


2 - Comente sobre sua primeira competição. Como foi a primeira luta?
A primeira competição foi na Kobukan, campeonato interno por equipes. A minha equipe era composta por três faixas vermelha e dois faixas verde e conseguimos ficar em 2° lugar.
Quanto à luta eu não havia conseguido apurar qualquer tipo de técnica, era simplesmente um máquina de repetição, pois era faixa vermelha. A partir daí foi que comecei a ver a luta de forma diferente.

3 - Diga seus principais títulos como atleta.
Algumas vezes campeão brasileiro por equipe.
Bicampeão universitário, bicampeão carioca individual e acho que umas dez ou doze vezes campeão carioca por equipes.
Campeão interno da Kobukan. Cito este campeonato por só ter fera na competição.
Campeão Panamericano em Montreal - Canadá
Campeão Brasileiro Individual MASTER.
Todos títulos de kumite.

4 - Por quantos anos integrou a Seleção Carioca?
Mais de 10 anos na Seleção Carioca.

5 - Qual luta de competição que foi inesquecível? Conte como foi, e contra quem.
Foi um Campeonato brasileiro dentro de São Paulo. Fui para a final com o paulista Ênio Vezulli, sendo juiz central Machida sensei e o meu técnico Hiroyasu Inoki sensei. Foi a Luta mais longa e difícil da minha vida, ocorreram diversas coisas como 11minutos de luta,vários empates e desempates e até desentendimento entre o árbitro central e meu técnico.
Não houve campeão este ano porque depois de 11 minutos de luta meu técnico pediu que eu me retirasse.O campeonato ficou só com o terceiro lugar que era ninguém menos do que Paulo Góis (Paulão).
Chegando aqui foi feito um treinamento especial e Inoki sensei me elogiou e agradeceu pelo o que eu havia feito e me presenteou com o maior troféu que ganhei em campeonato e disse ser eu o Campeão Brasileiro daquele ano. Imaginem como me senti?

6 - Tirando seu sensei, quem foi seu ídolo no karatê?
MACHIDA SENSEI

7 - Quais os principais golpes que utilizava, e como fazia para treiná-los?
Gyaku tsuki e mae geri
Com um número incrível de repetições e um zelo cada vez maior para poder atingir uma técnica que deixasse o meu adversário sempre no chão.


8 - Quais os principais atletas que você já formou. Quem foi o maior de todos?
MARCOS FELIPE ( MARQUINHO)
MARCOS FLAVIO VANDERLEI (DELÍNQUA)
ORLANDO RIBEIRO COSTA (IRMÃO)
OSWALDO DE DEUS GONÇALVES
VENCESLAU CARDOSO (MESTRE LAU)
VICENTE DE PAULA
MARCOS BRITO (XUXU)
JOSÉ GONÇALO (JÉ)
ARI ARSOLINO
GEHARD
BRUNO MOUREN
ALEMÃO
EDUARDO CARVALHO DOS SANTOS.
Todos foram grandes SAMURAIS e se dedicaram de uma forma única com força de vontade e perseverança em nome do karatê-do e da academia Flavio Costa.
MARQUINHO com seu KATA UNSU, ganhou muitos campeonatos.
EDUARDO CARVALHO NO KUMITE, foi muito respeitado e ao mesmo tempo uma pessoa muito iluminada e um poder de socializar,ajudar ao próximo e dedicar-se ao CAMINHO DAS MÃOS VAZIAS.
Graças a Deus pude participar da vida de cada um deles. Já com o EDU tive uma convivência maior, pois foi meu cunhado, me deu a honra de poder ser padrinho de crisma do seu filho. E o presente maior: ele é o filho que não tive.
OSS...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Semi-final kumitê - Parte 2

Segunda parte da luta semi-final do XXII Brasileiro Tradicional 2010. Vitória do baiano, que acabou sagrando-se campeão brasileiro.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Semi-final kumitê brasileiro Tradicional 2010

Luta entre Jayme (E) e Alessandro (D). Rio de Janeiro contra Bahia nessa semi-final de kumitê individual no XXII Brasileiro Tradicional 2010.

sábado, 31 de julho de 2010

Entrevista com Wagner Pereira

Wagner com Cynthia Scarlassara, uma aluna da Zanchin que chegou à Seleção Brasileira


Wagner Pereira, o capitão da Seleção Brasileira JKA, integrante da mesma desde 2002, liderou sua academia, a Zanchin, na conquista do título brasileiro de 2010 de kumitê por equipes.
Nos últimos anos, Wagner tem se dedicado exclusivamente ao karate, como atleta e professor.
Leia abaixo a entrevista que ele concedeu ao blog.


1-Wagner conte foi sua trajetória até chegar na JKA.
Bem comecei a treinar com um professor aqui de Pederneiras chamado José Roberto da Silva , ele treinava com um grupo de faixas pretas da cidade de Bauru e depois da marrom , ele me levou para treinar com esse grupo e estou até hoje .Meus senpais são: Lauro Cavalieri , Robinson A. Batista , Ivair Macelko e Noberto C. Sgavioli . Esse grupo conheceu o sensei Kazuo K. Nagamine, começamos a treinar com ele depois com o sensei Sasaki e aí no pacote veio a JKA.
2-Qual seu maior adversário nas competições?
O medo de perder , de me machucar , de lutar mal , a ansiedade enfim eu mesmo , a competição de karate me ensinou a vencer esses meus adversários.
3-Você já venceu adversários maiores e mais fortes. O que acha da regra JKA sem divisão de peso.
Antes de mais nada karate é defesa pessoal e se você tiver de se defender na rua não vai dar para escolher a categoria do seu agressor ...rsrsrsrsrsrsrsrs.....
4-Na sua opinião quem é o melhor atleta que já viu competir?
Olha essa é difícil de responder pois existem vários karatecas que admiro , mas para escolher um eu diria Chinzô Machida .
5-Quem são seus ídolos dentro do karate?
Yasuyuki Sasaki , Yoshizo Machida , Kazuo Nagamine , Ugo Arrigoni , Carlos Rocha e meu primeiro sensei José Roberto da Silva , todos que ajudaram a escrever minha história até aqui.
6-Como foi a decisão de abrir se próprio dojô?
Esse era um sonho de criança que se materializou depois dos 36 anos. Sou filho de uma família de classe media baixa e tive de trabalhar desde os 12 anos para ajudar em casa. Abrir um dojô de karate em uma cidade de 40 000 mil habitantes para muitos era uma loucura, porém com o tempo fui fazendo amizades no meio , depois de fazer parte da seleção paulista e da brasileira conheci pessoas que me motivaram, e vi vários exemplos. Aí larguei um emprego de 16 anos e montei a academia ZANCHIN só de karate .
Aprendi com essas pessoas que se você tem um sonho acredite e corra atrás que consegue , devo muito ao sensei Yasuyuki Sasaki, Alfredo Aires e ao Takehiko Machida que deram o empurrãozinho que faltava. Aliás, o sensei Sasaki até hoje vive me dando dicas .

OSS.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Jogos Regionais 2010





Nessa terça-feira, 13 de julho de 2010, participei, pela primeira vez na vida, de uma competição nas regras da WKF.
Depois de ter sido convidado, há alguns anos, pelo sensei Kazuo Nagamine – e infelizmente, por problemas de data, não ter podido aceitar -, dessa vez, a convite do sensei Ruy Koike, representei Barueri nos Jogos Regionais.
Desde que entrei no karate, sempre segui a linha do Tradicional, e minhas primeiras competições foram todas nessa regra. Nos primeiros anos (de 1995 a 2000), não se usava nem luva nem protetor bucal, e o piso era de madeira ou cimento. Depois as coisas mudaram um pouco, e hoje competimos em tatames, usamos protetores de boca e luvas finas, sem acolchoamento, cujo objetivo é evitar o contato direto com o sangue do adversário, em caso de sangramento – o que é comum.
A partir de 2001, também comecei a lutar na JKA, com luvas acolchoadas e regras ligeiramente diferentes. O mesmo contato - mais até, no rosto – e lutas mais soltas, com golpes diferentes e variados.
E sempre houve a WKF – na época que comecei a treinar ainda era chamada WUKO.
Eventualmente eu via lutas na TV ou na internet, e ficava intrigado. Ao mesmo tempo em que via lutas bem diferentes, via outras tantas que, para mim, eram como as da JKA. Golpes fortes, bem aplicados, etc.
Lutei contra alguns atletas da WKF nas competições da JKA, mas dentro de mim ainda ficava aquela questão: “como me sairei contra eles, nas regras deles?”
Nesse dia 13, na cidade de Guarujá, finalmente passei por essa experiência.
Nos Jogos Regionais, o nível estava alto, contando inclusive com a presença do campeão panamericano Juarez Santos, que acabou ficando em terceiro lugar na categoria peso-pesado.
Bem, em resumo, o que posso dizer é que as lutas foram boas, e não senti tanta dificuldade com a regra quanto eu pensava antes. Houve pontos que achei que não deveriam ser marcados? Sim, alguns, mas nada de absurdo, e às vezes isso também acontece na JKA. E grande parte dos pontos, de uma forma geral, foram golpes que pegaram.
Quanto à postura dos atletas – ponto mais criticado por quem já competiu na WKF -, eu particularmente não vi nada de mais. Não vi nenhum desrespeito, ou fita exagerada. De forma geral, a postura foi muito boa, como a dos atletas do Tradicional ou JKA.
Eu fiz cinco lutas no total, perdendo apenas uma, para o campeão. Ele era bem rápido, com um tempo de luta afiadíssimo. Estávamos empatados em 4 x 4 quando, faltando 10 segundos para o final da luta, entrei um kizami/gyako jodan, que pegou em cheio. O golpe em si nem foi tão forte, não machucou meu adversário nem nada, mas de acordo com as regras o contato foi acima do permitido, e acabei levando uma punição. Como eu já tinha outra, meu oponente ganhou um ponto, e me venceu por 5 x 4. Na final, cravou 6 x 0. Mereceu ganhar.
Consegui ficar em terceiro lugar, superando minhas expectativas – afinal, era a minha primeira vez nessa regra, que é bem diferente do que estou acostumado.
A conclusão que tiro dessa experiência valorosa foi que dá para lutar karate em qualquer tipo de regra. Talvez um campeão de uma federação não consiga se dar tão bem em outra, por diferenças na regra com que está acostumado, mas dá para lutar bem.
Gostei muito do que vi e do que experimentei nos Jogos Regionais.
De quebra, vi o Juarez Santos lutando, e digo sem dúvida: o cara é realmente muito bom. Em qualquer regra.
OSS.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

XXII Brasileirão Tradicional - 2010

O pódio do kumite individual, categoria Absoluto


No dia 10 de julho aconteceu, em Goiânia – GO, o vigésimo segundo campeonato brasileiro de karate-dô Tradicional.
A competição seguiu os padrões implantados desde 2007, e se dividiu em duas categorias: “Absoluto”, uma categoria aberta, e “Especial” onde só podem competir os atletas que são ou já foram da Seleção Brasileira (CBKT), ou os que foram campeões de alguma categoria individual (kata, luta ou fuko-gô).
A organização estava melhor do que nos dois anos passados, quando ainda havia pessoas competindo até perto de meia-noite. No dia 10, todas as categorias estavam definidas por volta das 20 h, deixando para depois a cerimônia de abertura com desfile das delegações e as finais de enbu (masculino, misto e feminino), fuko-gô e kumitê por equipes.
O nível dos competidores de ambas as categorias, como sempre, estava muito alto.
Competir no karatê Tradicional é difícil. São lutas pesadas, onde o ponto não é marcado com facilidade, e as pancadas são muito fortes. Apesar disso, por sorte poucos acidentes graves aconteceram, o que demonstra controle por parte dos atletas.
Na categoria Especial, Buzzi confirmou o favoritimo no kata indiviual, e levou o bi, com Gojushiho sho. Desde que medalhou pela primeira vez em kata individual, em 2007, o paranaense ganhou confiança em uma modalidade que até então não era sua especialidade – apesar das muitas medalhas de kata por equipe -, e depois de dois vice-campeonatos (2007/08), sagrou-se bi de forma incontestável. Completando o pódio, o multi-campeão Rodrigo Lúcio (MT), e o hepta-campeão Ronaldier Nascimento, que nesse ano competiu pelo Estado de Alagoas.
Na categoria Absoluto, Jeferson Aragão (BA), voltando às competições depois de alguns anos afastado, venceu e convenceu, deixando José Renato (RJ) em 2º. Eu passei para a final em 2º, mas ao fazer o Sochin parei fora da marca, o que me custou décimos preciosos que me jogaram para o 4º lugar.
No fuko-gô, mais uma vez deu Buzzi, deixando Thiago (MT) com o vice. Como se fosse combinado, na categoria Absoluto o vencedor do kata também levou fuko-gô. Jeferson Aragão venceu Júnior (SC) na finalíssima. Eu fiquei com o bronze, pelo terceiro ano consecutivo. A outra medalha de bronze ficou com o baiano Edson Raimundo, aluno do sensei Enobaldo Athaíde.
Kumite individual. A categoria mais importante. Afinal, karate se trata de luta.
No Absoluto, fiz uma luta muito boa, na semi-final, com o baiano Alessandro, com quem eu já tinha lutado em 2005, no Paraná. Depois de levar um kizami mawashi de peito de pé muito forte de Fábio Simões (SP), que desclassificou o paulista, Alessandro acabou se recuperando e fez uma competição excelente. Voltando à nossa luta, trocas de golpes muito fortes, tanto jodan quanto tchudan. Dois guerreiros que não cederam nem um milímetro em busca da vitória. No final, ele levou a melhor, merecidamente. Fez a final contra o perigosíssimo Kleyber, de Mato Grosso, e venceu. Eu fiquei com mais um bronze. No fim das contas, fiz seis lutas, vencendo cinco e perdendo uma.
Na categoria Especial...
Lembro que há uns cinco anos atrás, Zanca perdeu alguma competição, acho que foi na JKA. Surgiram comentários de algumas pessoas, dizendo que ele já estava velho. Fiquei espantado, e disse: “velho? Ele só tem trinta e seis anos, e está sempre nas cabeças!” Mas insistiram que o tempo dele já tinha passado e ele tinha que parar. Ainda bem que o mato-grossense mais vitorioso da história de seu Estado nem pensou na hipótese de parar.
Aos quarenta anos, Vladimir Zanca deu show. Lutou como um leão, impondo seu jogo para cima de seus adversários, e passou por Buzzi para fazer a final contra Ronaldier. Venceu, com todos os méritos, e conquistou o bi-campeonato brasileiro de kumitê individual, com um espaço de 14 anos (1996/2010).
No kata por equipes venceram os eternos favoritos: Mato Grosso de Rodrigo Lúcio, com Paraná em 2º.
No kumitê por equipes, uma final de arrepiar entre Mato Grosso e Paraná. Na última luta, fechando a equipes, Vinícius Moreno (MT) contra Ricardo Buzzi. O mato-grossense mostrou porque está nas seleções brasileiras da JKA e do Tradicional, e venceu o tri-campeão mundial por 2x0, dando o título para o seu Estado. Completando o pódio, Bahia e Alagoas, esta última liderada por Ronaldier.
OSS.

domingo, 4 de julho de 2010

O IMPORTANTE É O CAMINHO



No dia 16 de maio de 2010, conquistei o título brasileiro de kumite inividual.
Parece batido dizer que muita coisa passou pela minha cabeça naquele momento, mas é verdade.
Naquele último mawashi contra o perigosíssimo Anderson, aluno do sensei Paulo Afonso, vi em minha cabeça todos os anos de treino, o trabalho duro, as inúmeras vezes em que treino sozinho, puxando elásticos extensores, subindo escadas, socando e chutando aparadores...
Vi todas as pessoas que me ajudaram nesse título, meu professor Ugo Arrigoni, meu treinador Vinício Antony; meu amigo e companheiro de treinos Christiano Arrigoni; Eduardo Santos, responsável pelas primeiras competições nacionais que participei; Meus alunos e companheiros de treino Willians e Thiago; Ricardo Arrigoni, que me ensinou a ter espírito de luta; Giuliano Lorenzoni, o melhor lutador de academia que já vi na vida; Newton Costa, inspirador nos meus primeiros anos de treino, Roberto Pestana Jr, que me ensinou tanta coisa...
Passaram pela minha cabeça todos os outros brasileiros que disputei.
2001, meu primeiro ano na JKA, quando cheguei aos oito melhores, e perdi para o campeão Lyoto Machida; 2002, perdendo na semi-final para meu companheiro de treinos Roberto Pestana, e sendo convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez; 2003, vencendo cinco lutas, passando por cascas-grossa como Takehiko Machida, Rafael Moreira e Wagner Pereira, e perdendo a final contra Fábio Simões, sendo vice individual e campeão de kumite por equipes; perdendo as competições de kumite individual de 2004 e 2005 por conta de contusão; 2006, perdendo mais uma vez para Fábio Simões, dessa vez entre os oito melhores; 2007 fazendo uma bela luta contra Chinzô Machida pela semi-final; 2008, perdendo para o convidado japonês Takuma Yokoyama na terceira rodada; 2009, sem poder competir, mais uma vez por causa do ombro, mas dessa vez porque finalmente fiz a cirurgia de que precisava há tantos anos. Confesso que durante a dura recuperação cheguei a ter medo de não poder mais voltar a lutar.
E, finalmente, 2010.
2010, o ano em que venci todos os meus adversários, incluindo aí Paulo Afonso (PA) e o atual campeão Fábio Simões (SP).
A emoção foi muito forte, por ter finalmente conseguido o título.
Mas o mais importante é que ficou a certeza de que isso não fez ou faz de mim o melhor do Brasil. Isso não.
Eu consegui, naquela competição, naquele dia, contra aqueles adversários com quem cruzei, vencer. Mas talvez se eu lutasse em outra chave, ou em outro dia, o resultado poderia ter sido diferente.
Ser campeão não fez de mim o melhor. Foi bom, claro, e quero repetir essa sensação muitas vezes, mas seguir treinando é o mais importante. Que o título, e qualquer outro mais que venha, mostre para mim se os meus treinos estão corretos, ou não.
Afinal, o que vale mesmo não é chegar lá, mas o caminho que se trilha, e a forma como se trilha.
OSS.

sábado, 19 de junho de 2010

Fotos do Campeonato Brasileiro JKA 2010







Finalmente saíram as fotos oficiais do evento no site do fotógrafo profissional, karateca e pai de atleta Wagner Silveira (http://www.wsfotografias.com.br/).
No site, fotos do curso com sensei Kobayashi, o exame de faixa e da competição. A qualidade das fotos pode ser conferida nas imagens acima. Vale muito a pena conferir.
Lembrando que novas fotos são postadas também na página "Cenas de Luta"
OSS!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sulamericano JKA 2010

Novidades no site da JKA do Brasil (www.nkkbrasil.com.br)
Saíram as informações sobre o VI Sulamericano da JKA, que será realizado na cidade de Belém, PA, nos dias 18 e 19 de setembro.
No site, a lista de atletas convocados, informações sobre a competição e a cidade, bem como o termo de responsabilidade.
A equipe brasileira tentará ganhar o terceiro título de kumite por equipes, depois dos triunfos de 2005, no Brasil, e 2007, no Uruguai.
OSS!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Flávio Costa x Daigo

Flávio Costa enfrenta Daigo nessa super luta pelo primeiro Estadual por Equipes da FERJKT em 1987

sábado, 12 de junho de 2010

Vladimir Zanca x Ronaldier Nascimento

Vladimir Zanca (MT) x Ronaldier Nascimento (BA) em luta válida pela semi-final do Brasileiro JKA 2006

quinta-feira, 3 de junho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

MAIS KARATE NA MÍDIA

Renan Frascareli, Wagner Pereira e André Luís
Confiram no link a matéria feita pela televisão com os campeões brasileiros de kumitê por equipes de 2010 (academia Zanchin, do sensei Wagner Pereira).

http://esporte.temmais.com/noticia/8/10237/galera_de_pederneiras_prova_que_e_boa_de_briga_no_carate.htm

OSS!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

RESULTADOS CAMPEONATO BRASILEIRO JKA 2010

RESULTADOS BRASILEIRO JKA 2010:

Os resultados do brasileiro jka 2010, e de todos os brasileiros da jka, na página "resultados".
Os resultados completos já estão no site da JKA do Brasil (http://www.nkkbrasil.com.br/)


DESTAQUES:
Além dos medalhistas, houve destaques entre os atletas. Em primeiro lugar, os “8 melhores”, os finalistas de suas chaves: Paulo Afonso (a lenda), Takehiko Machida (atual campeão brasileiro de kumite individual na CBKT), Geraldo Mendes Junior (MG) e Renato Passos Moreira (RS).
Outros destaques:
Wagner Pereira (SP), que além do título de kumite por equipes, demonstrou a técnica refinada de sempre;
Bernardo Marinho (MG), em sua estréia entre os adultos não se intimidou, e lutou com raça. O melhor mae geri da competição;
Luis Fernando (PA), “The Flash”;
Vladimir Zanca (MT), teve que abandonar a competição por lesão no pé.
Victor Lage (SP);
Thiago Luís Nascimento (PA);


Houve também ausências importantes nessa competição, devido a lesões. No masculino, o gaúcho Rafael Moreira (“Best Eight” no mundial de 2006, cinco vezes finalista em brasileiros JKA) e o multicampeão Chinzô Machida. No feminino, Marina Brito (PA) e Juliana Vitral (MG).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

XI CAMPEONATO BRASILEIRO JKA

Pódio do kata feminino
Kumite feminino


O pódio do kumite individual


A fera do kumitê feminino, Sônia Coutinho (PA)
Fábio Simões (SP) contra Vladimir Zanca (MT) na disputa por equipes
Pódio do kata individual
Kata por equipes



Sucesso total. Assim se define o décimo primeiro campeonato brasileiro da JKA, realizado nesse domingo, dia 16 de maio, na cidade de Arujá, SP.
A começar pelo número de inscritos (342) em todas as categorias, e com a participação de atletas de todo país.
A organização foi outro ponto alto, pois mesmo com essa grande quantidade de atletas, foram armados quatro kotôs onde os árbitros trabalharam incansavelmente. A competição começou às 8:30 e terminou às 16 horas.
Sucesso também na conduta dos atletas, embora isso seja obrigação de um verdadeiro carateca. Não houve um único incidente, briga, desrespeito ou reclamação.
O curso com sensei Kunio Kobayashi, que aconteceu nos dias 14 e 15, foi um espetáculo. É sempre incrível ver a didática dos mestres da JKA. Além, é claro, da imensa qualidade técnica deles. Sensei Kobayashi, campeão japonês e mundial, integrou a seleção japonesa por muitos anos. No curso, passou treinamentos de kihon, kumitê e kata, dando ênfase ao que foi sua especialidade: gojushiho shô. Imperdível.
No exame de dan, participei tendo a honra de ter ao lado Vladimir Zanca, Paulo Afonso, Enobaldo Ataíde e Takehiko Machida. Todos nós passamos, apesar de algumas outras reprovações pela exigente banca examinadora composta por Kobayashi, Sasaki, Machida, Ugo Arrigoni, Gérson e Alfredo Aires.
Nas lutas do exame, Paulo Afonso (PA) mostrou que não perdeu nada do imenso talento que lhe rendeu quatro títulos brasileiros de kumitê individual pelo karate Tradicional, e deu espetáculo. Foi o único a ser aplaudido pela grande platéia que assistia ao exame. Nós, que competiríamos no dia seguinte, ficamos bem preocupados. Paulo Afonso estava de volta.

A COMPETIÇÃO

No kata individual, havia mais de setenta atletas inscritos, e no kumite, oitenta. Havia dez equipes de luta.
No kata individual, Rousimar mostrou que a cada ano fica melhor, e venceu com folgas, sagrando-se tricampeão (2007/2009/2010). Luís Fernando (PA), aluno de paulo Afonso, ficou em segundo com um Unsu que mais parecia um raio. Muito rápido! Em terceiro, Andrew Marques, de Barueri. Eu fiquei em quinto lugar, a um décimo da grande final, que teve ainda Victor Lage, em quarto lugar.
No kata por equipes, o dojô Rousimar (MG) mostra que realmente está imbatível. Rousimar, Fernando Macedo e Bernardo Marinho sagraram-se tetra-campeões (2007 a 2010), fazendo Sochin na finalíssima, deixando Barueri (sensei Ruy Koike) em segundo, e a APAM em terceiro.
No kumitê por equipes, disputas duríssimas entre os melhores. Destaque para o ura mawashi que Vinícius Moreno (KM Dojô, MT) aplicou. Que golpe! Bernardo Marinho (MG), estreando entre os adultos, usou um mae geri-bomba para vencer suas lutas. Chutou tão forte que um adversário teve seu kimono rasgado.
Mas a Zanchin (Sensei Wagner Pereira, SP) foi mais eficiente que todas as outras, e ficou com o título, batendo na final a forte Shobukan (Rio Preto, SP) de Fábio Simões e César Cabral. Em terceiro, Dojô Rousimar e APAM.
No kumitê individual, nível muito alto em lutas emocionantes.
Peguei uma chave complicadíssima, mas nenhuma era fácil nessa competição. Fiz lutas difíceis em meu caminho para a final do kotô, mas eu sabia que o maior desafio ainda estava por vir: Paulo Afonso.
O tetra-campeão do Tradicional, campeão de MMA e pessoa que também ajuda na preparação de Lyoto Machida, é uma lenda. Desde sua luta no exame de faixa, eu pensava nele. Em suas lutas na chave, vitórias rápidas e limpas. Como ganhar dele?
Entrei focado. Eu tinha uma estratégia, e sabia que se desse a menor chance, seria vencido. Mas consegui aplicar minha tática, e com um pouco de sorte, consegui vencer. Depois de passar por essa pedreira, a sensação de que tinha sido campeão. Custei para voltar à tranqüilidade, e tive a ajuda de meus grandes amigos Rousimar Neves e Wagner Pereira, que me chamaram e disseram: “calma que ainda tem mais duas lutas”.
Na semi-final, enfrentei o atual campeão Fábio Simões. Nos últimos oito anos, Fabinho só perdeu em brasileiros JKA para Chinzô Machida (3 vezes) e Wagner Pereira (1 vez). Ninguém mais ganhou dele em brasileiros. Eu mesmo já tinha perdido duas vezes para ele, na final de 2003 e nas quartas-de-final em 2006. 9 vezes campeão dos jogos abertos (WKF), campeão paulista (Tradicional e JKA), bi-campeão brasileiro JKA (2003/2009) e duas vezes bronze no individual do sulamericano JKA (2008/2009), Fabinho estava confiante que me venceria pela terceira vez.
Mas dessa vez a história foi diferente.
No tempo normal, empatamos. Na luta desempate, consegui vencer por 2x0. Eu estava na grande final, depois de 7 anos.
Na outra semi, Diego (BA), que vinha vencendo suas lutas com um mawashi de dar medo, enfrentou Anderson (PA), aluno de Paulo Afonso que mais parecia um raio. O paraense venceu o baiano se valendo de sua maior velocidade, e um tempo afiadíssimo de luta.
Na finalíssima, Rio contra Pará.
Apesar de saber que ele era perigosíssimo, consegui ficar tranqüilo, e isso fez a diferença.
Venci com um kizami, um gyako e dois mawashi tchudan.

OSS!

domingo, 9 de maio de 2010

Lyoto vs Shogun 2

Essa é a imagem que sempre ficará, independente do que acontecer


Lyoto Machida perdeu. Finalmente, depois de 17 lutas duríssimas de MMA contra os melhores atletas do mundo (BJ Penn, Rich Franklin, Tito Ortiz, Tiago Silva, Rashad Evans, e até o próprio Shogun), ele perdeu.
Foram 16 vitórias consecutivas antes dessa primeira derrota. Um cartel para ninguém botar defeito.
A luta em si foi muito ruim para o carateca. Shogum estava muito bem, e Shogum bem é sinônimo de lutador fenomenal. Ele conseguiu dominar a distância e o tempo, e pegou Machida logo no começo do primeiro assalto.
De cara, Shogun entrou com uma canelada e foi recebido por um deai que pegou, mas não em cheio. Logo depois o curitibano veio para cima, e Machida saiu, rápido e consciente como sempre. Parecia que seria outra luta-xadrez, onde os dois pensariam muito antes de agir, e que seriam precisos alguns rounds para a luta se definir.
Mas Shogun decidiu não seguir o script, e acertou um direto que abalou o carateca, e fez com que cambaleasse. Com o nariz sangrando, Lyoto ainda conseguiu uma bela queda, mas não foi efetivo no chão, apesar de ficar por cima.
Levantaram, e Lyoto atacou, sendo recebido por um cruzado que pegou resvalando em sua cabeça, mas que o jogou no chão. Shogun mergulhou socando, e não houve tempo para reação.
Lyoto Machida foi nocauteado.
Qual será que foi o erro do carateca? O que ele poderia ter feito na luta e nos treinamentos para obter um reultado diferente?
Ora, dizer que um atleta que teve 16 vitórias seguidas em quase dez anos de carreira está errando nos treinamentos? Dizer que ele usou a estratégia errada, mesmo ela tendo dado certo contra tantos oponentes de peso?
Lyoto não errou, Shogun é que acertou.
Shogun foi melhor, venceu por méritos dele, e não por demérito de Machida.
Luta é assim, alguém tem que perder, e quando são dois lutadores de nível tão alto quanto Lyoto e Shogun, tudo pode acontecer.

Não é só na vitória que se parabeniza. Não é só quando se vence que se é reconhecido.
Lyoto, mais uma vez você mostrou o seu valor, mesmo na derrota. É claro que será duro superar essa derrota, ainda mais para alguém que está invicto desde 2001, tanto em competições de karate quanto no MMA (campeão brasileiro e panamericano 2001, campeão Norte-Nordeste 2005), mas ele usará essa pedra no caminho para subir ainda mais.
OSS!