Rousimar Neves é conhecido em todo Brasil pela sua qualidade técnica e por seus inúmeros títulos de kata individual e por equipe. Ele está na Seleção Brasileira desde 2004, tendo desde então participado como titular em todas as competições internacionais.
Em 1999, participou do Panamericano de karate Tradicional pela Seleção Brasileira.
Mas o multi-campeão é também o responsável pelo fortalecimento do karate JKA de Minas Gerais, e tem trazido muitos atletas fortíssimos aos campeonatos brasileiros da JKA, e cedeu alguns inclusive para a Seleção Brasileira, como Bernardo Marinho, Fernando Macedo, Laís Lery, Juliana Filgueiras e Juliana Vitral, entre outros.
Além de ser atleta e professor de karate, tem ainda que acordar todos os dias às 4:45 para ir para o trabalho. Tem que ter fôlego e força de vontade - uma realidade entre os atletas da JKA no Brasil.
- Há quanto tempo pratica karatê?
Há trinta e dois anos.
- De todos os seus títulos, qual considera o mais importante?
Todos eles tiveram sua importância... mas o último agora, do sul americano, teve um prazer maior, porque depois de ficarmos três anos consecutivos sendo vice dos argentinos, finalmente conseguimos ganhar. E essa foi a primeira vez que o Brasil conquistou esse título no kata equipe masculino.
Um outro que marcou também foi no confronto da equipe brasileira contra a equipe da universidade Kokushikan, do Japão. Dos oito finalistas do kata, sete eram japoneses. Consegui ficar em segundo lugar. Quando entrei para a final, o ginásio inteiro gritava “Brasil”! Foi de arrepiar...
Isso aconteceu na USP. Nunca mais esqueci.
- Qual foi a primeira competição que participou?
Eu tinha 15 anos, no mesmo ano em que comecei a treinar. Foi um torneio na cidade de Rio Pomba, onde ganhei kata e kumite na minha faixa etária.
- Quem foi o melhor lutador que já viu competindo?
No Brasil tem vários lutadores excelentes. Gosto muito das lutas do Paulo Afonso (PA). Tem o Vinicio Antony (RJ), Ronaldier (BA), Lyoto e Chinzô Machida (PA), Vladimir Zanca (MT)... a lista é grande. Você também, que está em uma excelente fase, e prova disso foi sua vitória no kumite individual no brasileiro desse ano, onde passou por lutas muito difíceis, sendo a mais complicada delas contra o Paulo Afonso.
No Japão tem o Ogata, que pudemos ver lutar bem de perto. O cara é muito bom, com um tempo de luta incrível.
Tem o Kokubun (JPN), que tem uma tranqüilidade incrível, o La Grange, da África do Sul, que é excelente...
Isso sem falar nos que nunca vi lutar, mas ouvi falar muito, como Ugo Arrigoni, Ronaldo Carlos, Denílson Caribe... a lista é grande, e seria injusto dizer um nome só.
- Você acha que o treino de kata ajuda no kumite?
Tenho toda certeza que os dois caminham juntos.
Através do treino constante de kata você aprende a relaxar os ombros, focalizando toda a força no tandem, e com isso a sua sequência de golpes no kumite fica com uma velocidade incrível. Assim como suas defesas para o contra-ataque.
E o treino de kumite faz com que o kata não fique somente como uma coreografia. Para mim quem faz kata tem que mostrar um algo mais do que o simples movimento. Tem que mostrar que realmente está lutando, e que o que está fazendo também seria feito na hora do kumite. Esse é o espírito.
Creio ser esse o meu jeito de treinar, e que ainda me faz competir até hoje.
- O que dá mais prazer, ser campeão ou ver seus alunos ganhando?
Anos atrás eu me preocupava muito em ganhar medalhas. Hoje o que mais importa é se estou ou não conseguindo me controlar... minha ansiedade, medo, insegurança. Melhorando isso, vou melhorar como pessoa. Mas fico feliz sim, confesso, quando os meninos me deixam ganhar...rsrs...estão sendo bonzinhos comigo.
E agora, vendo meus alunos seguindo meus passos, fico muito feliz. Cada vez que um deles entra, é como se eu estivesse entrando junto, sem demagogia. Desde o mais novo, Daniel Klein, até o Fernandinho, com 21 anos, passando por todos que fazem parte da minha equipe: Juliana Vitral, Juliana Filgueiras, os irmãos Braga – Bernardo, Lucas e Victor.
Senti imenso prazer vendo minha filha, Caroline, participando comigo no sul americano, no Chile em 2008. Também quando fizemos en-bu num campeonato brasileiro Tradicional. Eu achava engraçado quando partia para cima atacando e olhava para o rosto meio assustado dela...rsrs. Foi muito gratificante. Essa, inclusive, foi minha despedida nas competições de en-bu.
Hoje me sinto mais feliz vendo meus alunos sendo campeões, do que eu mesmo ganhando. Dá aquela sensação de dever cumprido. O que peço a eles é somente lealdade, humildade e respeito, para comigo e com todos.
- Você vem desafiando o tempo, pois a idade não parece pesar e você dá a impressão de estar cada dia mais competitivo. Você considera que está na melhor fase da sua vida de atleta? Até quando pretende competir?
Realmente nunca pensei em desafiar o tempo... me sinto bem competindo, e não me vejo sem treinar karate, e cada vez que treino consigo melhorar alguma coisa e me dá vontade de testar. É isso o que tem me acontecido. Mas a idade pesa sim... e esse ano foi ainda mais difícil, pois fui para o campeonato brasileiro JKA com hérnia inguinal bilateral, e isso me atrapalhou muito para treinar. Não fui 100%, tanto que fiquei na reserva do kumite equipe. Voltei do brasileiro e fiz a cirurgia o mais rápido possível para me recuperar a tempo do sul americano. Mesmo assim não cheguei 100% também. E mesmo com esses contratempos ainda consegui os títulos este ano que você já conhece, estava ao meu lado.
Me sinto numa fase muito boa sim, o que me falta de condicionamento físico é compensado pela experiência que tenho hoje. Com isso tenho aprendido a usar a energia somente na hora de necessidade mesmo. E isto deixa meus movimentos mais fortes e rápidos.
Pretendo competir ano que vem no Mundial da Tailândia. Vamos ver se terei força.
Mas queria mesmo era completar os 50 anos competindo no absoluto...
Em 1999, participou do Panamericano de karate Tradicional pela Seleção Brasileira.
Mas o multi-campeão é também o responsável pelo fortalecimento do karate JKA de Minas Gerais, e tem trazido muitos atletas fortíssimos aos campeonatos brasileiros da JKA, e cedeu alguns inclusive para a Seleção Brasileira, como Bernardo Marinho, Fernando Macedo, Laís Lery, Juliana Filgueiras e Juliana Vitral, entre outros.
Além de ser atleta e professor de karate, tem ainda que acordar todos os dias às 4:45 para ir para o trabalho. Tem que ter fôlego e força de vontade - uma realidade entre os atletas da JKA no Brasil.
- Há quanto tempo pratica karatê?
Há trinta e dois anos.
- De todos os seus títulos, qual considera o mais importante?
Todos eles tiveram sua importância... mas o último agora, do sul americano, teve um prazer maior, porque depois de ficarmos três anos consecutivos sendo vice dos argentinos, finalmente conseguimos ganhar. E essa foi a primeira vez que o Brasil conquistou esse título no kata equipe masculino.
Um outro que marcou também foi no confronto da equipe brasileira contra a equipe da universidade Kokushikan, do Japão. Dos oito finalistas do kata, sete eram japoneses. Consegui ficar em segundo lugar. Quando entrei para a final, o ginásio inteiro gritava “Brasil”! Foi de arrepiar...
Isso aconteceu na USP. Nunca mais esqueci.
- Qual foi a primeira competição que participou?
Eu tinha 15 anos, no mesmo ano em que comecei a treinar. Foi um torneio na cidade de Rio Pomba, onde ganhei kata e kumite na minha faixa etária.
- Quem foi o melhor lutador que já viu competindo?
No Brasil tem vários lutadores excelentes. Gosto muito das lutas do Paulo Afonso (PA). Tem o Vinicio Antony (RJ), Ronaldier (BA), Lyoto e Chinzô Machida (PA), Vladimir Zanca (MT)... a lista é grande. Você também, que está em uma excelente fase, e prova disso foi sua vitória no kumite individual no brasileiro desse ano, onde passou por lutas muito difíceis, sendo a mais complicada delas contra o Paulo Afonso.
No Japão tem o Ogata, que pudemos ver lutar bem de perto. O cara é muito bom, com um tempo de luta incrível.
Tem o Kokubun (JPN), que tem uma tranqüilidade incrível, o La Grange, da África do Sul, que é excelente...
Isso sem falar nos que nunca vi lutar, mas ouvi falar muito, como Ugo Arrigoni, Ronaldo Carlos, Denílson Caribe... a lista é grande, e seria injusto dizer um nome só.
- Você acha que o treino de kata ajuda no kumite?
Tenho toda certeza que os dois caminham juntos.
Através do treino constante de kata você aprende a relaxar os ombros, focalizando toda a força no tandem, e com isso a sua sequência de golpes no kumite fica com uma velocidade incrível. Assim como suas defesas para o contra-ataque.
E o treino de kumite faz com que o kata não fique somente como uma coreografia. Para mim quem faz kata tem que mostrar um algo mais do que o simples movimento. Tem que mostrar que realmente está lutando, e que o que está fazendo também seria feito na hora do kumite. Esse é o espírito.
Creio ser esse o meu jeito de treinar, e que ainda me faz competir até hoje.
- O que dá mais prazer, ser campeão ou ver seus alunos ganhando?
Anos atrás eu me preocupava muito em ganhar medalhas. Hoje o que mais importa é se estou ou não conseguindo me controlar... minha ansiedade, medo, insegurança. Melhorando isso, vou melhorar como pessoa. Mas fico feliz sim, confesso, quando os meninos me deixam ganhar...rsrs...estão sendo bonzinhos comigo.
E agora, vendo meus alunos seguindo meus passos, fico muito feliz. Cada vez que um deles entra, é como se eu estivesse entrando junto, sem demagogia. Desde o mais novo, Daniel Klein, até o Fernandinho, com 21 anos, passando por todos que fazem parte da minha equipe: Juliana Vitral, Juliana Filgueiras, os irmãos Braga – Bernardo, Lucas e Victor.
Senti imenso prazer vendo minha filha, Caroline, participando comigo no sul americano, no Chile em 2008. Também quando fizemos en-bu num campeonato brasileiro Tradicional. Eu achava engraçado quando partia para cima atacando e olhava para o rosto meio assustado dela...rsrs. Foi muito gratificante. Essa, inclusive, foi minha despedida nas competições de en-bu.
Hoje me sinto mais feliz vendo meus alunos sendo campeões, do que eu mesmo ganhando. Dá aquela sensação de dever cumprido. O que peço a eles é somente lealdade, humildade e respeito, para comigo e com todos.
- Você vem desafiando o tempo, pois a idade não parece pesar e você dá a impressão de estar cada dia mais competitivo. Você considera que está na melhor fase da sua vida de atleta? Até quando pretende competir?
Realmente nunca pensei em desafiar o tempo... me sinto bem competindo, e não me vejo sem treinar karate, e cada vez que treino consigo melhorar alguma coisa e me dá vontade de testar. É isso o que tem me acontecido. Mas a idade pesa sim... e esse ano foi ainda mais difícil, pois fui para o campeonato brasileiro JKA com hérnia inguinal bilateral, e isso me atrapalhou muito para treinar. Não fui 100%, tanto que fiquei na reserva do kumite equipe. Voltei do brasileiro e fiz a cirurgia o mais rápido possível para me recuperar a tempo do sul americano. Mesmo assim não cheguei 100% também. E mesmo com esses contratempos ainda consegui os títulos este ano que você já conhece, estava ao meu lado.
Me sinto numa fase muito boa sim, o que me falta de condicionamento físico é compensado pela experiência que tenho hoje. Com isso tenho aprendido a usar a energia somente na hora de necessidade mesmo. E isto deixa meus movimentos mais fortes e rápidos.
Pretendo competir ano que vem no Mundial da Tailândia. Vamos ver se terei força.
Mas queria mesmo era completar os 50 anos competindo no absoluto...
3 comentários:
Meu amigo Jayme...
mais uma vez obrigado pelo carinho que tem comigo. Me sinto honrado tendo uma entrevista minha publicada no seu blog.
E que voce continue sempre sendo esta pessoa determinada que é.
Estarei torcendo sempre por voce.
Grande abraço,
Rousimar.
Oss!!!
Ficou ótima a entrevista!
E claro que não pude deixar de ficar emocionada com o que ele falou de mim... ^^
Mas agora meu pai fala que vai parar aos 50, quando chegar lá ele vai estender mais um bocado esse prazo, já conheço a peça, rs..
beijos
OSS!!!
Grande Jayme!
Parabéns pelo blog, sempre muito atualizado e emocionante....
E parabéns, mais uma vez, ao Sensei Rousimar, que REALMENTE parece desafiar o tempo com sua garra e força de vontade!
Me emocionei com a entrevista, já era hora de se reconhecer o seu valor.O karate mineiro agradece.
Abraços,
Lucienne Lery
OSS!!
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