quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

E se o karate fosse um só?

     Fiz um vídeo semana passada sobre a divisão mundial do karate. Fiz outro, que deve ir ao ar em algumas semana, sobre a divisão do karate no Brasil.

Confesso que me bateu uma tristeza imensa quando vi os resultados finais dos vídeos. Fiquei derrubado, imaginando o quanto essas divisões fizeram e fazem mal ao nosso karate.

Eu já disse e escrevi diversas vezes que as competições são fundamentais para a divulgação de qualquer arte marcial / luta. Seria inimaginável existir o boxe sem a lutas profissionais, sem a rivalidade Tyson x Holyfield, ou Mayweather x Pacquiao.

O mma jamais teria se desenvolvido sem a rivalidade entre jiu jitsu e luta livre no começo dos anos noventa. 

O tênis, sem os grandes embates entre Roger Federer e Rafael Nadal, ou entre Serena Williams e Maria Sharapova, seria infinitamente menor do que é hoje.

d mesma forma, o karate. Sem as competições, fatalmente seria uma luta muito pequena, restrita a grupos cada vez menores de praticantes, que jamais se enfrentariam entre si, e que não teriam oportunidade de testar seus conhecimentos.

Enfim, a competição é fundamental.

Mas elas foram o estopim para a divisões da nossa arte marcial.

Imagino o que seria, se em 1972, a equipe japonesa não decidisse abandonar o II Campeonato Mundial. O que seria do karate, se seguissem todos juntos, resolvendo suas discordâncias e diferenças sem se separarem.

Juntos, criariam competições onde haveria divisões de peso, com regras de multiponto, e também manteriam a categoria absoluto, sem divisão de peso e com a clássica regra de shobu ippon (dois wazari ou um ippon para vencer a luta). Imaginem quatos atleta haveria em um campeonato brasileiro, se tudo fosse uma coisa só? 500, 600, 700 atletas na chave de kumite individual... Teria que haver seletivas até que sobrassem os 32 melhores, que iriam então para a grande final. Final essa que teria uma cobertura da mídia muito maior do que temos hoje. O interesse do público seria muito maior.

Talvez, juntos, já teríamos nos tornado olímpicos lá na década de setenta, e o karate receberia a atenção e os recursos financeiros que faria com que crescesse ainda mais.

Os atletas de elite seriam todos profissionais, recebendo bastante dinheiro de patrocínios e de premiações.

Infelizmente isso tudo ficou só na minha imaginação...

A dura realidade é que tudo se dividiu, esfarelou, enfraqueceu até que os atletas não se enfrentassem mai. Até que a rivalidades que poderiam criar ídolos, simplesmente não aconteceram.

Ogata x Piamonti

Altamiro Cruz x Vladimir Zanca

Caio D´elia x Paulo Afonso

Douglas Brose x Diego Andrade

Ciça x Elaine Golubics

Rafael Aghayev x Gastón Gomez

Taniyama x George Kotaka

Valeria Kumizaki x Suellen Souza

Esses confrontos, que seriam verdadeira aulas de estratégia e pancada, ficaram apena na imaginação.

Uma tristeza...

OSS

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