terça-feira, 21 de setembro de 2010

VI Sulamericano JKA 2010

As equipes masculina e feminina de kumitê, com os técnicos Kazuo Nagamine (SP), Enobaldo Athaíde e Ugo Arrigoni.

Fernando, Rousimar e Bernardo, a equipe de kata do Brasil desde 2007

O cumprimento inicial entes da grande final de kumitê por equipes.


A equipe de kumitê: Paulo Afonso, César Cabral, Jayme Sandall, Wagner Pereira e Diego Andrade (de pé); o técnico Enobaldo Athaíde, Vladimir Zanca e Fábio Simões (agachados)



Nos dias 18 e 19 de setembro de 2010, aconteceu na belíssima capital paraense o VI Campeonato Sulamericano JKA.
O campeonato em si foi um dos melhores que já vi, apesar do calor intenso e abafado que assolou Belém nesses dias. Take Machida provou mais uma vez todo seu poder de organização e administração e conseguiu arquitetar um evento grandioso.
Além de um público impressionante que lotava as arquibancadas e torcia intensamente pelo Brasil, havia mídia local e até a SPORTV cobrindo o sulamericano, além de contar com a presença do campeão Lyoto Machida, que junto com seus irmãos – Chinzô e o próprio Take – fez uma apresentação primeiro do kata So Chin, e depois uma luta combinada onde Lyoto demonstrava o Shotokan aplicável no MMA. Show!
A única coisa triste foram as ausências de Rafael Moreira (RS) e Marina Brito (PA), ambos com o joelho operado, e em recuperação, e do fotógrafo oficial da JKA Wagner Silveira, que dessa vez, para tristeza geral, não pôde ir.

No feminino, mais uma vez, as mulheres deram espetáculo. No kata por equipes, Manuela Spessatto (RS), Aline Dotta (SP) e Maysa Luz (PA) conquistaram o título, deixando as uruguaias em segundo lugar. No individual, Aline Dotta ficou com a prata e Manuela com o bronze.
No kumitê por equipes feminino, Sônia Coutinho (PA), Maysa Luz (PA), Manuela Spessatto (RS, Daniela Baldini (BA) e Juliana Filgueiras (MG) venceram as fortíssimas argentinas na grande final. Manuela abriu a série, empatando uma luta difícil. Maysa entrou e não perdeu tempo: cravou 2 x 0 em menos de um minuto. Sônia então apenas administrou o empate contra a mais forte das argentinas, a alta Janete com seu kizami matador. No individual, final brasileira, com Manuela e Sônia. A primeira passou por uma uruguaia que batia muito no rosto, muito forte, enquanto Sônia - atual campeã brasileira – vencia por 2 x 1, de virada, a praticamente imbatível Janete. Na final, Sônia venceu Manuela, e o ouro e a prata ficaram em casa.

No kata masculino, Marcelo Monzòn (ARG) foi campeão, deixando Luís Fernando (PA) com a prata, por muito pouco. O aluno de Paulo Afonso fez um Unsu que quase levou o título na final. Rousimar Neves (MG) ficou em quarto lugar.
Mas Rousimar estava focado em conquistar outro título...
Comandando seus alunos – Fernando Macedo e Bernardo Marinho -, ele queria trazer o título inédito para o Brasil. E, com um So Chin de arrepiar eles conseguiram. Pela primeira vez o Brasil foi campeão sulamericano de kata por equipes! Parabéns para a equipe tetracampeã brasileira (2007, 2008, 2009, 2010).
No kumitê individual masculino os argentinos fizeram a festa, conquistando o título com Jorge Rivas (campeão em 2007 e 2009), deixando Gastón Gomes novamente com a prata, numa reedição da final do ano passado, e repetindo também a final do campeonato argentino de 2010. Três brasileiros ficaram entre os oito melhores: Wagner Pereira (SP), Fernando Macedo (MG), que venceu um chileno que era um dos atletas mais perigosos de toda competição, e Paulo Afonso, o ídolo paraense que a cada vez que pisava no koto levava o público ao delírio.
Mas a cabeça dos atletas estava no kumitê por equipes...

Como muitos dizem, essa categoria é o filé mignon das competições internacionais. Todo mundo quer vencer.
E a equipe chilena veio disposta a isso. Trazendo uma turma jovem com um jogo típico da WKF, com muita movimentação e uma velocidade incrível, eles atropelaram a equipe argentina, atual bicampeã, na semifinal. Enquanto isso o Brasil vencia o Uruguai na outra semi.
Seria muito difícil anular o jogo dos chilenos, que estavam muito fortes e concentrados em vencer o título mais cobiçado.
Mas a equipe do Brasil estava praticamente imbatível.

Desde o anúncio dos integrantes da equipe, no treino de sexta-feira, quando sensei Enobaldo Athaíde (BA) chamou pelo microfone, diante de toda a delegação, um nome de cada vez: “Vladimir Zanca, Wagner Pereira, Fábio Simões, Paulo Afonso, Jayme Sandall, Diego Andrade e César Cabral”. Um arrepio percorreu todos os sete, que depois juntaram as mãos e fizeram o grito de guerra: “um, dois, três... BRASIL!”
Os técnicos Ugo Arrigoni (RJ) e Enobaldo Athaíde, além de armarem uma estratégia perfeita, tinham a equipe nas mãos, com a confiança incondicional de todos os integrantes. Ninguém tinha vaidade ou desconforto de lutar em qualquer posição que fosse, ou mesmo ficar na reserva. Eles conseguiram unir ainda mais a equipe.
Finalmente chegou a hora. O ginásio lotado estava em silêncio quando os juízes mandaram perfilar para o cumprimento das duas equipes finalistas. Era a última categoria em disputa.

Entrei primeiro, na posição em que me sinto mais confortável, abrindo a equipe. Consegui dominar a distância e impor meu jogo, e cravei 2 x 0, entregando para o Wagner a responsabilidade de manter o Brasil na frente. O paulista de Pederneiras, integrante da equipe titular desde 2002, não deu chances para o rápido chileno, e venceu também. Era a vez de Fábio Simões, único brasileiro a jamais ter perdido uma luta no kumitê por equipes, na Seleção Brasileira. E não seria dessa vez ainda que ele iria perder. Venceu, e o Brasil sagrou-se campeão.
Mas ainda faltavam Paulo Afonso e Zanca. O paraense entrou focado, sem pensar que já estávamos com o título nas mãos. Para delírio da torcida, ele venceu o mais rápido dos chilenos, cravando 4 x 0 no placar. Era a vez de Zanca pegar o melhor dos chilenos, o mesmo que ano passado ficou em terceiro lugar no kumitê individual vencendo pelo caminho o poderoso argentino Cristian Salvemini. O rapaz entrou disposto a vencer uma luta ao menos para a sua equipe, mas o veterano brasileiro frustrou seu plano com um ashi barai logo de cara, fechando o tricampeonato brasileiro com chave de ouro: ipon!

Brasil tricampeão sulamericano de kumitê por equipes (2005, 2007, 2010).
Acredito que qualquer país que pisasse no koto contra nós naquele momento seria derrotado. O espírito de luta, a união, a técnica dos lutadores, e a presença marcante dos técnicos, mais o público empurrando, tudo isso fez com que nos tornássemos, naquele momento, imbatíveis.
OSS!

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns Sansei Jaime, nunca é facil enfrentar os gringos. De goleada na final de kumite por equipes, é um grande mérito. Oss!!!
João Barroso.

Rousimar Neves disse...

Meu amigo,
Já disse várias vezes, quando voce se aposentar de competições voce vai ser o editor chefe da JKA....rsrs... mas por enquanto como atleta está arrebentando... parabéns.
Abraço,
Rousimar.
Oss!!!