A polêmica cresce a cada dia, e com ela a rivalidade. Tenho visto em sites de discussão uma raiva crescente enre os praticantes de karate shotokan das diferentes federações, principalmente os do karate Tradicional e da JKA contra os da WKF.
Bem, meu karate de origem é o Tradicional, e desde 2001 tenho participado de competições e cursos pela JKA. Esse blog, inclusive, é voltado exclusivamente para o karate JKA.
Em minha opinião, essa briga é perda de tempo. Há atletas fabulosos em ambas as federações - vamos considerar a JKA assim, para simplificar, embora não seja. A JKA do Brasil é uma escola, não uma federação. Enfim, já vi atletas da WKF vencerem atletas da JKA e do Tradicional, assim como já vi o inverso acontecer. Essa discussão me lembra a velha história da melhor luta. Isso era moda anos atrás. Hoje em dia, graças ao vale tudo, é notório que não é a luta que ganha as competições de MMA, e sim o atleta mais completo, aquele que consegue aliar um bom jogo tanto em pé (seja com karate shotokan, kyokushin, muay thay, boxe, etc.) quanto no chão (jiu-jitsu, wrestling, luta-livre, etc). Nenhum atleta de vale-tudo, hoje em dia, seria louco de querer lutar sabendo única e exclusivamente uma luta, seja ela qual for.
Da mesma forma essa lógica se aplica às diferentes federações de karate. Quem venceria uma luta jamais poderia ser uma federação. Quando dois atletas lutam, não é a WKF que está enfrentando o Tradicional, ou a JKA contra a WKF. É, na verdade, o atleta "fulano" contra o "cicrano", e ponto final. O mais bem preparado, inteligente e corajoso vai sair vencedor. O mais forte, mais rápido, mais técnico vencerá, independente da federação que esteja acostumado a lutar.
As diferenças têm se aprofundado, sim, devido às regras, que têm ficado cada vez mais diferentes. Depois que a WKF acabou com os wazari, e passou a pontuar com ipon, nihon e sanbon, e tirou o limite de pontos para se vencer uma luta (ela só acaba no tempo ou se um dos lutadores abrir uma diferença de oito pontos), isso a afastou ainda mais da JKA e do Tradicional, cujas lutas terminam com dois wazari ou um único ipon (com exceção das finais individuais da JKA onde vence quem fizer quatro wazari ou dois ipon). Escrevo isso sem desmerecer a WKF. Apenas digo que essa regra afastou os lutadores das duas federações.
É um pecado que as regras estejam tão diferentes, pois assim o sonho de se ter um karate unificado, o que traria um número absurdo de atletas para as competições e elevaria o nível consideravelmente, fica cada dia mais longe. E essa raiva que cresce entre os praticantes das diferentes federações só serve para dividir e enfraquecer o karate. É uma pena.
Bom seria se todos se respeitassem mutuamente. Uns preferindo o jogo mais dinâmico e esportivo da WKF, outros gostando mais das lutas mais marciais da JKA, outros ainda se indentificando com a formalidade e o rigor do Tradicional. Cada um na sua, respeitando as diferenças e convivendo em paz.
Afinal, somos todos karate shotokan. Falamos a mesma língua.
sábado, 29 de novembro de 2008
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