Dentre as modalidades de competição dentro do Shotokan, acho que a mais difícil de todas é o kata por equipes.
Participei de várias equipes em diversas competições. Mas a que durou mais tempo foi a que formei junto com os irmãos Pestana (Roberto e Paulo). Juntos, competimos estaduais, brasileiros, um sulamericano (Brasil 2005) e um mundial (Japão 2004). Fomos campeões estaduais e brasileiros, vice sulamericanos e “Best Eight” no mundial do Japão.
A dificuldade começa pelos treinos: além das repetições exaustivas para aprimorar a técnica do kata – coisa que também se faz no individual – há o problema da sincronia. Por mais que os três atletas estejam tecnicamente muito bem, se não estiverem perfeitamente sincronizados, não vão conseguir bons resultados nas competições. Os treinos são cansativos tanto física quanto psicologicamente, porque geralmente cada um tem seu estilo, seu tempo de execução do kata, e isso tem que ser abandonado em prol da sincronia. Se cada um quiser manter seu ritmo individual, e quiser que os outros acompanhem, a coisa fica difícil. O ritmo do kata por equipes geralmente é diferente do individual. É um ritmo novo que os três terão que se adaptar.
Na hora da competição, é complicado também. No individual, você pode começar e terminar a hora que quiser. Pode entrar no kotô, cumprimentar, se concentrar por alguns segundos. No meio do kata, pode fazer determinado movimento mais lento, ou se houver qualquer equilíbrio, pode segurar a velocidade naquele determinado trecho do kata. Mas por equipes nada disso se aplica.
Há o atleta que comanda. E quando ele decide que é hora de começar o kata, os outros dois têm que seguir. Não há tempo para pensar, respirar fundo, esperar. É agora, sem desculpa. E se houver qualquer desequilíbrio por parte de um dos atletas, isso vai afetar toda a equipe. Imagine a pressão.
Por essas e outras devemos admirar esses atletas. Além do que é bonito de se ver uma boa equipe, bem treinada, fazendo um kata em perfeita sincronia.
OSS.
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