terça-feira, 10 de setembro de 2013

VIII Campeonato Sulamericano de Karate-dô JKA















Nos dias 07 e 08 de setembro, na cidade de Encarnación, Paraguai, foi realizado o VIII Campeonato Sulamericano de Karate-dô JKA.
Nesse ano, 284 atletas de 9 países se enfrentaram em busca dos títulos em jogo.
Apesar da distância e dificuldade de chegar à pequena Encarnación (nos reunimos em Foz do Iguaçú para, de lá, rodarmos seis horas de ônibus até a pequena cidade com pouco mais de cem mil habitantes. De onde estávamos, podíamos avistar do outro lado do rio a cidade de Posadas, na Argentina), esse foi um dos mais bem organizados sulamericanos. Mérito total do sensei Larossa e de todos os paraguaios, que se esforçaram para receber os atletas da melhor forma possível.
No dia 7 as categorias infanto-juvenis. A garotada mais uma vez demonstrou que tem grande qualidade técnica e controle emocional, principalmente nas disputas de kumite. Lutaram como gente grande.
No dia 8, o adulto.
No feminino, mais uma vez as brasileiras comprovaram que são a maior potência da América do Sul. Manuela Spessatto venceu o kata individual pela quarta vez, com um Gojushiho Sho que fica melhor a cada ano. Ela agora tem nada menos do que 10 títulos sulamericanos no currículo. Aline Dotta ficou com a prata, com Gojushiho Daí. No kata por equipes, perdemos por pouco para a Argentina, ficando com a prata. No kumite por equipes, infelizmente perdemos na primeira rodada para as donas da casa, que fizeram uma final emocionante contra as argentinas. Lideradas pela excelente Jeannette Castañeda, as argentinas ficaram com o título.
Jeannette, que no mundial de 2011 ficou entre as oito melhores do mundo, parecia imbatível, vencendo suas lutas de forma rápida e convincente. O título no individual seria questão de tempo...
...não fosse por uma brasileira que teimou em se colocar no caminho da hermana. Hannah Aires fez uma semi-final com cara de finalíssima contra a argentina. Venceu por 2 x 1 e fez a torcida brasileira vibrar mais do que na final por equipes no ano passado. Na final, ela atropelou a uruguaia e sagrou-se campeã sulamericana de kumite individual.
No masculino, como sempre um nível altíssimo e disputas de tirar o fôlego.
No kata individual, Rogério Higashizima foi o único brasileiro que chegou ao pódio, ficando com o bronze. Nas duas primeiras colocações, argentinos, que dominam essa categoria desde a primeira edição do sulamericano, em 2002. Marcelo Monzón repetiu o resultado de 2012, ficando com o ouro.
Por equipes, a excelente equipe de Barueri, do sensei Ruy Koike, ficou com a prata por muito pouco. A Argentina levou o título, com um Unsu muito bem executado.
No kumite individual, Diego Andrade e César Cabral estavam em dias iluminados. De um lado, o baiano despachava as pedreiras Marcelo Monzón (ARG) e Julio Silva (CHI), até parar em Rodrigo Rojas (CHI), que estava muito bem. Diego machucou seriamente o pé em sua terceira luta, contra Julio Silva, e lutou no sacrifício. Filho de quem é (sensei José Carlos), Diego provou que é um samurai, e mesmo sem conseguir sequer pisar no chão, fez a luta de quartas de final contra Rodrigo Rojas e não só lutou bem, como chutou mawashi geri com o pé machucado. Vi poucas pessoas com tamanho espírito de luta em minha vida.
Do outro lado, depois de chegar entre os oito melhores, Cabral venceu o temido Gastón Gomez (ARG) por 2 x 0, e depois atropelou Oscar Arancibia (CHI) na semi. Carbral foi o segundo brasileiro a chegar em uma final de kumite individual, depois de Jayme Sandall, ano passado. Na final, ele encarou Rodrigo Rojas, que eliminou em seu caminho, além de Diego e Jorge Rivas (semi-final), Jayme Sandall, na segunda rodada. Essa luta teve dois desempates, para só no terceiro sai shiai ser vencida pelo chileno.
Na grande final, com o espírito fortalecido depois de ter sido nocauteado pelo argentino Rivas na semi-final, e mesmo assim ter voltado e vencido o confronto, o chileno venceu o brasileiro.
Mérito desse excelente atleta, que atravessa grande fase. Parabéns ao nosso Cabral, que mais uma vez coloca o Brasil no pódio do kumite individual masculino, depois de Roberto Pestana (bronze em 2002), Fábio Simões (bronze em 2008 e 2009) e Jayme Sandall (prata em 2012).
No kumite por equipes, a rivalidade ntre os países chegou ao ponto máximo.
De um lado, a poderosa equipe argentina enfrentou Uruguai, e depois Chile, numa disputa equilibrada. Mas, com uma equipe muito forte e unida – e com o jovem Ramon Aguirre muito inspirado -, a Argentina chegou à final.
Na outra chave, de cara o Brasil pegou os donos da casa.
Com uma equipe renovada, o Paraguai veio para cima com tudo. Diego Andrade saiu da equipe por conta da séria lesão no pé (mesmo querendo lutar), e deu lugar a César Cabral, que se juntou a Jayme Sandall, Fábio Simões, Wagner Pereira e Rafael Moreira na equipe titular. Depois de lutas muito difíceis, a disputa chegou ao útlimo confronto com 2 x 2 no placar. Rafael Moreira não decepcionou, e venceu por 2 x 1 em uma luta parelha. Na semi, passamos sem problemas pelo Peru por 5 x 0 com direito a dois ipon.
Era hora da grande final. Mais uma vez, as duas maiores potências da América do Sul se enfrentariam na categoria mais importante, o kumite por equipes.
As arquibancadas estavam lotadas, e todos os olhos estavam fixos nas duas equipes que estavam perfiladas de lados opostos do koto. Dava para ouvir até a respiração dos lutadores que estavam se enfrentando, tamanho era o silêncio na hora das lutas.
Dessa vez, o resultado foi diferente do ano passado. Para euforia da torcida argentina, os hermanos venceram pela pequena vantagem de 2 x 1, e ficaram com o título pela terceira vez (2008, 2009 e 2013). Na equipe brasileira, destaque para Wagner Pereira, que venceu Gastón Gomez por 2 x 0, e para Fábio Simões, que empatou, e segue como o único lutador brasileiro a continuar sem derrotas lutando pela equipe do Brasil. Já são 12 lutas, sem nem uma derrota.
O mais interessante, entretanto, veio depois. Mesmo perdendo, a equipe brasileira foi o centro das atenções. Era engraçado ver muita gente querendo tirar uma foto com a equipe brasileira, e não com a argentina. Isso comprova as palavras do sensei Machida para a equipe, depois da competição: “os argentinos só estavam querendo tirar pontos. E vocês querendo lutar de verdade. Para mim, vocês foram os campeões”.
Esse foi nosso maior prêmio.
Parabéns a todos os atletas, que mais uma vez representaram o nosso país com honra.
OSS!

Nenhum comentário: