Sábado 18:30. Entramos na van do UFC que nos levou para o ginásio da American Airlines, em Dallas, Texas. Vitor ouvia música com o fone de ouvido, estava se concentrando.
No local do evento, fomos para a sala destinada para o nosso aquecimento. Vitor e mais 4 lutadores que entrariam no octagon naquela noite. O primeiro a ir deslocou o ombro no meio da luta, voltou gemendo de dor à sala. O segundo, Tyson Griffin, venceu, e levantou o ânimo na sala. Mas Frank Trigg e Martin Kampman perderam, e o clima pesou de novo. Ambos voltaram à sala logo após as derrotas, o primeiro resignado, e o segundo revoltado, gritando palavrões. Os dois com os rostos bem machucados. Olhei para o Vitor, mas ele estava na dele, focado.
Aquecemos de duas formas: Shawn Tompkins com aparadores e manoplas, no boxe, e eu com karate. Focamos em coisas que sabíamos que Rich usaria na luta, e ficamos repetindo o timing várias vezes. Pouco se falava.
Chegou a hora.
Fiquei muito, muito nervoso. Muito mais do que quando lutei o meu primeiro campeonato mundial, no Japão. E olha que eu estava nervoso pacas em Tóquio.
Meu estômago estava espremido, parecia que era eu quem ia lutar.
Entramos ao som de um rap, mas sinceramente nem escutei nada. Nem a música, nem os gritos do público. Nem olhei para as arquibancadas lotadas. Só via na minha frente o Vitor.
Ele estava muito concentrado, e depois de abraçar a mim, Shawn e seu amigo de longa data Cris Franco, subiu no octagon.
Eu continuava nervoso demais. Será que ele conseguiria colocar toda a sua velocidade em prática? Será que o timing que treinamos tanto sairia na hora "H"?
Rich veio aclamado pelo público. O "American Fighter" escolheu uma música do AC DC e incendiou a galera. Nas bolsas de apostas Belfort era o underdog. O azarão.
Com cinco segundos de luta, finalmente relaxei. O "azarão" logo mostrou que estava com um domínio de distância perfeito. Tinha a luta na mão.
Muito mais rápido do que Franklin, Vitor esperava o momento certo para dar o bote. Soltou um chute muito forte na perna do adversário, coisa que treinamos muito, e depois, num contra-ataque, partiu para cima com tudo o que tinha. Usou as mãos rápidas e o reflexo adquiridos em anos de boxe, e o timing do Shotokan. Resultado: venceu, e levou o prêmio de melhor nocaute da noite.
Na hora que Rich Franklin desabou, demorei alguns segundos para acreditar que tinha realmente acabado.
"Espera! Ainda não acabou!" gritei para o outro corner, enquanto ele comemorava. Eu estava enganado. Vitor já pulava no centro do octagon. Soltei um grito que foi tanto de felicidade quanto de alívio; depois de 35 dias, longe de casa, cansado, horas e horas de treinos na academia Extreme Couture, outras tantas no hotel em Dallas, depois de assistir tanto ao dvd com as lutas de Rich Franklin que já até sonhava com ele, finalmente o trabalho chegava ao fim.
O que começou com Vitor indo até Vinicio Antony e pedindo "me ensina karate", terminou com um nocaute indiscutível.
Vitor mostrou que o casamento Jiu-jitsu / whrestling / boxe / muay thay / karate shotokan jka, vai longe.
Na luta de média e longa distância, para o timing e o controle do espaço no octagon, karate Shotokan JKA. Para o in fight e o clinche, boxe/muay thay. Para o ground and pound, whrestling. E para a finalização, o jiu jitsu.
É claro que existem muitas outras combinações, mas particularmente acho essa muito interessante.
Agora é esperar pelo proximo adversário, e dar continuidade ao trabalho de Vitor Belfort com o mestre Vinício Antony.
OSS!
PS: o link abaixo é de uma matéria que saiu no site da TATAME baseado no texto acima:
http://www.tatame.com.br/2009/09/24/UFC--Treinador-de-Belfort-comemora-o-nocaute
No local do evento, fomos para a sala destinada para o nosso aquecimento. Vitor e mais 4 lutadores que entrariam no octagon naquela noite. O primeiro a ir deslocou o ombro no meio da luta, voltou gemendo de dor à sala. O segundo, Tyson Griffin, venceu, e levantou o ânimo na sala. Mas Frank Trigg e Martin Kampman perderam, e o clima pesou de novo. Ambos voltaram à sala logo após as derrotas, o primeiro resignado, e o segundo revoltado, gritando palavrões. Os dois com os rostos bem machucados. Olhei para o Vitor, mas ele estava na dele, focado.
Aquecemos de duas formas: Shawn Tompkins com aparadores e manoplas, no boxe, e eu com karate. Focamos em coisas que sabíamos que Rich usaria na luta, e ficamos repetindo o timing várias vezes. Pouco se falava.
Chegou a hora.
Fiquei muito, muito nervoso. Muito mais do que quando lutei o meu primeiro campeonato mundial, no Japão. E olha que eu estava nervoso pacas em Tóquio.
Meu estômago estava espremido, parecia que era eu quem ia lutar.
Entramos ao som de um rap, mas sinceramente nem escutei nada. Nem a música, nem os gritos do público. Nem olhei para as arquibancadas lotadas. Só via na minha frente o Vitor.
Ele estava muito concentrado, e depois de abraçar a mim, Shawn e seu amigo de longa data Cris Franco, subiu no octagon.
Eu continuava nervoso demais. Será que ele conseguiria colocar toda a sua velocidade em prática? Será que o timing que treinamos tanto sairia na hora "H"?
Rich veio aclamado pelo público. O "American Fighter" escolheu uma música do AC DC e incendiou a galera. Nas bolsas de apostas Belfort era o underdog. O azarão.
Com cinco segundos de luta, finalmente relaxei. O "azarão" logo mostrou que estava com um domínio de distância perfeito. Tinha a luta na mão.
Muito mais rápido do que Franklin, Vitor esperava o momento certo para dar o bote. Soltou um chute muito forte na perna do adversário, coisa que treinamos muito, e depois, num contra-ataque, partiu para cima com tudo o que tinha. Usou as mãos rápidas e o reflexo adquiridos em anos de boxe, e o timing do Shotokan. Resultado: venceu, e levou o prêmio de melhor nocaute da noite.
Na hora que Rich Franklin desabou, demorei alguns segundos para acreditar que tinha realmente acabado.
"Espera! Ainda não acabou!" gritei para o outro corner, enquanto ele comemorava. Eu estava enganado. Vitor já pulava no centro do octagon. Soltei um grito que foi tanto de felicidade quanto de alívio; depois de 35 dias, longe de casa, cansado, horas e horas de treinos na academia Extreme Couture, outras tantas no hotel em Dallas, depois de assistir tanto ao dvd com as lutas de Rich Franklin que já até sonhava com ele, finalmente o trabalho chegava ao fim.
O que começou com Vitor indo até Vinicio Antony e pedindo "me ensina karate", terminou com um nocaute indiscutível.
Vitor mostrou que o casamento Jiu-jitsu / whrestling / boxe / muay thay / karate shotokan jka, vai longe.
Na luta de média e longa distância, para o timing e o controle do espaço no octagon, karate Shotokan JKA. Para o in fight e o clinche, boxe/muay thay. Para o ground and pound, whrestling. E para a finalização, o jiu jitsu.
É claro que existem muitas outras combinações, mas particularmente acho essa muito interessante.
Agora é esperar pelo proximo adversário, e dar continuidade ao trabalho de Vitor Belfort com o mestre Vinício Antony.
OSS!
PS: o link abaixo é de uma matéria que saiu no site da TATAME baseado no texto acima:
http://www.tatame.com.br/2009/09/24/UFC--Treinador-de-Belfort-comemora-o-nocaute
3 comentários:
Parabens Jaime,
Vcs fizeram um otimo trabalho.
Coloquem o Karate do onde ele merece estar a muito tempo.
Abraço.
Jayme,
parabéns, pra vc e pro Vitor! Foi uma ótima luta, um lindo trabalho. E foi muito bom te ver lá no corner....
bjus
Lucienne
Realmente uma grande felicidade para nós do karate shotokan!Quando o victor ganhou a luta eu gritava e comemorava na janela como se fosse a copa do mundo!Um ótimo trabalho!Parabéns a todos vocês!
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